segunda-feira, 26 de novembro de 2012

CONTRASTES BRASILEIROS

Brasil, um país de contrastes. Terra privilegiada por belas paisagens, riquezas na fauna e na flora, possui um solo capaz de gerar ouro e mel.
Com dimensões continentais, é estudado como aquele que detém o possível manancial aquífero, que poderá ser a salvação da humanidade nos próximos milênios.
Além de todas essas maravilhas, esse pedaço de paraíso, não sofre com a presença de vulcões, maremotos, abalos sísmicos ou outras grandes ações ecológicas, temidas por todos.
De norte a sul, de leste a oeste, o mesmo idioma é falado. As diferenças regionais tornam a comunicação entre os diversos brasileiros, inusitada, engraçada e riquíssima na diversidade de palavras.
Capaz de receber imigrantes dos mais variados pontos do mundo,  a miscigenação fez do Brasil, um país,  variável quanto aos tipos humanos. Peles multicoloridas, como um quadro de grande pintor, variando entre o negro, índio, caboclo, branco, amarelo entre outras cores exibidas nos rostos da população.
Os contrastes ecológicos são tão incríveis, que as quatro estações acontecem ao mesmo tempo. Pode-se conviver com neve no sul, chuvas no norte, intenso calor na região central além de flores, frutas, hortaliças e grãos em qualquer época.
Porém, esses contrastes, não são observados apenas quanto às riquezas geográficas e ecológicas. Infelizmente também se observa tristes diferenças sociais. A distribuição de renda é uma das mais injustas, quando se compara com outras sociedades. Os atendimentos educacionais e os referentes à saúde são assustadores.
A natureza seguindo o seu ciclo, afasta as chuvas da região nordeste, privilegiando outras áreas. Essa situação ecologicamente  previsível, há anos vem sendo usada para o enriquecimento de alguns e detrimento da pobreza de outros.
O mesmo se observa em relação à educação. Enquanto algumas regiões se beneficiam com um melhor ensino, em outras, estudar é uma prova de fogo. Prédios decadentes, professores sofridos, alunos carentes, merenda ausente. Secretários de educação, prefeitos e políticos tranquilamente desviam verbas, sem nenhum pudor e compaixão para com o povo.
Na área da saúde, milhares de brasileiros morrem diariamente por falta de atendimento adequado. Apesar da luta diária dos profissionais, a situação é de guerra. É preciso abandonar alguns para salvar outros pacientes.
Falta saneamento básico na maioria das comunidades. Distribuição de água potável é um grande problema, além de outros serviços, comuns para a sobrevivência digna de um povo.
Brasil, um país de belos contrastes ecológicos, geográficos e sociais.
Brasil, uma terra de divergências éticas e morais.
Brasil, uma nação maravilhosa, abençoada, porém maltratada e aviltada.
Brasil, conhecido como a Terra Prometida – o País do futuro. Quando será esse futuro?
Brasil, economicamente cruel.
Brasil, onde crianças e idosos,  não recebem tratamento adequado.
Brasil, a humanidade tem esperanças que um dia, você acordará e sairá do berço esplêndido, onde dormes há séculos. E quando isso acontecer, justiça será feita e os maus serão punidos.
Mudanças já começam a brotar, como sementes boas em solo fértil. Plantamos uma frondosa árvore, um exemplar de madeira forte como o ébano, capaz de não se dobrar sob as piores tempestades: Joaquim Barbosa inicia uma boa e nova safra, nesse tão complicado País de contrastes.
Edison Borba
 

 

domingo, 25 de novembro de 2012

CARTÃO É VIDA / CARTÃO É F ...

