sábado, 26 de fevereiro de 2011

É O QUE É!

Li
Reli
Chorei
Vibrei
Sonhei
Pensei
Matutei
O que sei de tudo isso?
É poema?
É pó?
É palavra?
É pensamento?
É vida?
É poesia?
É o que sou!
É o que somos!
E o que somos  é ... ?
Ué!!!
Edison borba

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

MEU HERÓI

Todos nós, quando crianças, elegemos um personagem para ser o nosso herói. Eu não fugi a regra. Nossos escolhidos geralmente saem das histórias em quadrinhos, páginas de livros ou das telas de cinemas. São seres superdotados que voam, salvam vidas, fazem “coisas” incríveis muito além do que um homem comum poderia executar. Batman, Homem Aranha, Mulher Maravilha, Super Homem, Mulher Gato entre tantos povoam as nossas imaginações. Também temos os heróis do gatilho, os “mocinhos” que montados em seus cavalos salvam pessoas e ainda conseguem roubar o beijo da linda namorada. Passamos toda a nossa infância imaginando como deveria ser bom termos os super poderes desses heróis. Poucas vezes, elegemos um herói que esteja pertinho da gente. Alguém que podemos tocar e admirar sem precisarmos sonhar ao abrirmos o livro de histórias ou  estarmos no escurinho do cinema. Eu tive o privilégio de ter o meu convivendo comigo. Durante muitos anos, dividimos a mesma casa e a mesma escola. Brincamos  e muitas vezes silenciamos juntos. Ele sempre foi bom na pipa, no jogo com bolas de gude e nas brincadeiras de correr e pegar. Sem que ele soubesse, eu o admirava de longe quando  ficava envolvido com seus “gibis” ou lendo os livros de Tarzan.Ele nunca soube que eu o invejava. Ele lia com muita rapidez e a sua coleção  aumentava rapidamente, enquanto eu ia vagarosamente decifrando cada história. Na adolescência,  era o bom na matemática, muitas das minhas boas notas, foram conseguidas, graças a sua ajuda. Nas tardes dançantes era solicitado pelas garotas. Um famoso “pé de valsa”, título que ostenta até hoje. Nos passeios,  escolares era sempre o líder. Ajudando os companheiros e direcionando o grupo. Eu sempre de longe, o admirando sem que ele percebesse. Lembro dele fazendo ginástica e lutando para desenvolver um corpo perfeito. Confesso que sempre fui preguiçoso para exercícios físicos, o que fazia aumentar minha admiração. O tempo nos afastou e hoje, mesmo de longe eu ainda o admiro. Tornou-se um cidadão de bem, respeitado profissionalmente e excelente pai. Esse cara. Esse homem. Esse cidadão. Esse meu herói, chama-se Cesar e é meu irmão!  
Edison Borba

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

GOSTAR E AMAR

Quando criança, eu gostava de brincar, de comer doces, dos carinhos de minha mãe e das comidas da vovó entre tantas outras coisas.
Quando cresci e fui para a escola,  confesso que não gostava muito de estudar, mas de estar na sala com os colegas, isso eu gostava. Também das professoras eu gostava. Eram meigas e carinhosas, sempre com cheirinho de sabonete e mãos aveludadas que ao tocarem em mim, causavam uma sensação de conforto.
Na adolescência, continuei a não gostar de estudar, mas aprendi que ir para a escola era muito bom, eu gostava muito dos recreios, das conversas com os colegas durante as aulas, e também de alguns (apenas de alguns professores); e dos segredos que “rolavam” nos banheiros. Era muito bom “cabular” as aulas e ir passear de bonde. Eu gostava de me sentir livre, leve e solto. Gostava da cumplicidade que havia entre os meninos e dos sonhos que imaginávamos enquanto puxávamos as baforadas dos primeiros cigarros.
Gostar sempre foi um verbo que eu aprendi a conjugar. E descobri de quantas coisas eu gostava. A lista sempre foi muito longa ia dos sorvetes até ler revistas “proibidas” dentro do banheiro. Das histórias da vovó até pão com manteiga, aquele pão quentinho comprado na padaria da esquina. Gostava do cheirinho do café da manhã, de ver o anel de São Jorge, no dedo do meu pai, de brincar de pique, de ouvir minha mãe cantando enquanto lavava roupa no tanque. Há!!! Gostava de ir para a casa do tio Dionísio, de cuspir nas águas sujas do rio  Timbó, das tardes no cinema Trindade e de comer goiaba tirada do pé.
Lembrei de mais coisas de que eu gostava! De comer pipoca, de ir ao circo, de ouvir as músicas tocadas no rádio, de caldo de cana, da quenturinha do colo da minha mãe.
Gostava muito mesmo de ver os pingos de chuva no vidro quebrado da janela do quarto, de canjica, de lamber o fundo do prato, de refresco de groselha e das tardes de domingo.
Quanta coisa na minha vida para gostar. Quanta coisa que eu gostei de gostar. Quantos gostares perdidos nas minhas lembranças . Dos discos que comprei na adolescência, da voz da Doris Day, dos filmes musicais, do leão na tela do cinema rugindo e avisando do começo do filme. Gostei de tantas coisas ... de tanta gente ...
Um dia percebi que estava gostando diferente. Era um sentimento estranho que eu nunca havia sentido. Era algo que me fazia sonhar. Era um gostar chamado amor, e então o verbo mudou e passei a amar.
Amar pessoas, amar meu trabalho, amar meus amigos, amar passou a ser o meu verbo preferido, até um dia em que amar se tornou sofrer. Gostar era mais fácil. Gostar ou não gostar eram situações muito simples. Mas amar era mais complicado, mais complexo, mais difícil, mais ... nem sei mais o que mais ... sofrer! Isso mesmo; aprendi que o verbo sofrer era parceiro do verbo amar.
Mas depois que se aprende a conjugá-lo, é difícil voltar ao antigo verbo gostar. Torna-se uma necessidade conjugá-lo no presente, no passado, no futuro, nos pretéritos, no singular e também no plural.
Amar e gostar! Gostar e amar!
Gostei e ainda gosto de muitas coisas e pessoas. Porém, amar tornou-se o meu verbo preferido, mesmo correndo os  riscos que ele oferece.
No passado: amei. Fui  amado. Amei! Mas fui amado quando amava? Não sei ...
O verbo amar quando é conjugado no singular, torna-se um perigo. Eu amo! Sim, e daí?
De que serve um amor isolado? Para que serve um amor solitário e sem resposta?
Estou amando! Eu amo, hoje! Agora! Neste momento! Nesta hora! Neste minuto! Neste segundo!
Eu amo você! Ah!!!  Eu amo!
                                                                                       Edison Borba
                                                                                      

