terça-feira, 31 de janeiro de 2012

AMOR "MAU DITO"

Um nome
Um corpo
Um amor

Amor sem nome
Seu nome?
Meu nome?

É melhor calar
Não dizer
Não falar
Para não ter o que esquecer

Meu corpo
Seu corpo
Nós dois
Sozinhos
Unidos pelo medo

Vidas
Sua
Minha
Mas não pode ser nossa

Silenciar
Não pronunciar
O nome
Desse amor
“Mau  dito”
Proscrito

Não vale tentar
Nem sonhar
Nem pensar

É melhor calar
Amargar
Fingir de viver
Para não perder
E não morrer
Por um amor
MALDITO

Edison Borba 

domingo, 29 de janeiro de 2012

ABRAÇAR

Hoje acordei com vontade de abraçar. Abraçar mesmo, com força, com carinho, com ardor e amor. Sair pela vida abraçando a todos que  passarem  por mim. Correr de braços abertos para envolver em meus braços a todos que encontrar.
Abraçar árvores e animais. Ricos e pobres. Moços e velhos. Adultos e crianças.

Abraçar, abraçar pelo simples ato de demonstrar carinho e distribuir calor humano. Abraçar a vida e distribuir vida.

Abraçar e aconchegar em meu colo,  bêbados e drogados e todos os abandonados. Dar carinho e conforto num ato de puro amor.

Abraçar os meus vizinhos, a todos com muito carinho e dizer: amo vocês de todo meu coração. Moramos no prédio, empilhados em caixinhas que chamamos apartamentos. Onde nos refugiamos das dores e dos sofrimentos. E nem sequer nos olhamos e nunca nos abraçamos.

Abraçar o jornaleiro, que todos os dias me “passa” as notícias mundiais. Abraçar o verdureiro a balconista magrinha, de olhos tristes escuros, que nem consegue sorrir.  O policial da esquina que me protege dos males que o mundo me oferece. Quero abraçar com força,  sei que ele bem merece. Mas quero abraçar o bandido que me assalta e me rouba  me entristece  e faz chorar.  Talvez ao ser abraçado, esse horrível coitado possa se regenerar.

Abraçar aquela velhinha que vende flores na esquina. Ela que nunca deve, ter recebido nenhuma. Portanto além de abraçá-la, também flores eu lhe darei, com um sorriso amigo, muito carinho e respeito, fazendo daquela flor a mensageira do meu amor.

Abraçar o vendedor, que tenta a todos agradar. Abraçar os amigos professores, que gostam de ensinar. Explicam, repetem e perguntam numa luta incansável para país melhorar.

Abraçar o motorista que conduz ônibus lotado. Abraçar os operários que constroem essa nação. Os doutores advogados, que às vezes defendem o lado errado, para ganhar uns tostões. Os doutores da medicina; vou abraçar e louvar. Salvam vidas com carinho, apesar de alguns mesquinhos muito caro ainda cobrar.

Os bombeiros,  receberão um abraço de irmão. Abraço forte e amigo, abraço de companheiro um abraço verdadeiro de puro agradecimento e de reconhecimento. Amigos de vermelho merecem mais que abraço, carinho e consideração, merecem medalhas de heróis, que arriscam suas vidas por abraçar essa lida profissão.

Há tantos para abraçar, que preciso de mais irmãos que queiram entrar nessa luta de irmão abraçar irmão.

Assim vou abraçando a todos que encontrar, só espero, não vacilar na hora que me confrontar  político safado e malvado que rouba o povo e o país. Nessa hora vou rezar, para não ter que recuar e não querer abraçar, esses homens tão mesquinhos que nada fazem na vida além de ludibriar, roubar e até debochar do homem trabalhador, do qual dependem do voto, prá na moleza ficar. Não querendo ser injusto, sei que ainda existem alguns que são exemplares, que vale a pena abraçar. São poucos, muito pouquinhos, que trabalham com carinho querendo o Brasil consertar. A esses o meu abraço e minha admiração, por não participarem da corrupção.