Na sala do meu pequeno apartamento, exibo com orgulho um televisor de trinta e duas polegadas, comprado nas Casas Bahia, através do meu cartão de crédito, em dez parcelas sem juros. Já liquidei quatro, faltam apenas seis. Que alívio!
Sinto-me um cidadão feliz, sentado no meu sofá de três lugares, coberto por uma linda capa colorida. Esse útil protetor de estofados foi adquirido nas lojas C&A, onde usei meu anjo comprador, o cartão. Custou uma bagatela, dividida em quatro vezes, sem juros. Só a primeira parcela foi liquidada. Hummm! Preocupante!
Deslizo pelo meu “apartamentículo”, e em cada cantinho, uma recordação, uma saudade uma dívida a ser resolvida, uma parcela a ser quitada.
Na cozinha,  minha geladeira, orgulhosamente exibe um belo pinguim sobre seu teto. Essa estatueta, foi presente de uma grande amiga,  Amelinha, que também é  adepta, ou refém, dos cartões. Eu e “Melinha” somos muito unidos, nas alegrias e nas prestações, nos débitos e nos créditos. Compramos nas mesmas lojas! Nossa amizade é tão forte quanto os nossos juros.
Faltam apenas duas prestações para que a Brastemp,  seja totalmente minha. Guardo  na gaveta o carnê de pagamentos, do Ponto Frio, o bonzão. Conto os dias para não atrasar! Deus há de me ajudar  não ter meu nome incluído na lista de maus pagadores. Aleluia!
Sou um cidadão realizado. Pago meu condomínio, com atraso de apenas um mês, porém as contas de luz, gás e telefone estão sempre em dia. Meu plano de saúde (ou será de doença) é resgatado pontualmente. Vai que aconteça ...???? Nem pensar!!!
Sou precavido, com saúde não se brinca. E para me manter sempre saudável tenho liquidificador, espremedor de frutas, cafeteira, torradeira e vários outros utensílios, adquiridos via internet em  parcelas, tudo no cartão de crédito. É apenas mais uma  dor de cabeça, suavemente suportável!
Estou tentado a adquirir um novo computador, um note book e um tablet para  me manter atualizado. Todos os meus amigos já possuem  esses incríveis meios de comunicação. Eu não posso ser diferente. Quero me manter em dia com milhares de informações que jorram pelas telinhas destes demônios eletrônicos. Jesus!!!!!
Meus três celulares já estão pagos. Mês passado, liquidei a última parcela. Que felicidade poder ligar e ligar indefinidamente, usando aquele plano de chamadas intermináveis. Graças aos comerciais, entrei num plano sensacional, e agora posso conversar com o mundo! Que maravilha ter amigos na China e  na Sibéria.
A conta telefônica? Essa também é interminável, mas sempre arranjo uma forma de manter pequenos e planejados atrasos no pagamento.  Deus  me ajuda a continuar fazendo ligações!
E assim, vou vivendo de cartão em cartão. De parcela em parcela. De atraso em atraso. Levando sustos, mas sendo um cidadão que não fica parado no tempo. Eu sou um investidor! Sinto-me um empreendedor! Invento desculpas. Crio soluções e mudo de cartões. Isso se chama criatividade, ou será malandragem?
Meus empréstimos reduzem meu magro salário, a um regime cada vez mais cruel. Estamos, eu e ele, tão magrinhos, que qualquer dia, entraremos para o Guiness Book.
Apesar de todas as complicações financeiras, sou feliz! Tenho de um tudo em meu lar. Trabalho a semana toda, e divirto-me nas noites de sexta-feira, estico na Lapa, usando roupas de marca (qualquer marca), pois o importante é acontecer e saber “cartonear”, isto é, usar  diversos cartões, pulando de operadora em operadora.
Tenho vários tipos de cartões: crédito, débito, cliente especial e de bancos. Esses deuses de plástico me ajudam a ser um cara descolado e incluído em todos os ambientes desta cidade maravilhosa. Sou aceito por qualquer tribo. Minha carteira está repleta de sonhos. Não dependo das moedas e das cédulas, tenho mais vida e mais opções, graças aos meus cartões.
As dívidas vão rolando e rolando, enquanto em vou enrolando e enrolando.
Bons tempos os de hoje, em que um homem se faz pela quantidade de cartões que possui e a capacidade de driblar as dívidas sem perder o bom humor.
Cartão é vida! Cartão é inclusão! Cartão é charme! Cartão é F ...
Edison Borba
 

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

SE ...

