terça-feira, 29 de novembro de 2011

DIA SEGUINTE

Cabelos desalinhados.
                                               Olheiras profundas.
                                               Boca seca.
                                               Uma forte dor de cabeça!
                                               Lembranças ...
                                               Wisky ... martinis ...
                                               Quantos?
                                               Wisky’s ou martinis?
                                               Azeitonas foram muitas!
                                               Os martinis?
                                               Com gelo?
                                               Muitas pedras!
                                               Mas o wisky?
                                               Os copos? Vários!
                                               Garçom? Apenas um!
                                               A noite? Uma,  somente uma!!
                                               Horas?
                                               Eram ... 22h !
                                               Depois ...  3h!
                                               Mas o garçom era o mesmo!
                                               O wisky? Era o mesmo!
                                               As doses? Essas não contei!
                                               E os martinis? Brancos ou doces?
                                               Alguns!
                                               As taças eram lindas!
                                               E as azeitonas verdes!
                                               As luzes do bar coloridas!
                                               As garrafas brilhantes!
                                               Música?
                                               Sim, havia uma voz ... um piano ...
                                               Essa dor de cabeça ...
                                               Essas olheiras ...
                                               A boca seca!
                                               Foram as azeitonas!
                                               E os wisky’s?  E os martinis?
                                               Não sei ... alguns ...
                                               E a noite ... apenas uma!
                                               E o amor?
                                               Não sei!
                                               Igual  azeitonas!
                                               Sobrou apenas caroço!
                                               E essa dor de cabeça!
                                               O garçom foi o mesmo!
                                               Fiel  até a última dose.
                                               E os martinis?
                                               E os wisky’s?
                                               Ah! Essas olheiras!
                                               Essa boca seca!
                                               Essa dor de amor!

 Edison Borba

                                                            

DANIEL

Há muitos e muitos anos, nascia o profeta Daniel, “aquele que é julgado por Deus”. Escolhido pelo rei pela sua inteligência e aparência se tornou respeitado pela sua sabedoria.
Há alguns anos, nascia um Daniel brasileiro. Como o que está na Bíblia, também se tornou respeitado pela sua inteligência, ética e profissionalismo.
Daniel, o antigo, deixou sua história e suas “histórias”; no Livro dos Livros”.
Nas páginas bíblicas podemos mergulhar em registros contendo narrações sobre a saga deste profeta.
O brasileiro, o Daniel paulista, ainda está escrevendo a sua história. Ao completar mais um aniversário, ele continua escrevendo um belo livro, tão rico quanto às vividas pelo “outro” o bíblico.
Os dois se misturam em suas andanças pelas terras da  Babilônia, São Paulo, Síria e Rio de Janeiro. Nesta caminhada pela vida, realizaram sonhos, fizeram amigos e se fizeram respeitados buscando na liberdade a meta para as suas conquistas. Protagonistas de interessantes acontecimentos, os dois são autores de belos contos no livro de suas vidas.
Do profeta Daniel, eu sei apenas o que está escrito na Bíblia, mas quanto ao outro, o brasileiro, eu tenho o privilégio de estar na lista de seus amigos.
Hoje, 29 de novembro, dia do seu aniversário quero parabenizá-lo. Cumprimentá-lo pelo recomeço de mais um ciclo de vida.
Sua história, tão rica de amores, amigos, lutas e conquistas, ainda terá muitos e muitos belos capítulos.
Continue firme na busca pelos seus sonhos! Não desanime diante dos obstáculos! Acredite na ética e na justiça!
Tenha certeza que o amor sempre vence!
Convido  os amigos de todo o mundo, a se juntarem para cantarmos nos mais diferentes idiomas um forte e alegre “PARABÉNS DANIEL”!  Seja feliz! Sucesso sempre!
Abraços do Edison Borba





AS BARBAS DO PRESIDENTE

Barbas, bigodes e cavanhaques sempre foram  marcas na nossa política. Homens austeros ostentando fartas barbas e respeitáveis bigodes  fizeram e ainda fazem a alegria dos cartunistas e chargistas. Retratados das mais diversas formas, se tornaram figuras populares e conhecidas em todo o mundo. Longas e grisalhas davam aos seus “donos” a austeridade que o cargo exige.
Deodoro da Fonseca foi o que ostentou a maior barba, seguido de Prudente de Morais, sendo  Lula o mais novo  herdeiro desta linhagem.