Quero abraçar os operários que cedinho vão prá luta, para o pão da família ganhar. Abraçar desajustados, aqueles que vivem à margem, da nossa sociedade. Pode ser que o abraço, os faça mudar de rumo, buscar ajuda e auxílio e finalmente felizes encontrarem um caminho que os faça melhorar. Para os artistas abraços especiais. São eles que constroem a beleza para o mundo. Atores, atrizes, bailarinos e pintores. Escritores escultores e tantos outros sensíveis que nos ajudam a viver de forma mais agradável. Almas  de anjos, que eu quero abraçar, agradecer e pedir que continuem a brindar a vida com seus talentos.

A lista é muito grande, temos muitos abraços a dar. Muito a agradecer. Muito a enaltecer. A todos os que ajudam, voluntariamente ou não. A todos que são capazes de dividir o seu pão. A todos que dia-a-dia, formam a legião de amor, perdão e paz. A todos esses, meu abraço carinhoso e meu desejo que amor sai sempre vitorioso.

Edison Borba


IDENTIDADE?

A carteira de identidade é um documento que serve para nos identificar (obvio). Logo, quando a esquecemos na gaveta, ficamos sem saber quem somos e corremos o risco de pegarmos uma “cana”. Não adianta falarmos os nomes dos pais,  a data do nascimento, o endereço e outras informações. Sem a carteira de identidade, não somos identificados.

Após gastar uma fortuna com analistas, psiquiatras e psicólogos para me conhecer e poder exibir uma identidade à sociedade, um policial me levou para a delegacia, só porque eu não pude a carteira lhe mostrar (a carteira de identidade - obvio).

Tentei argumentar, que sou uma pessoa romântica. Leitor de Jorge Amado e de Fernando Pessoa. Cantarolei  melodia famosa de Tom Jobim, o maestro, e recitei de Vinícius uma linda poesia. Fiz comentários sobre o filme Casablanca e me disse apaixonado pela voz do Sinatra,  mesmo assim  não fui acatado pelo homem fardado, que insistia em me pedir a tal da “identidade”.

Num determinado momento, apelando para o meu baú de lembranças,  falei da minha infância quando empinava pipa e rodava pião. Lembrei até  o nome da minha primeira professora. Descrevi pormenorizadamente a casa onde nasci. Havia um pé de cajá e uma linda goiabeira. Um balanço e uma roseira. Do meu cachorro “Zorro” que sabia pular corda. Comentei até do tombo que me deixou cicatriz, mas o tira, só queria ver a minha identidade. Mostre a carteira, repetia!

Perguntei se valia  lembrar da namoradinha que tive aos quinze anos. Chamava-se Luciléa, tinha olhos azuis e sorriso envergonhado. Nem assim me livrei de falar com o delegado.

Querendo impressionar a autoridade, comentei sobre o meu cursinho de inglês e que sabia usar o computador. De internet eu era  “cobra”, sabia  escanear, configurar e copiar mas nada disso valeu. Mostre a identidade repetia o soldado, de farda bem engomada. Sem carteira não vale. Você não tem identidade.

Numa atitude respeitosa, prá não “zangar”  tão nobre policial, falei sem pestanejar: olhe pra mim, mire-se nos meus olhos, será que minha presença aqui não vale?

Mas o guarda impiedoso repetia, mostre a sua carteira, com número e data, é nela que a justiça encontrará sua história. Sem ela, eu lamento você não tem identidade.

De nada adiantou, o guarda irredutível ficou. Levou-me num camburão sem dó e nem piedade. Não houve argumentos e nem entendimentos. Tudo porque eu não estava documentado. Sem carteira e meus números nada sou e nada valho. Afirmei ser vascaíno, mas o “puliça” era flamengo e mais irritado ficou.

Nem Freud, Jung ou Lacan nada puderam fazer. Sem a tal da carteirinha no xadrez eu fui parar. Agora eu voltei para colo do meu querido analista, que após consulta séria, prá me fornecer um recibo, me perguntou sem malícia, como se fosse polícia: qual a sua identidade?

Edison Borba




PODE SER

Pode ser bom!
Pode ser que não

Tudo pode ser

Pode ser mau

 E sendo mau, pode ser bom!

Pode ser

Pode ser que exista e pode ser que não

Se existe, é concreto

Mas   pode ser não

Nem sempre o que é concreto existe

Pode ser não

Ser sem existir

Pode ser não

Não me negue e nem renegue

Porque pode ser não

Renegar  e  não negar

Tudo relativo e pode ser não

Pode ser não

Definitivamente não

Mas como nada é definitivo

Pode ser sim

E sendo sim também pode ser  não

Não é não!