Se a morte é inevitável,
Por que destruir o meio ambiente?
Por que maltratar animais?
Por que não preservar as florestas?

Se a vida é finita,
Por que tanta violência?
Por que a vaidade desmedida?
Por que a inveja maldosa?

Se  é  fato que um dia o fim chegará,
Por que humilhar?
Por que maltratar?
Por que segregar?

Se  a morte é a eterna companheira,
Por que a traição?
Por que o terrorismo?
Por que o vandalismo?

Se um dia deixaremos de existir,
Por que o desamor?
Por que as agressões?
Por que as violações?

Se o tempo é curto,
Por que não elogiar?
Por não amar, amar e amar?
Por não respeitar?

Se...
Por que?

Por que, se ... acontecer
Tudo poderá mudar
A vida ficará melhor
O mundo será só  festa
Viver, viver simplesmente viver!
Aproveitar  cada minuto para amar!
E quando a morte chegar
Deixar-se ir sem reclamar
Aproveitar a passagem e se alegrar com a última viagem!

Edison Borba

 

 

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CINZAS DO PASSADO

A mesa que outrora fora coberta por lindas toalhas de renda branca, acumula poeira na sala da casa abandonada. Cortinas desbotadas tentam impedir a entrada da luz do sol. Os vidros embaçados das janelas colaboram nessa árdua tarefa de não deixar que a  vida  entre naquele ambiente.
Tapetes corroídos ainda guardam a imponência dos tempos em que sapatos elegantes deixavam  marcas na sua maciez. Sofás de veludo  manchados de bebidas  derramadas no auge das festas, continuam a manter a sofisticação do passado.
Em todos os cantos pode-se perceber melancolia e tristeza. Apenas um relógio teima em continuar marcando horas que se perdem no vazio daquele casarão.
Quantas coisas aconteceram no amplo salão de jantar e outras tantas na biblioteca e nos quartos. Casais enamorados fizeram juras de amor eterno, na eternidade de uma noite. Taças de cristal tilintavam anunciando  intermináveis brindes. Risos, gargalhadas, música,   mistura de vozes e bebidas  fizeram daquela residência um campo de concentração às avessas.
Nas noites de orgia,  era possível sentir os perfumes femininos misturando-se ao cheiro de tabaco dos cigarros e cachimbos dos cavalheiros nem sempre tão cavalheiros. Alguns estavam mais para cavalariços,  o que muito agradava as senhoras, que após algumas bebidas perdiam o pudor e deixavam brotar  sentimentos  selvagens.
Coisas passadas, passadas naquele local, se fazem presentes na cabeça daquele homem, trazendo para o presente àquilo que  é passado.
Ele não sabe o que  esperar do futuro, ainda está preso a todas aquelas “coisas” materiais e sensoriais que habitam seus sentimentos. Tem horror em pensar no seu destino, quando se desfizer daquele incrível mundo.
Seu corpo treme quando pensa que todos se foram. Está com medo e sozinho naquela sala. Cheio de horror; anda de um lado, para o outro. Sente o suor escorrendo pelo seu rosto. Olha para todos os objetos, preferindo ser um cego para não ver a morte que se apoderou de tudo que outrora fora tão vivo.
Pensa em cometer um assassinato.
Matar aquelas coisas passadas, romper laços, arrancar pela raiz, deixar sangrar.
Não quer mais ferir seus olhos.
Não pode mais adiar.
Com um gesto rápido, riscou um fósforo.
Em alguns segundos tudo virou cinzas!
Edison Borba