No quesito  bigode e cavanhaque, Campos Sales é o grande vencedor, apesar de Rodrigues Alves e Afonso Pena serem bons concorrentes. Os bigodes provavelmente são herança dos nossos irmãos portugueses, que encontraram no Brasil, um grande número de fiéis seguidores.

Sarney é o campeão neste item deixando Epitácio Pessoa e Washigton Luís com os segundo e terceiros lugares. Porém, Jânio quadros fica com o prêmio de bigode especial. O homem da vassoura exibiu por pouco tempo um interessante e bizarro bigode. Talvez esse tenha sido o presidente que mais colaborou para a alegria dos desenhistas. Bigode, óculos e vassoura lutando contra a rinha de galos. Uma festa!

Não há como deixar de registrar o topete do Itamar. De cara bem barbeada, teve no cabelo o centro das atenções populares. Nem a falta da calcinha de sua acompanhante fez tanto sucesso entre os jornalistas.

Os caras raspadas,  tiveram em Getúlio Vargas o seu mais ilustre representante. O baixinho foi o primeiro a mostrar a cara. Rosto redondo e dono de uma oratória extremamente convincente; levava o povo ao delírio, com o seu tradicional “Trabalhadores do Brasil!”

Nesse grupo, a lista é bem grande, além de Vargas e Juscelino destacamos  Jango e Collor. Interessante observar que entre  os “barbeados”, estão os mais conquistadores. Diversas histórias de amor proibido, envolvendo esses nobres senhores com cantoras e atrizes entre outras senhoras da tradicional sociedade brasileira fazem parte do imaginário popular.

Entre barbas, bigodes,  cavanhaques e caras raspadas,  um rosto diferente ocupa o Planalto. Batom, base e perfume trouxeram outra visão para a presidência, um rosto de mulher. Nem barba nem bigode, agora o que temos é maquiagem e a presença feminina. Esperamos que a nova face traga  nova fase para o  país. Mais perfume e encantamento para o povo. Que a “maquiagem” seja apenas um artifício para o rosto da presidente e não uma forma para enganar a população.
Foi com pesar que acompanhamos o ex presidente Lula perder a sua  barba e  bigode. Uma sensação de estarmos diante de outro homem. Um Sansão sem a sua força. Fica difícil discutir problemas sindicais ou questões políticas, com esse novo rosto do Lula.  Como criticar ou aplaudir um homem, sem a sua marca.  Falta identidade. Alguma “coisa” de muito especial deixou de existir.  Esperamos que logo a barba do Sr. Luis Ignácio Lula da Silva, volte a cobrir o seu rosto e que ele possa criar  polêmicas com a sua inconfundível forma de falar. Com erros e acertos, Lula é um brasileiro; e políticas à parte; estamos torcendo por ele.