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

PELAS RUAS DO MEU BAIRRO.

Após um dia de trabalho, chego ao meu apartamento cansado e empoeirado. Um banho, uma pequena refeição e sinto-me refeito. Espanto a preguiça e o cansaço. Saio para caminhar pelas ruas do meu bairro.
Eu que passei todo o dia, numa escola lendo, escrevendo, telefonando, atendendo alunos e colegas, ouvindo histórias, partilhando alegrias e tristezas, preciso sair para relaxar.
Estamos em pleno outono. As árvores deveriam estar com as folhas amareladas,  como vemos nos postais europeus. Mas, estou no Brasil, no Rio de Janeiro, e aqui aprendemos as estações do ano, conferindo no calendário e nas aulas de geografia. Mas isto não é importante! O que eu quero é caminhar e observar como o meu bairro é arborizado e tranqüilo. Um oásis nessa cidade tão linda e barulhenta.
Subo a  General Dionísio e dobro  Visconde de Caravelas protegido por uma infinidade de galhos das poderosas árvores que teimam em resistir à poluição. Imagino os pássaros em seus ninhos e tento não fazer barulho para não incomodá-los.
Entre  edifícios de apartamentos, antigas casas dão um toque especial àquelas ruas. Imagino os tempos sem prédios altos quando as casas abriam suas janelas e varandas diretamente para as ruas. Continuo meu passeio e uma mistura de vozes informa que estou na Capitão Salomão. São grupos alegres, reunidos em torno das mesas dos bares Aurora e Plebeu, que aproveitam a noite agradável para filosofarem embalados pelo chope gelado e alguns petiscos. Mesa de bar, como afirmou Gonzaguinha, é o mais democrático lugar do mundo. Em torno delas são resolvidos os mais incríveis problemas sociais. Mágoas são reveladas e dores de amores sanadas por caipirinhas. Os analistas deveriam abolir os sofás e colocarem em seus consultórios as mesas de bar. Acredito que as terapias iriam se tornar mais eficazes! Desculpem meus amigos terapeutas, mas  quem nunca chorou as mágoas  num boteco? O meu bairro é um verdadeiro canteiro de bares e restaurantes que se  alastram por muitas esquinas. Garçons circulam rápidos com suas lindas bandejas enfeitadas por tulipas, contendo um amarelo, espumante e brilhante líquido, nosso querido chope.
Continuo caminhando, sentindo a brisa suave que toca meu rosto. Sigo sem medo. Vagarosamente. Imaginando o que estará acontecendo em cada lar. Televisões ligadas, jantares, conversas, segredos, crianças, pessoas se amando. Quanto mistério!
Atravesso a Voluntários, e estou diante da Cobal! Durante o dia um grande canteiro de frutas e flores. Uma mistura de cheiros e cores. As orquídeas, as bananas, os lírios e as laranjas. Um incrível pomar ajardinado povoado por homens e mulheres que compram e vendem numa anarquia organizada que me embriaga. À noite, reina o silêncio.
Meu querido bairro, outrora povoado pelos grandes casarões, ainda guarda um pouco daquele tempo. Existe nele  fidalguia e elegância deixadas por  homens de cartola e mulheres perfumadas que farfalharam suas saias pelas antigas e arborizadas ruas do Humaitá.
                         Edison Borba