terça-feira, 20 de novembro de 2012

MORTE DE FILHO


Abraçada ao filho morto
A mulher chora
Tudo ao seu redor é tristeza
Dor e tormento
Aquele a quem deu a vida
Agora morre em seu colo
Ela inerte
Ele dorme
Ela chora
Ele não ouve
Suas lágrimas molham o rosto
Do  filho
Somente ela pode sofrer
Dor tão intensa
Somente ele pode dormir
Tão docemente
Ela seguirá vivendo
Ele renascerá na lembrança solitária
Em  noites vazias
Numa espera sem volta
Na saudade
Encontrará alento
Sua imensa dor se confundirá com o amor
De quem pariu e perdeu
Parte do  corpo e da alma
No instante da morte
A mutilada vida segue
Cambaleante e firme
Rumo a um destino
De mãe que viu morrer o filho.

Edison Borba

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

UM CONTO DE BRUXAS

 
Era uma vez uma linda jovem mulher, estudante, modelo, atriz  prono e sonhadora. Um projeto de princesa.
Como em toda história de amor, a jovem mulher conhece um quase príncipe, jogador de futebol, mais especificamente – goleiro de um famoso clube.
Um galante pegador de bolas e de mulheres. Esse guapo rapaz, já era um reprodutor conhecido, tendo em seu harém uma quantidade razoável de candidatas ao título de princesa.
Como em todo conto de fadas, a bela jovem encontrou o atleta. Amor à primeira vista e ao primeiro chute. Paixão ardente. Relação confusa e uma gravidez. Por ela desejada, por ele um herdeiro planejado (não por ele).
Confusão na corte do príncipe goleiro. Serviçais, eunucos e outras (várias outras) concorrentes ao título máximo de preferida do galã – sultão,  reuniram-se para deliberar se havia espaço para mais uma e mais um hospedeiro. Reunidos em torno de caldeirão, munidos de varinhas afiadas deliberaram. O veredito, infelizmente foi contrário à presença de mais herdeiros ao patrimônio do príncipe e também do seu amor.
O que aconteceu a seguir envolve planos perigosos, carruagens motorizadas, lenhadores malvados e o conto que seria de fadas tornou-se uma história de bruxas.
Após o nascimento do pequenino candidato à  herança dos bens do preferido das muitas donzelas chuteiras, uma série de confusos acontecimentos aconteceram.
Dizem que após se fartarem com uma boa macarronada, alguns serviçais levaram a linda princesa para um passeio na floresta. Num local desconhecido, com a ajuda de uma velha bruxa, fizeram com que a linda mulher desaparecesse numa nuvem de fumaça.
Numa noite fria e sombria, latidos e uivos de cães foram ouvidos em todo reino e nunca mais a candidata à princesa foi vista. O seu desaparecimento mágico, fez com que magos, magistrados, cartomantes, videntes, advogados entre outros interessados em histórias fantásticas, passassem a buscar uma solução para essa história.
O tempo passou, o principezinho cresceu, e hoje vive em outro reino. A princesa continua desaparecida. Como num passe de mágica ela sumiu. Dizem que uma bruxa madrinha foi responsável por toda essa história.
O príncipe reprodutor vive isolado numa torre. Algumas de suas preferidas  estão reclusas em castelos e protegidas por fortes grades. Serviçais do galã goleiro vivem em instalações do governo e protegidos da ira de outros súditos. Tendo permissão apenas para jogarem com “bola” a cada quinze dias.
Infelizmente, esse conto não é de fadas e não podemos terminá-lo com aquela bela frase: “e foram felizes para sempre”.
Edison Borba