Edison Borba

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

APENAS UMA HISTÓRIA

É difícil contar a trágica história desse homem. Acredito que a palavra solidão possa ser usada para entendermos o seu drama. Não se trata da solidão do solitário,  ele era um cidadão trabalhador e cresceu rodeado de pessoas. Irmãos, amigos, colegas de escola e quando adulto, os companheiros de trabalho. O seu sofrimento cresceu com ele e se tornou um grande fantasma em sua vida. Talvez possamos comparar a sua trajetória, com a dos que sofrem diante dos espelhos.  Acreditando apenas  na imagem refletida, não conseguem ver nada mais do que distorções estéticas. Aceitam a cruel sentença imposta pela maldição do espelho, não  liberam o que de belo existe dentro de seus corações.
Fogem do convívio social, tornam-se solitários e dessa maneira, são facilmente envolvidos pela solidão. Acredito que foi exatamente o que aconteceu com Douglas.
Na infância foi  um menino diferente. Tinha os dentes proeminentes, que o fizeram receber o apelido de dentinho. Apesar disso, cresceu como todo garoto: empinando pipa, rodando pião e jogando bola. Na escola nunca foi brilhante, mas conseguia ser aprovado. Em casa, com seus irmãos mostrava-se gentil e carinhoso. Ainda que sofresse com o seu defeito na arcada dentária, era um menino dócil.
Cresceu carregando, no fundo de sua alma, as marcas das brincadeiras com que os colegas sempre o atingiram: dentinho! dentinho!
Aparentemente era um homem tranqüilo, porém estava sempre sozinho.
Quando alguma mulher tentava se aproximar, ele se afastava. Inventava histórias para justificar sua solidão. Aquele homem jamais tinha dado um beijo em toda a sua vida.
O tempo foi passando e ele vivendo uma vida sem graça. Dentinho! Dentinho! 
Palavras que ainda ecoavam dentro da sua cabeça, fazendo doer o peito.
Todas as manhãs, quando se olhava no espelho, sentia uma grande tristeza. Mesmo com belos olhos e um cabelo claro, quase louro, ele não conseguia ver nada de bonito no seu rosto.
Afastou-se da família. Não cultivava amigos. Apenas companheiros de trabalho, que ele descartava logo após o expediente. No refeitório refugiava-se na última mesa, procurando sempre comer com o rosto voltado para a parede.
Um dia ele não apareceu na fábrica. Seus colegas estranharam, pois  sempre foi um dos mais pontuais entre todos os operários.Após uma semana,  os vizinhos perceberam que havia um odor estranho vindo de sua pequena casa.
Chamaram a polícia.
Ao abrirem a porta, o encontraram caído no chão e com a boca aberta. Ao seu lado, um alicate. Dentro de uma lata estavam seus dentes. Pela primeira vez, banguela e já com o corpo rijo e arroxeado, ostentava um sorriso de felicidade.
Do livro – DOIS EM CRISE – de Edison Borba
Editora All Print / SP – 2010.
                                     


domingo, 27 de novembro de 2011

ESTRELAS

Novelas são feitas de pequenos momentos. Muitas vezes, ficamos aguardando para que brilhe uma estrela. No emaranhado de textos; longos e complicados e uma grande diversidade de personagens fica difícil destacar esse ou aquele desempenho, mas quando acontece, ficamos de plantão, aguardando que o ator ou atriz surgirem na nossa telinha.
Há tempos que esses momentos, tem sido um privilégio de mulheres, atrizes ou estrelas. Apesar de muitos atores brilharem e se destacarem nos folhetins, a maioria dos bons momentos estão nas mãos femininas. Existe um matriarcado no mundo teatral.
O mundo dos “noveleiros” ficou marcado pela presença de Kassia Kiss Magro. Durante muito tempo, a Dulce, viverá nas nossas mentes. Esse personagem nasceu, cresceu e nos envolveu. Era real. Tinha corpo e alma. Na tela, Kássia era Dulce no gestual, na fala, no rosto, nas expressões, no talento. Uma cena valia o capítulo. Os atores e atrizes, seus parceiros, ganhavam brilho ao lado da Dulce. Aos poucos, a estrela maior entre todo o grande elenco era apenas uma. Até a última gravação ela nos emocionou as lágrimas. Gotas de grande dramaturgia; nos capítulos da novela Morde e Assopra.


O mundo televisivo não pode parar. Sai história entra história. Mudam atores e atrizes e novamente ficamos a espera de encontrarmos mais um bom desempenho. Surgem os personagens e aos poucos vemos surgirem os mais variados estilos de interpretação. Ficamos aguardando que apareça aquele momento, aquele personagem, aquela estrela ou astro.
Eva nasceu de Ana Beatriz Nogueira. Mãe possessiva, enlouquecida e apaixonada pela filha. Uma mistura de sentimentos. Ana nos atraia quando nos irrita. Nos emociona, quando se descontrola. A odiamos quando humilha uma das filhas. Nos prende diante da tela na expectativa dos sentimentos que irão arrebentar. Novamente uma grande estrela. Um mulher fascinante. Ana Beatriz Nogueira transforma-se em megera para renascer como mãe dedicada. Atriz que impõem sua interpretação valorizando cada palavra do texto. Quando a câmera focaliza apenas o seu rosto na telinha, nos impressiona o que essa mulher consegue transmitir, mesmo quando a cena é só expressão.
Grandes momentos numa novela singela e doce, com momentos de grande sensibilidade. O conjunto de artistas faz um trabalho bastante homogêneo. As cenas externas são verdadeiros postais do belo sul do Brasil.
Nesse mundo encantado das telenovelas, brilha uma grande estrela Ana Beatriz Nogueira.
Edison Borba