Sim é sim!

Mas um sim poder ser não

E um não pode ser sim

Mas pode ser bom

Sendo não ou sendo sim

Pode ser bom

E sendo bom

Não interessa se é sim ou se é não!

É bom!

 Edison Borba


sábado, 28 de janeiro de 2012

COISAS DA VIDA

“A vida tem que ser vivida, sabendo viver”
“Terminou um ciclo! Uma fase acabada!  Que o novo venha! Como será não sei!”

Observações feitas por dois sobreviventes da tragédia do desabamento dos edifícios no centro da cidade do Rio de Janeiro.

O primeiro estava no edifício e milagrosamente salvou-se pulando para dentro do elevador, que despencou por vários andares. Após o susto, o rapaz conseguiu manter a calma e através de comunicações celulares, após algumas horas foi resgatado. Falou que durante a espera o filme de sua vida passou por sua cabeça. Lembrou dos filhos e da esposa. Rezou e acreditou que seria poupado. Homem simples e alegre. Operário, casado, vida simples. Casa, esposa e filhos. Típico operário brasileiro, que apesar de receber tão pouco pelo seu trabalho, consegue ser feliz. Sorriso franco, quando entrevistado pelos jornalistas, deve ter causado muita inveja. É um homem feliz, apesar de receber tão pouco pelo que vale como um cidadão trabalhador.

 A segunda observação veio de uma mulher que mantinha um curso num dos edifícios desabados. Perdeu todo o investimento de sua vida. Não sobrou nada. Por sorte ela não se encontrava no local no momento da catástrofe. Com coragem ( e que coragem), falou sobre o término de um ciclo de sua vida. Que partiria para a reconstrução de um novo caminho, que ela ainda não sabe qual será, mas que  não se deterá. Seguirá em frente, vai  se recuperar muito antes da reconstrução de novos prédios naquele local.

Dois exemplos de cidadãos que não se deixam abater, mesmo diante de grandes tragédias. Homens e mulheres que acreditam na força que possuem. Pessoas íntegras, éticas, trabalhadores. Exemplos a serem seguidos.

Mas uma catástrofe que se abate sobre o Rio de Janeiro. Muitas declarações, muitas explicações e após a “poeira baixar” e outra catástrofe acontecer, ninguém mais se lembrará dos que morreram, dos que perderam e ao perder, se perderam numa vida sofrida, mas que precisa ser vivida a cada dia.

Amanhã o dia amanhecerá aqui no Rio de Janeiro. O sol vai brilhar e todos irão se perguntar:

                                            - “Será que vai dar praia?”

 Edison Borba

TEMPERO DE AMOR

Cebola Alho

Pimenta
Amargura

Pavor
Ciúme

Mistura
Bate e rebate

Liquidifica
Coloca na ferida

Deixa sangrar
Coentro

Sal
Pitadas

Desconfiança
Bofetadas

Lágrimas
Dor

Ciúme
Amargor

Mais pimenta
Mais ardor mais amor

Esfrega na pele
Coloca no coração

Ingere
Deixa fritar

Deixa queimar
Amor pagão

Que explode
Que arde

Que sangra
Num inexplicável

Tempero
De amor, sabor e dor.

Edison Borba

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

PEDAÇOS

“Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...”

                                       Le Petit  Prince – Saint Exupéry

Em contato com meus sentimentos, reencontrei  o livro: “O Pequeno Príncipe”. Ao reler algumas páginas, me detive mais uma vez no encontro do menino  com a raposa. Memorável  diálogo, que se ajusta como uma luva às nossas vidas.

Quantos de nós somos cativados por alguém, que surge e vai se apoderando dos nossos sentimentos. Aos poucos devagarzinho, como quem nada quer, cativa-nos. Quando isso acontece, passamos a nos responsabilizar mutuamente.

O tempo passando e a amizade ficando cada vez mais sólida. Um zelando pelo outro. Cuidando com carinho de cada dia. Nenhum interesse, apenas a vontade de ficar junto e caminhar lado a lado, como a raposa e o menino. Uma amizade tão sólida, que parecia eterna.