NOITES SANGRENTAS

Hoje, dezenove de novembro de dois mil e doze, uma importante emissora de televisão, informou em seu noticiário matinal, que, desde o dia três de outubro, morreram na cidade de São Paulo e arredores, trezentas pessoas, todas assassinadas. Esse trágico número completou-se hoje com o extermínio de nove cidadãos.
Noites sangrentas, noites violentas, noites de tristeza.
Cidadãos de bem, bandidos, policiais, jovens, adultos, homens e mulheres mortos como gado em matadouro. Famílias em luto, mães e mulheres em prantos, crianças órfãs e acima de tudo tragédias.
Apesar de todos esses acontecimentos que já atingem outros estados da federação, o país segue seu ritmo tranquilo. Feriados emendados, famílias nas praias, namorados nos cinemas e amigos nos bares.
Os líderes da Nação, se reúnem, analisam, discutem e estudam formas de combaterem tanta violência. Planos são traçados, verbas são liberadas, estudiosos são convocados para que soluções de curto prazo sejam aplicadas.
Enquanto a justiça morosamente cumpre suas obrigações, os bandidos rapidamente cumprem sentenças de morte e executam sem piedade.
O grande risco, a que estamos sendo submentidos é a possibilidade dessas noites sangrentas se transformarem em rotina e até serem incluídas em roteiros turísticos.
Visitem o Brasil e vejam ao vivo e a cores como acontece o extermínio humano.
Tudo isso é extremamente terrível e trágico. É lamentável que sejamos levados a brincar com fatos tão sérios para alertarmos para uma situação tão terrível.
A população assustada tranca portas, adia compromissos, modifica seus hábitos, protege seus lares, reza por seus filhos e lamenta seus mortos.
Até quando cidadãos trabalhadores, os que contribuem para o crescimento do país, pagando impostos, continuará refém de bandidos?
Até quando vamos esperar que o planejamento das autoridades, tenha efeito?
Até quando dormiremos assustados temendo pela segurança das nossas famílias?
Até quando noites sangrentas continuarão a entristecer o povo brasileiro?
Edison Borba

domingo, 18 de novembro de 2012

MIL – TONS DO MILTON

Há setenta anos o mundo se encantava com a chegada de um anjo. Era um anjinho um pouco diferente daqueles que estamos acostumados a ver representados nos cartões e telas de grandes pintores. Esse não tinha a pele branca e nem os cabelos dourados, era um anjo negro de cabelo carapinha,  mas como todos os anjinhos, um olhar meigo e profundo, daqueles que nos permitem ver a alma. Bochechudo como um cupido, ele encantou a todos que o conheceram recebendo o carinhoso apelido de Bituca. Esse travesso anjo, adotou o violão como o seu fiel companheiro e deixando a lira para os seus irmãos celestiais. Dançou e cantou no tempo apaixonando o mundo com seus sons.
Soube como ninguém, soltar sua voz  angelical, atravessando morros e mares, rios e lagos, cidades e campos, levando os amigos do lado esquerdo do peito, pelas estradas da vida.
Mil tons ele criou e cantou.  Belas melodias e versos, criou. De esquina em esquina fez um clube e amigos. E lá foi ele soltando a voz nas estradas
Menestrel sulamericano juntou seu clamor as Mercedes mulheres e Marias e Marias para cantarem em rodas os problemas nossos.
Para Lennon  e MacCartney escreveu as desditas do lixo do sul da América. Com sua inspiração ajudou os brasileiros a prantearem a perda da democracia na morte de Tancredo.
Com um eterno coração de estudante chega aos setenta como se tivesse sete. Sempre recomeçando e abrindo novas estradas para além das Minas Gerais.
Com uma faca amolada fez sangrar nossos corações ao falar de amor e ao revelar sua paixão por Elis – sua eterna musa.
Nos deu de beber num calix bento água de benzer e o sangue derramado pelos heróis da liberdade, que tombaram em anos de ditadura.
Canta Milton, canta!
Solte sua voz nas estradas e, como o mágico da flauta,  irás  juntando povo que te ama e que seguirá o som da sua voz pela eternidade!
Edison Borba