sábado, 26 de novembro de 2011

PAREDES

                        Quatro paredes  cinzas.

                        O teto e o chão.

                        Meus pensamentos.

                        Meus pés no chão.

                        Minha cabeça no teto.

                        Eu e as paredes

                        Silêncio...

                        Tristeza ...

                        Vazio ...

                        Sombras ...

                        Eles chegam.

                        Me abraçam.

                        Eles saem.

                        Eu fico.

                        No quarto cinza.

                        Espero ...

                        Ninguém fica.

                        Amores efêmeros.

                        Eu continuo no quarto.

                        Na cama.

                        Na solidão.

                        Apenas lembranças.

                        A porta se abre.

                        Sorrisos.

                        Afagos.

                        Estou feliz.

                        O quarto ficou azul!
                                            Edison Borba

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

ENTENDENDO AS ESTATÍSTICAS

No momento em que o Rio de Janeiro  é acusado de fornecer dados suspeitos, quanto a redução das taxas de criminalidade, lembrei de uma pequena história, contada por um professor de Estatística, durante uma de suas aulas.
-“O jornal de uma pequena cidade publicou a seguinte nota: 100% dos médicos da nossa cidade morreram na manhã de hoje”.
A notícia criou um grande impacto nos leitores. Após algumas pesquisas, descobriu-se que a tal cidade só tinha um médico. Exatamente isso: um médico apenas. Logo um equivale a 100%. Portanto com a morte dele, podemos considerar que todos faleceram, isto é, 100%.
Desde que ouvi essa “historinha”, os dados estatísticos, diariamente publicados em jornais, revistas e telejornais, me deixam em dúvida.
Em apenas um dia, temos que conviver com dezenas de informações cifradas, num código estatístico. Essa linguagem construída por pesquisadores, sociólogos, estatísticos e matemáticos são misteriosas para a população em geral.

Os indicadores são complexos para a nossa simplória capacidade de lidar com esses números cifrados. O ouro varia em 0,05% . Como entender essa informação?
O percentual de morte no trânsito foi um pouco menor que 2,6%. Quantas pessoas morreram? Numericamente falando não sabemos se essa quantidade é grande ou pequena. Falta-nos referenciais.
O governo aumenta em 22% as verbas para o tratamento do câncer. Quanto em dinheiro o governo vai liberar?
As taxas de juros e seus percentuais nos deixam atônitos, confusos e sem condições de entender os seus verdadeiros sentidos. Essa linguagem, tão bem administrada por um grupo da área da economia, me faz lembrar a “historinha” contada pelo meu professor.
A taxa das uniões estáveis aumentou em 46% relação aos casamentos formais. Essa tá fácil de entender.
A Câmara de SP aprova reajuste de 61% a vereadores. Essa é enlouquecedora, porque sabemos que o salário desses Senhores é percentualmente bem maior que o salário mínimo.
E assim de percentual em percentual, vamos sobrevivendo e acreditando que a taxa de mortalidade caiu juntamente com da natalidade. Dúvida: como ficará a população mundial?
Nosso time tem 68,03% de chances de ganhar o jogo. O quefazer diante desse prognóstico?
Gravidez na adolescência. Uso de drogas. Ganhar na loteria. Divórcios. Tantas informações cifradas nos deixam perdidos nesse cifrado mundo.
É comum ouvirmos numa entrevista que – esse será mais um a ser colocado nas estatísticas da vida ou da morte.
Estatísticamente falando, o percentual dos leitores desse blog, terá um aumento de quanto?