Um dia, o amigo vai embora. Diz adeus e segue por outro caminho. Ficamos sós.

Questões:

- Por que nos deixamos cativar?

- Toda relação de “cativar” é recíproca?

- Pode haver um “cativar” unilateral?

- Por que, alguém parte, após cativar o outro?

- Se ao cativarmos alguém, nos tornamos responsáveis por esse alguém, por que abandonar?

- Existe cura para a dor do abandono?

- O que fazemos com a nossa “afetividade” quando o  amigo parte para outras aventuras?

- É  possível cativar mais de uma pessoa ao mesmo tempo?

- Após ser cativado e abandonado, é possível reativar  a vontade de cativar e ser cativado?

- A raposa foi cautelosa quando se aproximou do príncipe. Essa deve ser a nossa atitude?

- Podemos cativar alguém num primeiro encontro?

- É possível sermos enganados, isto é, imaginarmos que havia ou que não havia (“cativar”)?

- E quanto a nós? Podemos nos enganar com nossos próprios sentimentos?

São tantas questões que surgem quando, após um envolvimento, somos deixados de lado. O que fazer com a amizade? É como preparar um bolo de chocolate e o convidado não aparecer.

O que faço com essa guloseima? Jogo fora? Como sozinho? Dou para outra pessoa? Deixo na geladeira como lembrança de algo ruim? O que faço com meu bolo de chocolate?

Se alguém tiver respostas para tantas questões, por favor, me procure.

Abraços do Edison Borba

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

SÃO PAULO. PARABÉNS!

Praça da Sé. Engarrafamentos. Garoa. Imigrantes. Pizzarias. Engarrafamentos. Vale do Anhangabau. Metro. Enchentes. Japoneses. Italianos, Árabes. Nordestinos. Marginal Tietê. Engarrafamentos. Chopes e Pastéis. Adoniram Barbosa. Garoa. Engarrafamentos. Feiras. Pressa. Fábricas. Caldo de cana. Engarrafamentos. Miriam Batucada. Chineses. Teatros. Cinemas. Cracolândia. Molho de tomate. Pizzas. Progressos. Avenida Paulista. Motociclistas. Engarrafamentos. Exposições. Corinthias. Mancha Verde. Largas avenidas. Marília Medalha. Palestra Itália. Garoa. Fumaça. Engarrafamento. Progresso. Gaviões da Fiel. Palmeiras. Rosas de Ouro. Sambódromo. Portuguesa. Museu da Língua Portuguesa. Guarulhos. Aeroporto. Samba da Vela. Santos. Engarrafamento. Gente. Pressa. Horários. Reuniões. Empresários. Dinheiro. Hotéis. Catedral da Sé. Bairro do  Bexiga. Feirinha da madrugada. Rua 23 de Março. USP. Pesquisas. Gente. Muita gente. Brooklin. Metro. Favelas. Incêndios. Edifício Joelma. Cumbica. Aviões. Motos. Metro. Ônibus. Trens. Gente. Engarrafamentos. Enchentes. Ibirapuera. Parques. Viadutos. Pobreza. Riqueza. Shows. Teatro de ópera. Viadutos. Favelados. Miséria. Policiais. Semáforos. Pizzarias. Estadão. Jesuitas. Bandeirantes. Piratininga. Rio Tietê. Poluição. Chuvas. Enchentes. Avenida São João. Avenida Ipiranga. Sansseis. Nisseis. Trem das Onze. Jaçanã. Tucuruvi. Butantã. Vila Mariana. Congressos. Simpósios. Engarrafamentos. Poluição. Turismo. Hotéis. São Silvestre. Reveillon na Paulista.  Rosas de Ouro. Pacaembú. Torcida tricolor. Moda. Festivais. Sacomã. Passeatas. Vila Mariana. Engarrafamentos. Museu Ipiranga. Bairro da Liberdade. Motoboys. MASP. Fecomércio. Barra Funda. Autódromo. Ayrton Senna.


PARABÉNS CIDADE DE SÃO PAULO! TERRA DAS OPORTUNIDADES!

SONHO DE CONSUMO! PARAÍSO DAS COMPRAS!