SANTUÁRIOS

Os homens constroem,  templos dos mais variados tipos e  tamanhos, alguns imensos e luxuosos outros arquitetonicamente  planejados, para neles apregoarem a sua fé. Sabemos da importância que esses prédios possuem para o conforto e o bem-estar dos povos que desejam proclamar  as suas crenças.
Apesar de não ver nenhum problema em relação a esta manifestação de amor a Deus e a todos santos e orixás. Apesar de não ser contrário as apresentações gigantescas em torno da Bíblia e da proclamação de sua palavra, tenho observado que a busca da fé está cada vez mais se afastando do seu real ponto ou origem.
Os seres vivos:  humanos, animais e vegetais são verdadeiramente os grandes templos de onde a fé deverá se propagar. Especialmente no coração dos homens e mulheres é que deverá germinar a semente da fé. É nesse campo fértil que nascerá  a bondade, a caridade, a compreensão, o respeito, a paz e o amor universal.
Os templos e as igrejas devem ser espaços para que os corações de fé possam se reunir e através da união, propagar a grande chama de amor que atingirá todo o planeta.
As crianças, as nossas crianças, de todas as cores e raças; sociedades e comunidades; pobres ou ricas, de corações  puros e representam ótimos terrenos para semearmos boas sementes.
Dar bons exemplos, cuidar de cada uma delas como uma plantinha que se transformará numa grande árvore que produzirá frutos e nos dará sombra e aconchego.
“Deixai vir a mim as criancinhas,  pois delas  será os reino dos céus”- é um linda observação que a sociedade moderna está esquecendo. Estamos tão preocupados com agendas cheias de compromissos, regras, sobrevivência financeira, beleza física, divertimentos efêmeros entre outros atrativos deste século, que esquecemos o coração das nossas crianças e das possibilidades que estamos perdendo, quando não cuidamos bem dessas resevas de amor e fé.
Ainda é tempo de salvarmos a Terra e todos os seres que nela habitam. Basta, cuidarmos bem das  crianças dando a elas tudo de bom que merecem receber. Boa alimentação, cuidados com a saúde, educação de excelência, respeito, carinho, incentivo e amor, muito amor.
O coração das crianças são santuários de onde a fé verdadeira emanará contagiando a todos. Portanto, alimentemos esses terrenos com boas sementes para que possamos colher bons frutos que transformarão o mundo fazendo surgir uma nova sociedade.
Edison Borba

sábado, 17 de novembro de 2012

IMAGENS

Te crio /
Te penso /

Te imagino /
Desconhecido /

Reconhecido /
Quem és ?/

Foto na tela /
Conversa sem falas /

Vontades tecladas/
Escolhas parecidas /

Segredos sussurrados /
Desejos contidos/

Medo do encontro /
Medo do desconhecido /

Diferenças /
Tempos /

Idades /
Sonhos /

Quem somos nós? /
Quem é você? /

Quem sou eu ? /
Quero ser teu /

Não te quero perder /
Me  perco ao te querer /

Tempos distantes /
Caminhos opostos /

Fiquemos na tela /
Teclados calados /

Sonhos adiados /
Amores odiados.
Edison Borba

O QUE TRAGO COMIGO

O doce olhar da minha mãe
Os sorrisos dos amigos

A mão forte de meu pai
O sabor do beijo do primeiro amor

O cheiro de terra molhada pelas chuvas dos verões da minha vida
A segurança que sentia com a presença de meu irmão

As brincadeiras felizes no recreio das escolas onde estudei
As lambidas de Carol, cãozinho vira-lata, que tanto me  alegrou

O cheiro do café na cozinha da casa de minha avó materna
As brincadeiras da infância

Os sonhos da juventude
Os desenganos da idade adulta

A dor da perda de um grande amigo
O abraço carinhoso de minha irmã

O encantamento da voz da minha primeira professora
As lágrimas que derramei quando experimentei  a perda de um amor

 A alegria da volta
A tristeza da partida

A angústia da espera
A felicidade do encontro

A saudade dos que passaram pela minha vida
O arrependimento pelo que não disse

A dúvida de uma paixão não declarada
O desengano por ter perdido a oportunidade de fazer um elogio

A raiva por ter deixado que por um momento a ira falasse por mim
A fé que me ajuda a viver

A crença no meu trabalho
O amor incondicional pela vida

Tudo isso trago comigo
Tudo isso me ajuda a viver

Tudo isso e muito mais me fazem ser humano
E ser mais humano como um ser humano.