Edison Borba
  


                  

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

MANÉ GARRINHA

Numa cidade encantada chamada Brasília, onde o leite jorra das fontes e nas árvores as frutas brotam abundantemente, aproveitando um momento de ócio, “alguém” teve a brilhante idéia  de trocar o nome do estádio de futebol.
Realmente, trata-se de um assunto extremamente sério. A Copa do Mundo está próxima e precisamos resolver questões de interesse nacional.
Como estamos falando da TERRA PROMETIDA, onde problemas não existem. No lago da cidade os peixes são tantos que a população não consegue consumir todo o pescado. O dinheiro corre pela cidade onde não há miséria. Todas as crianças daquele território estão alfabetizadas e não há o fantasma do desemprego. Drogas? Eles nem sabem o significado dessa palavra.
Talvez, por viver em local tão paradisíaco que esquecer o nome MANÉ GARRINHA, não foi difícil. Quem terá sido esse tal de Mané? Foi algum “mané” na expressão “chula” que esse nome pode ter?
Vamos lembrar aos esquecidos que no Céu do Brasil, brilha uma estrela solitária, a mesma que maravilhou o mundo na camisa desse talentoso homem. Com as pernas tortas,  levou ao delírio multidões que lotavam os estádios de futebol, apenas para se deliciarem com seus lindos passes e jogadas fantásticas.

Lembrando:  Mané Garrincha, nasceu Manuel Francisco dos Santos, no município de Magé, no estado do RJ, em 1933. Faleceu em 1983. É até hoje, considerado o maior driblador da história do futebol. Apelidado de “O Anjo das Pernas Tortas”, foi um dos destaques na seleção brasileira nas Copas de 1958 e 1962.
Sua vida particular, não teve o mesmo brilho que a sua vida, como jogador de futebol. Homem simples não soube administrar a fama. Talvez uma das suas marcas tenha sido a ingenuidade para lidar com o mundo “profisional” que envolve os grandes ídolos.
Mané Garrincha é um exemplo de jogador arte. Pode não ter feito mil gols, mas fez milhões de corações vibrarem com as suas incríveis jogadas.
Vestindo a camisa canarinho ou com a estrela solitária do Botafogo, Garrincha era encantamento, da mesma forma que o pássaro Troglodytes musculus, conhecido em alguns lugares como Garrincha, que emprestou seu nome para o nosso grande jogador. Ave brasileira de canto bonito, dizem até que é parente do não mais famoso uirapuru.
Que as vozes se levantem e os pássaros cantem, para alertar aos “senhores”, que o Estádio de Futebol MANÉ GARRINCHA, não pode ter o nome modificado. Se existe preocupação em divulgar o nome da nossa Capital, podem ficar tranqüilos, pois Brasília é internacionalmente conhecida como a Terra da Fantasia ou Terra Prometida, ou será “comprometida”?

Edison Borba






terça-feira, 22 de novembro de 2011

COMPLEXO DE VIÚVA

Hoje dia 22 de novembro, na comunidade da Maré, mais uma mulher passará a ostentar o título de viúva. Como as mães da Praça de Maio (Argentina), as da Praça da Sé (São Paulo) e as da Cinelândia (Rio de Janeiro), a quantidade de viúvas brasileiras aumenta em progressão geométrica.
Mulheres de todos os tipos e classes perdem seus maridos, amantes, namorados e companheiros das mais variadas formas. Acidentes de tráfego ou acidentes no tráfico. Balas perdidas que acharam corpos. Caídos de andaimes em que se balançavam nas construções, ou simplesmente na luta diária pela sobrevivência. Essas mulheres como as de “Atenas” se vestem de preto e choram lágrimas de sangue.
Sonhando com seus heróis, viverão das lembranças dos momentos em que se perfumavam e se despiam para os encontros de amor.
Diante dos corpos, permanecem firmes e apesar das lágrimas não se ajoelham e nem imploram, apenas choram.
Mulheres, apenas mulheres; não importa se seu amante era soldado ou traficante. Trabalhador ou desocupado. Guerreiro ou covarde. Eram seus homens!
Mulheres viúvas não tem mais sonhos só presságios, cuidarão dos filhos e da casa. Assumirão duplos papéis. Rezarão novenas entregando aos seus santos ou orixás as suas penas.
Sublimarão seus desejos no trabalho e na luta pela justiça. Viverão das lembranças das noites de carícias e da espera por aquele que não voltará jamais.
Nas comunidades são símbolos de uma guerra sem fim.
Não tecem longos bordados, mas trabalham para sustentar seus filhos. Algumas viúvas grávidas carregam suas barrigas órfãs pelas ruas, como troféus das modernas guerras deste novo século.
Hoje, mais uma mulher receberá o crachá de viúva. Essa será a sua nova condição social. Como herança, dois filhos menores. Uma arma. Um tiro. Uma bala. Um homem morto. Uma viúva. Dois órfãos. Mais uma mulher, que caminhará pela vida carregando em seu peito o complexo de viúva...