PARABÉNS SÃO PAULO, TERRA DA GAROA!

PARABÉNS!

TITANIC – COSTA CONCÓRDIA

TITANIC – COSTA CONCÓRDIA

O que mudou entre abril de 1912 e janeiro 2012?

Após  cem anos, o avanço tecnológico é inquestionável. O mundo se transformou em grande velocidade. O homem foi à lua, os computadores dominaram a terra, a comunicação acontece num piscar de olhos, vivemos numa imensa aldeia.

O Titanic, considerado o maior navio de passageiros  até a data da sua inauguração, era um exemplo da maravilhosa tecnologia da época.  Inafundável! Um gigante do mar! Maravilha das maravilhas!

O Costa Concórdia, um dos muitos transatlânticos que circulam por águas internacionais. Concebido dentro dos padrões de modernidade do atual século. Perfeitamente computadorizado. Oferecendo laser e tranqüilidade.

Comparativamente os dois navios se assemelham. Luxo, modernidade, conforto e segurança. Feitas as devidas correções temporais, podemos considerar que o  Concórdia é um Titanic do século vinte e um.

Ambos concebidos para dar ao homem alegria e prazer. Mesmo com diferentes classes sociais a bordo, estar  navegando em águas mundiais é sem dúvida um dos grandes prazeres da vida.

Mas, o questionamento continua: o que afundou esses dois navios? Iceberg? Rochas? Obstáculos que natureza colocou em ruas rotas? Problemas técnicos?

Qual o motivo que aproxima essas tragédias?

Vamos fazer um mergulho nas profundas águas das emoções humanas. Em cem anos, nossas reações não se modificaram. Alguns hábitos e costumes cederam aos modismos, porém, nossa essência continua. O que foi analisado por Freud ainda vale. Continuamos a exibir vaidade, orgulho, prepotência, arrogância entre outros “sentimentos” ditos bons e maus.

Como se comportaram os senhores que conduziam o Titanic e o  Concórdia?

Qual foi o motivo que levou à colisão com um iceberg e com as rochas?

Que tipo de postura, os senhores da navegação mantinha para com seus tripulantes e passageiros?

Excesso de confiança? Vaidade descabida? Prepotência? Orgulho?

O que leva um profissional a desobedecer às regras?

Esses e outros acidentes foram obra das mãos humanas. Somos criaturas falíveis, por isso existem leis e manuais a serem obedecidos. Existem equipes. Um homem sozinho não pode ser o senhor da vida de outros. Quem coloca a vida de seus semelhantes em risco e até a morte, deve ser punido. A satisfação de desejos pessoais precisa ser controlada. Vidas humanas são perdidas diariamente apenas por desobediência e vaidade de alguns.

Que o acidente do Concórdia possa ser um  alerta para que não tenhamos a repetição de outras   “titânicas” tragédias.



O que mudou entre abril de 1912 e janeiro 2012?
Após  cem anos, o avanço tecnológico é inquestionável. O mundo se transformou em grande velocidade. O homem foi à lua, os computadores dominaram a terra, a comunicação acontece num piscar de olhos, vivemos numa imensa aldeia.

O Titanic, considerado o maior navio de passageiros  até a data da sua inauguração, era um exemplo da maravilhosa tecnologia da época.  Inafundável! Um gigante do mar! Maravilha das maravilhas!

O Costa Concórdia, um dos muitos transatlânticos que circulam por águas internacionais. Concebido dentro dos padrões de modernidade do atual século. Perfeitamente computadorizado. Oferecendo laser e tranqüilidade.

Comparativamente os dois navios se assemelham. Luxo, modernidade, conforto e segurança. Feitas as devidas correções temporais, podemos considerar que o  Concórdia é um Titanic do século vinte e um.

Ambos concebidos para dar ao homem alegria e prazer. Mesmo com diferentes classes sociais a bordo, estar  navegando em águas mundiais é sem dúvida um dos grandes prazeres da vida.

Mas, o questionamento continua: o que afundou esses dois navios? Iceberg? Rochas? Obstáculos que natureza colocou em ruas rotas? Problemas técnicos?

Qual o motivo que aproxima essas tragédias?