Edison Borba

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

EXTERMÍNIO / EDUCAÇÃO

Em São Paulo a caça aos policiais continua como uma prática diária. Apesar  dos desmentidos das autoridades, os agentes da lei estão sendo dizimados pelas balas de cruéis assassinos.
Sábado, 3 de novembro, uma policial morre assassinada a tiros na frente de sua filha de nove anos. E assim durante esses quinze dias do mês de novembro, a cena se repetiu acrescida de ônibus incendiado, e civis baleados.
Há um clima de insegurança na população. Boatos apontam para conhecidos grupos de criminosos que existem espalhados pelo país há muito tempo.
A História é testemunha da existência de bandos armados que ao longo do tempo apavorou cidades inteiras.
No nordeste ficaram famosos grupos cangaceiros que espalhavam terror entre as comunidades. Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, ficou conhecido como o “Rei do Cangaço”, apavorou cidades com seu grupo. Apesar das maldades praticadas pelos cangaceiros, com a evolução social, os grupos de extermínio que atuam nesse século, são extremamente cruéis.
O que também nos deixa apreensivos são as ações individuais. Todos os dias crimes e mais crimes são praticados por indivíduos isoladamente.
Esquartejamentos, sufocamentos, facadas estão se tornando ações comuns. O uso de armas de fogo já é moda há muito tempo.
Como numa epidemia, ondas de crimes acontecem numa comunidade e logo se repetem em outras. A ação de criminosos que abala São Paulo chegou até Santa Catarina. Como num processo infeccioso a criminalidade contagia e se espalha rapidamente.
Extermínio, essa é a palavra. Diariamente crimes e crimes, mortos e mortos, vítimas e vítimas se espalham indiscriminadamente, lembrando as guerras e revoluções. Essa situação coloca em luto toda a sociedade. Infelizmente, ainda estamos longe de encontrarmos uma solução.
Talvez, o processo educativo seja um dos melhores caminhos. Educação, saúde. Informação e cultura. Respeito e ética. São elementos que se desenvolvem lentamente entre os povos. E é preciso que tudo se inicie na infância. Lamentavelmente, educação ainda, não é prioridade para o Brasil.
Políticos e empresários além de outros grupos que ocupam as melhores classes sociais não conseguem perceber a importância da educação para o povo. Usam vendas nos olhos e fingem que nada acontece.
A  inovação, o empreendedorismo, a criatividade, a capacitação e a alta tecnologia são palavrórios extremamente usados na atual década, porém são observações supérfluas, palavras ao vento, discursos vazios. A educação como prioridade passa ao largo dos grupos mais necessitados. A ignorância e a barriga vazia são ótimos terrenos para a semente do mal germinar.
Continuamos com a cabeça enterrada na areia fingindo que tudo está indo muito bem. Fingimos que acreditamos. Outros fingem que acreditam que acreditamos. E assim tragicamente, dia-a-dia inovamos comportamentos sarcásticos que se aperfeiçoam numa criatividade arrepiante.
 Edison Borba

CONTOS DE FADAS


Alice nas maravilhas de um país
Abraça um coelho apressado
Enquanto uma  bela adormecida
Espera pelo beijo de um príncipe
Menino voador
Baila no ar com  Peter Pan
No céu do país do nunca
Nunca crescer
Nunca ser adulto
Nunca ser responsável
Pela morte da avozinha
Causada pelo descuido
Da menina do chapéu vermelho
Terras encantadas
País  do nunca
Magias e encantamentos
Viajar com os sapatinhos
Da menina que sonhava com a magia de OZ
Três porquinhos
Coelhinhos, gatos de botas.
Patinhos feios
Galinhas pintadinhas
Fadas e gnomos
Anões e gigantes
Seres fantásticos
Habitam o mundo encantado
Onde  também existem
Bruxas e madrastas
Crocodilos e piratas
O bem lutando contra o mal
O bom vencendo o mau
Varinhas mágicas
Que transformam
Tudo que tocam
Sonhos e imaginações
De quem ainda
Acredita em conto de fadas.
 