Nota: O Complexo da Maré é constituído por farias comunidades, numa região à margem da baía de Guanabara, que primitivamente era constituída por manguezais. Atualmente, existem em torno de 16 comunidades, compondo todo o Complexo, com uma população de mais de 130 mil moradores.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas
As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
As suas novenas
Serenas


SALVE CHICO BUARQUE DE HOLANDA!




segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SUCESSO PERIGOSO

Dizem que fazer sucesso é algo muito perigoso. É igual à bebida alcoólica, sobe para a cabeça e faz o usuário perder a noção do que é certo e do que é  errado. Vivemos num momento em que o físico, as roupas, a estampa está sendo muito mais valorizada do que sentimentos éticos de respeito ao próximo. O aprendizado social e educacional está sendo exercitado nas academias. A musculatura e os bumbuns estão sendo os cartões de visitas. Obrigado, por favor, com licença estão desuso. Agora o que interessa são as esteiras, os aparelhos e a fina estampa. Nesse caso “fina” é sinônimo de peso e não de “finesse”, gentileza e respeito ao próximo. Ficamos tristes e apreensivos quando os jornais e revistas publicam maus tratos sofridos por profissionais que atuam junto aos famosos. Cabeleireiros, manicures, maquiadores, costureiros além de outros que colaboram para que os astros e estrelas fiquem lindos e famosos e receberem muito dinheiro, são  seres humanos e precisam de respeito. Não estou querendo criticar, estou apenas fazendo uma reflexão sobre o que foi publicado na mídia. O que é ser verdadeiramente famoso? O que significa ser uma estrela? O que significa ser um astro?  Que papel se representa no palco? E na vida? É preciso não misturar personagem e ficção com realidade. Se na telinha, existe benevolência para com algumas atitudes bizarras vividas por “seres” imaginados pelos escritores, na vida real é diferente. Os direitos humanos, o respeito e a igualdade precisam e devem ser acatadas. Humilhar e ofender como se fosse uma cena teatral, não pode ficar impune. É preciso punir quem agiu dessa e forma e quem não permite que a vítima use de meios legítimos de defesa, também. Como voltar a assistir uma novela; sabendo que aquele ator ou aquela atriz, se coloca acima do bem e do mal? Como voltar a sintonizar um canal em que se permite que nos camarins, pessoas sejam destratadas e tudo fica como se nada tivesse acontecido? As grandes campanhas perdem muito do seu valor, quando pequenos atos minam as bases dos relacionamentos. Fica uma pergunta: se tivesse sido ao contrário – a funcionária tivesse sido mal educada com o famoso ou a famosa – ficaria tudo da mesma forma? Como as leis e regras são aplicadas? O que vale para um não vale para o outro? A vida saberá responder  a essas perguntas. Sucesso é efêmero. Dinheiro é finito. Glamour acaba com a idade. Respeito se conquista! Talento não se compra! Sucesso é resultado de um trabalho sério e ético. Que pena que tenha que ser assim! As estampas que parecem ser tão finas não passam de maquiagem, que derretem com qualquer gota de chuva.
Edison Borba

domingo, 20 de novembro de 2011

CONSCIÊNCIA SEM COR

Cada vez mais, precisamos desenvolver a consciência da diversidade. Cada ser vivo é biologicamente único. A recombinação genética se encarrega de manter a individualidade em todas as espécies. É essa diversificação que faz a vida ser interessante.
Nós humanos, somos os mais resistentes a essa maravilhosa condição. Nos dividimos em grupos e tentamos imaginar condições de superioridade e inferioridade. É lamentável que o desenvolvimento neurológico, que nos permite pensar, imaginar e sonhar esteja a serviço da produção das desigualdades.