Vamos fazer um mergulho nas profundas águas das emoções humanas. Em cem anos, nossas reações não se modificaram. Alguns hábitos e costumes cederam aos modismos, porém, nossa essência continua. O que foi analisado por Freud ainda vale. Continuamos a exibir vaidade, orgulho, prepotência, arrogância entre outros “sentimentos” ditos bons e maus.

Como se comportaram os senhores que conduziam o Titanic e o  Concórdia?

Qual foi o motivo que levou à colisão com um iceberg e com as rochas?

Que tipo de postura, os senhores da navegação mantinha para com seus tripulantes e passageiros?

Excesso de confiança? Vaidade descabida? Prepotência? Orgulho?

O que leva um profissional a desobedecer às regras?

Esses e outros acidentes foram obra das mãos humanas. Somos criaturas falíveis, por isso existem leis e manuais a serem obedecidos. Existem equipes. Um homem sozinho não pode ser o senhor da vida de outros. Quem coloca a vida de seus semelhantes em risco e até a morte, deve ser punido. A satisfação de desejos pessoais precisa ser controlada. Vidas humanas são perdidas diariamente apenas por desobediência e vaidade de alguns.

Que o acidente do Concórdia possa ser um  alerta para que não tenhamos a repetição de outras   “titânicas” tragédias.

 Edison Borba






terça-feira, 24 de janeiro de 2012

UMA HISTÓRIA FANTÁSTICA

Essa é uma história difícil de acreditar. O próprio nome do personagem  é cheio de ambivalência (tanto em língua portuguesa, quanto em química). Mesmo sabendo que, “quem conta um conto aumenta um ponto”, vale à pena conferir.
Ao terminar a leitura, aconselho reflexão sobre uma questão: - será que é tudo uma invenção do autor ou realmente existem situações semelhantes?
Fico aguardando contatos. Agora é hora de conhecer  a incrível história de Xenônio.
Seu pai era um famoso químico de uma grande empresa multinacional, e sua  mãe, laboratorista do INSS. Dessa união nasceu o menino carinhosamente batizado de Xenônio, nome de um elemento químico de número atômico 54, pertencente à família dos gases nobres, também conhecido como Xênon. Esse nome também foi cogitado para o menino, vencendo por sorteio o primeiro. 
Participaram da escolha do nome aqueles que foram escolhidos para ser seus padrinhos: um casal de bioquímicos de origem alemã, muito conceituado no ramo da farmacologia. Portanto, Xenônio cresceria abençoado pela química orgânica,  a inorgânica e também pela bioquímica.
Xenônio viveu num mundo diferente de qualquer outro menino da sua idade. Sempre envolvido com tubos de ensaio, pipetas, funis, reagentes e corantes, aprendeu desde cedo a dosar, centrifugar e decantar  um sem número de produtos o que para outras crianças só seria possível nos laboratórios escolares. Seus pais e padrinhos se encantavam a cada experiência realizada por Xê, como era carinhosamente tratado por todos.
Cresceu sem ter nenhum problema em manusear substâncias altamente tóxicas e corrosivas. Era capaz de manipular vidros contendo ácidos, álcool, éter, além de outros produtos, com muita firmeza e tranqüilidade. Fazia decantações, aquecimentos de lâminas com raro brilhantismo. Não tinha nenhum problema em colaborar com sua mãe, indo com ela para o laboratório de análises clínicas do INSS, onde ela manuseava urina, escarro, sangue e fezes de pacientes necessitados deste tipo de exames.
Apesar destas características desenvolvidas por Xê no mundo bioquímico, na escola ele era apenas um aluno mediano. Seus pais achavam que seu menino era um injustiçado e por esse motivo trocaram-no várias vezes de colégio. Sendo assim, Xê nunca conseguiu construir um grupo de amigos. Bastava a chegada do boletim escolar com as notas baixas, que seus pais o removiam de colégio.
Xenônio cresceu, terminou o ensino médio como um jovem solitário e, para surpresa de todos que o conheciam, anunciou que não faria vestibular para  Química, como era o esperado. Essa notícia explodiu em sua casa como a bomba atômica sobre Hiroshima. Seus pais e padrinhos não conseguiam entender tamanha loucura.
Depois de tanto empenho e dedicação. Depois de anos e anos imerso no mundo experimental dos laboratórios de química, ele faz uma opção absolutamente inversa a tudo que aprendera. Mas, como pessoas amadurecidas, aceitaram a escolha do filho.
Xenônio ingressou no curso de Direito aos 18 anos e, apesar de não estar matriculado na área da Química,  estava sempre experimentando, criando, inovando o que para muitos dos seus professores era uma grande dor de cabeça. Ele gostava de dosar os saberes, misturar os conhecimentos e obter novas propostas para os assuntos analisados.
Em pouco tempo tornou-se conhecido em toda a área acadêmica. Xenônio era símbolo da revolução universitária em todos os departamentos e cursos. Apesar de continuar um aluno mediano,  era um sucesso no campo das experimentações. Colegas vinham conversar com ele em busca de novos textos, interpretações e aconselhamentos. Xenônio era um grande consultor acadêmico, o que passou a lhe render um lucro extra. Seus atendimentos eram tabelados e seus honorários pagos em “cash”.
Xenônio não terminou seu curso acadêmico. Atualmente podemos saber notícias dele através dos jornais. A polícia vive tentando encontrar o famoso Xê,  responsável pelos mais brilhantes golpes aplicados na rede bancária do país. Comenta-se, pelos corredores, que ele tem ajudado  alguns políticos a manter seus paraísos financeiros muito bem protegidos.
Pense, reflita e responda:
Existirão personagens como esse em todas as sociedades? Em seu país, eles podem ser encontrados?
Fica o desafio!
         Do Livro DOIS EM CRISE – Edison Borba - Editora ALLPRINT / SP – 2010
                                                                                  