Edison Borba

 

 

 

CHUVA / TRAGÉDIA / VERGONHA

Após um ano de uma tragédia que se abateu sobre o Rio de Janeiro matando quase mil pessoas, o estado volta a se preocupar com as chuvas e as possíveis tragédias.
O que se viu nessa semana foram pessoas correndo, deslizamentos de terras, vítimas, choros, isto é, uma tragédia esperada.
Junto com as chuvas e a tragédia temos que suportar a vergonha. Enquanto o Japão se recuperou rapidamente das tragédias que assolaram o país e os Estados Unidos já voltou à normalidade, alguns dias após ter algumas cidades atingidas por uma tragédia ecológica, o Brasil não consegue limpar as ruas onde ainda existem restos dos desabamentos de 2011.
Quando dos problemas ocorridos ano passado, o povo, ao ser chamado a ajudar, enviou milhares de donativos, entre roupas, calçados, eletro domésticos, móveis, remédios entre outros produtos, que lamentavelmente em grande parte se perdeu ou foi desviado da sua real finalidade.
O governo federal informa que liberou milhões de reais que sumiram em algumas prefeituras. Após denúncias e algum barulho na imprensa, tudo voltou ao “NORMAL”.
É inacreditável imaginar que um povo com tantas qualidades, seja tão passivo e permissivo, quanto, ao que vive no Brasil.
Eu também estou me incluindo no grupo. Vejo-me aqui sentado diante do computador, ou ouvindo pelo rádio, lendo nos jornais e vendo pela televisão as tragédias, as lágrimas, as destruições e apesar de me revoltar não sei como agir.
Apesar de estarmos acompanhando o julgamento dos envolvidos na quadrilha “mensalão”, algo inédito na república das bananas, ainda estamos longe de atingirmos o nível de um comportamento politicamente ético.
As chuvas de verão já estão chegando e às tragédias já estão acontecendo. Tudo é previsível, como a seca da região nordeste, o crescimento das cracolândias, a eleição de corruptos (escondidos pela ficha quase limpa) e o enriquecimento de uma centena de brasileiros que vivem das tragédias anunciadas.
O que fazer com as chuvas, as tragédias e a vergonha?
Edison Borba

 

QUEM SABE?

Meu semblante tristonho
Frente ao espelho
Me  fez  pensar
No quanto deixei de fazer
Deixei prá lá
Quem sabe se eu tivesse tentado
Jamais vou saber
O que deixei de receber
Por uma promessa não cumprida
Minha imaginação
Permite-me  ter saudades daquilo que não fiz
Cúmplice dos meus medos e desenganos
Ela me tortura ao me fazer lembrar
De um equivocado não
Quando eu queria um sim
Demoníaca lembrança das minhas
Inconsequentes ações
Se  fui  ingênuo, não sei
No dia em que rejeitei
Deixei prá lá
E não fiz
Esteja onde estiver sempre estarei lembrando
De tudo que não aconteceu
Apenas  porque eu
Deixei pra  lá ...
Quem  sabe ...
Eu poderia estar em outro lugar bem distante
Vivendo com outra gente
Sonhando sonhos diferentes
Aquilo que não ocorreu
Apenas por que eu
Deixei pra lá
E não fiz
Quem sabe
Eu tivesse ido
Comparecido
Àquele encontro
Levando flores
E me declarando
Não fiz ...
Não quis ...
Não fui ...
Quem sabe ?
Hoje seria diferente
Do que tem sido
Apenas por que
Quem sabe
Não fui
Não fiz!
 
Edison Borba