Grandes tragédias na história da humanidade aconteceram e ainda continuam a acontecer em função dessa maneira distorcida de ver o mundo. Todos nós precisamos do direito de ser o que somos na cor, religião ou sexo. O direito de ser e de escolher é universal e irrevogável.

O Dia Nacional da Consciência Negra – 20 de novembro – deveria ser o dia internacional da consciência das diversidades.

É da diferença que nasce a beleza e o encanto. Homens e mulheres das mais variadas cores convivendo harmoniosamente. Trocando saberes e culturas, permitindo o enriquecimento da humanidade. Grandes homens e mulheres existem em todos os lugares do mundo. Heróis e heroínas que se destacaram por acreditarem em seus sonhos.

Zumbi, o homem dos Palmares, um herói brasileiro que sonhou e lutou contra a opressão. Não a escravidão! Todos nós somos iguais perante a lei! Nenhum homem tem o direito de tirar a liberdade de outro.


Precisamos lutar sempre pelos direitos humanos – negros, brancos, índios, amarelos ou qualquer outra cor de pele não pode servir para discriminar.

Temos que ter consciência e orgulho da nossa condição humana. Mulheres e homens que lutam pela ética de um mundo mais justo e com igualdade de direitos para todos. Um mundo que não precise de cotas ou de leis para dar direito a quem de direito.

Que Zumbi dos Palmares possa nos servir de inspiração para que o nosso mundo seja um grande arco-íris sob o qual todos possam viver felizes para sempre.

Edison Borba


sábado, 19 de novembro de 2011

BANDEIRAS

Por que um pedaço de pano colorido nos provoca sentimentos tão profundos?  Por que esse simples objeto, pendurado em um mastro nos faz chorar?
Pano, cores, legendas e figuras tudo isso reunido tem um significado extremamente sutil e forte. Nos trás lembranças e nos faz pertencer a um clube, a uma religião ou a uma nação. Quando estamos diante de uma bandeira, da nossa bandeira, não estamos sozinhos. Onde ela estiver lá estará sonhos, sentimentos, crenças de um mesmo grupo.
Hoje, 19 de novembro, é o dia da Bandeira do Brasil República. Instituída quatro dias após a Proclamação da República, substituiu a Bandeira do Brasil Império.
Nas escolas, aprendemos que, cada pavilhão tem significados especiais para cada povo. Através dele cada nação será identificada. A bandeira brasileira tem o verde das nossas matas, o amarelo significa riqueza (ouro), o azul é o nosso céu e as estrelas os nossos estados. A inscrição ORDEM E PROGRESSO é o lema que deveria nos guiar.


Apesar de ser um dia de festa, lamentamos que o nosso estandarte, lábaro, pendão ou qualquer outro nome que possa significar bandeira, vem há tempos perdendo seus significados. O nosso verde está manchado pelas queimadas. Árvores tombam pela indiscriminada ação gananciosa de cidadãos sem escrúpulos, e com elas pássaros e muitos outros animais morrem. A biodiversidade brasileira vem sofrendo terríveis golpes. O amarelo, já não representa mais as nossas riquezas. Talvez seja um amarelado da vergonha de um povo que não consegue deter as mãos depredadoras de também brasileiros desumanos. Nosso céu está a cada dia mais poluído. A fumaça esconde as estrelas e enchem os nossos pulmões de detritos, que enriquecem homens poderosos. Nosso mar que também era azul, agora está manchado pelo petróleo.
A ordem e o progresso; ainda estamos tentando manter. Existem milhões de brasileiros, que lutam diariamente para que possamos nos manter como nação respeitada por todas as outras.
Apesar de tudo, amamos nossa bandeira e a nossa pátria. Choramos ao vê-la tremulando sob a ação do vento. Cantamos nosso hino e sonhamos com dias melhores. Brasileiro é sonhador, trabalhador, forte, alegre  explode de emoção todas às vezes que por algum motivo, vê sua bandeira no ponto mais alto de um pódio.
Hoje é dia de festa! Vamos comemorar e lembrar que nossa maior “bandeira” é o nosso voto!
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Hino à Bandeira do Brasil – letra de Olavo Bilac e música de Francisco Braga

 Salve lindo pendão da esperança!
Salve símbolo augusto da paz!
Tua nobre presença à lembrança
A grandeza da Pátria nos traz.