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

B.B. (BIG BAGUNÇA)

Vejam  que confusão
Será que houve ou não?

A modelo calada fica

E o rapaz se complica.

A sociedade espantada acompanha

E percebe que falta vergonha

Falta ética e moral

Nesse grande “temporal”.

Quem será que patrocina

Tanta sandice e bobagem

Que passa na televisão

Num país pobre e carente de melhor educação?

Dizem que o povo gosta

Assiste vota e contribui

Com grana e muito dinheiro

Para manter a ganância

Dos ricos patrocinadores

Que nem se importam com as dores

Dos que precisam viver

Lutando contra a maré

Dos dissabores da vida.

Atenção, muita atenção!

Senhores comunicadores

Os donos da mídia e jornal

A sociedade não merece

Esse tipo de espetáculo

Degradante e deprimente

Não merece isso não!

Usem  das suas forças

Na melhor  programação!



Edison Borba

sábado, 21 de janeiro de 2012

PREVISÍVEIS FINAIS

Interessante os folhetins novelescos, por mais complexa que seja a trama, quando o seu final se aproxima, tudo fica previsível. Acredito que não há como o autor fugir dos caminhos que vão se tornando óbvios, a cada dia.
Os segredos revelados, os casamentos, os nascimentos e a felicidade dos bons que triunfam sobre os maus. Quando algum escritor consegue mudar, sair do óbvio deixa a sua marca para sempre. Em “Vale Tudo” no último capítulo, Marco Aurélio, personagem de Reginaldo Faria foge do país com a mulher Leila (Cássia Kiss) e dá uma "banana" para o Brasil. Esse gesto ofensivo deixou marca registrada. O bandido e a assassina, fogem em grande estilo, deixando claro que o mau às vezes vence.
Um final, muito perto da nossa realidade, onde vemos constantemente o mal triunfando sobre o bem.
Muitas vezes, o autor para atender às espectativas dos “noveleiros”, patrocinadores e até mesmo da emissora, transforma bruxas em fadas e sapos em príncipes. Recupera e irrecuperável  sendo capaz de reunir todos os personagens num só local. E para adiantar o expediente final, revelam-se segredos, ocorrem regenerações e se dissolvem algumas dúvidas. Tudo num só capítulo, que muitas vezes é acrescido de mais alguns minutos.
Grandes novelas, decepcionam no final. Apesar de entendermos a posição dos autores, ficamos frustrados com alguns arranjos e composições inimagináveis.
Entre as diversas histórias, no momento, em exibição, destacamos “A Vida da Gente”. Bem escrita. Ótima fotografia. Personagens fortes. Lindas paisagens. Tudo muito bem trabalhado  e explorado.
Quanto ao final, vejamos:
Ana se torna grande treinadora de tênis. Prepara a filha do Marcos Prates que vencerá a sua oponente treinada pela terrível  Vitória.
Lourenço reconhece o filho e poderá viver um final feliz com a Dra. Celina.
Marcos Prates finalmente se revela como bom empresário e terá sucesso no turismo alternativo.
Podemos ainda arriscar:
Ana e a irmã,  serão boas mães e amigas acabarão felizes com a Manoela encontrando um príncipe na área da gastronomia.
Final feliz para o Dr. Lúcio e a médica, Lorena e Mathias, Nanda e o enteado.
Eva, Jonas e Cris ainda precisarão se regenerar.
Vitória sairá abatida das quadras.
Tudo será comemorado durante um baile organizado por Iná onde todos os personagens paticiparão dançando.
Provavelmente um beijo entre Ana e Rodrigo surgirá na tela junto com a palavra FIM.