Recebe o afeto que se encerra
em nosso peito juvenil,
Querido símbolo da terra,
Da amada terra do Brasil!

Em teu seio formoso retratas
Este céu de puríssimo azul,
A verdura sem par destas matas,
E o esplendor do Cruzeiro do Sul.

Contemplando o teu vulto sagrado,
Compreendemos o nosso dever,
E o Brasil por seus filhos amado,
poderoso e feliz há de ser!

Sobre a imensa Nação Brasileira,
Nos momentos de festa ou de dor,
paira sempre, sagrada bandeira
Pavilhão da justiça e do amor!


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AS MOÇAS DO TEMPO

Lindas e elegantes, elas ocupam as telas das nossas televisões e diariamente anunciam ventos fortes, chuvas torrenciais ou o brilho do sol.
Com muita delicadeza  nos avisam das mudanças do tempo.  São elas que nos aconselham a usar o casaco e não esquecer  o  guarda-chuva.

Diante dos mapas, indicam a origem dos ventos e fazem as previsões. Porém, sempre encantadoras, amenizam a chegada das tempestades e suavizam os efeitos do fenômeno “la niña”  e nos ajudam a programar feriados e finais de semana.
Em todas  existe uma característica comum, a suavidade com que deslizam as informações sobre o dia com chuvas e trovoadas, nublado com chuvas, sol com pancada de chuvas, parcialmente nublado, nublado e até as fortes geadas.
É uma delícia ouvir os mais variados boletins do tempo, por pessoas tão doces. Não há tempestade nem vendaval que possam resistir às moças do tempo.
Faz sol, mas uma frente fria próxima do nosso litoral fará a temperatura cair. Não haverá praia nesse final de semana. Essa informação é dita com tanta beleza que nem nos importamos com o domingo em casa, em frente à televisão, comendo pipoca.
Na segunda-feira o sol voltará a brilhar e a temperatura atingirá à  casa dos 30 graus. Isto significa que voltaremos ao trabalho sob  sol forte e muito calor. Bronzear o corpo  fica para a próxima semana.
No mapa, elas apontam as diversas regiões e elegantemente comentam as temperaturas mais altas e mais baixas. Faz 15 graus na região sul, podendo chegar a 18 em Santa Catarina. No norte as os termômetros variam entre 32 graus em Boa Vista e 27 em Manaus. Nessa hora a gente sente vontade de pegar um avião e desembarcar na Amazônia só para conferir a informação. Mas antes de viajar, ficamos sabendo que em Teresina os termômetros poderão chegar a 38  mas, em Cuiabá passará dos 40 graus.
De região em região, de estado em estado vamos acompanhando a moça do tempo. O ar quente e úmido que chega à região sudeste provocará muitas chuvas.
Os aeroportos estão fechados e apenas o de Guarulhos funciona com ajuda de aparelhos. E assim, viajamos nas asas das aeronaves, e as moças do tempo continuarão sorrindo com tempo firme ou “chuvoso”.
Todos os dias; esperamos pelas moças do tempo. São elas que ajudam aos surfistas, informando sobre as ondas e aos navegadores sobre as marés. Aos aviadores informam sobre as nuvens e aos pescadores onde haverá condições para jogar a rede.
Diante dos mapas, com sorrisos discretos e  elegantemente vestidas, elas nos ajudam a sonhar com um dia de sol e amenizar as semanas de chuva.

Durante todo o ano; temos um encontro marcado com as moças do tempo, nem que seja apenas para lembrar que nesse fim de semana não vai dar praia.
Edison Borba