Edison Borba

ABANDONO?

Jonas, mais  uma vez, sentado à mesa de um bar, chora as dores do abandono. Agora, homem maduro, bebe a perda de mais um amor. Um homem cujas atitudes, fizeram com que sempre fosse admirado e apontado como líder. No trabalho, seu dinamismo empolgava seus companheiros. Otimista, alegre, criativo, envolvente e  bom ouvinte. Em seu escritório, podia-se contar nos dedos os que ainda não tiveram a oportunidade de solicitar conselhos a ele. Um vencedor e aparentemente realizado. Essa era a imagem que todos os seus amigos faziam de Jonas.
Porém, havia algo complexo em sua vida particular. Em seus relacionamentos, ele sempre fora abandonado. Nunca partiu dele a iniciativa de terminar um caso. Desde jovem que esse fato se repetia. Agora, na maturidade de sua vida, sessenta anos, mais uma vez, ele estava sendo abandonado. O fato que mais o intrigava era os “términos” dos relacionamentos acontecerem sem nenhum sinal, isto é, não houve brigas e discussões preparatórias para o desenlace. Simplesmente, um dia, a parceria terminava, com um simples adeus. E todo o seu investimento, passava para  outro. Era como que ele servisse de “preparatório” para o vestibular do amor. Ele o mestre preparando alunos para uma bem sucedida aprovação.
Agora, sentado sozinho naquele bar, Jonas buscava uma resposta para as suas desilusões.
Ponto um – fato: ele sempre foi o abandonado.
Ponto dois – fato: nunca houve brigas preparatórias para o término dos relacionamentos.
Ponto três – fato: suas parcerias partiram, elogiando-o.
Ponto quatro – fato: todos os seus “casos” seguiram em companhia de outro.
Ponto cinco – fato: ele sempre ficava sozinho.
Ponto seis – fato: no relacionamento seguinte ele (Jonas) repetia tudo de novo.
Onde achar respostas para todos os fatos que ele conseguira listar. Lembrou-se que já passara por sofás de analistas, mas apesar do empenho dos profissionais, ele sempre se repetia. Portanto se tornou necessário, que agora, ele mesmo sozinho conseguisse juntar as pedras daquele quebra-cabeça, para tentar mudar a sua história.
Ponto um – fato: ele nunca realizou o seu sonho de ser pai.
Ponto dois – fato: a postura de amante se transformava em “paternalidade”.
Ponto três – fato: excesso de mimo para com a sua companhia (presentes, bombons, flores).
Ponto quatro – fato: a falta de diálogo adulto. Conselhos no lugar de conversa.
Ponto cinco – fato: sua bondade permissiva, deixava  a falsa idéia de que tudo era possível.
Ponto seis – fato: quem partiu não sentiu culpa. Estava apenas cumprindo um final de curso.
Após analisar todos os fatos, Jonas pediu mais uma bebida. Refletiu mais alguns minutos e partiu para mais um relacionamento paternal com “alguém” bem mais jovem que ele, que estava numa das mesas do bar.
Começava naquele momento mais uma história que terminaria em abandono.
Abandono?
Edison Borba

VERSINHO


                                                 PENSAR
                                                ESCREVER
                                                LER
                                               VIVER

                                               CONTAR
                                               SONHAR

                                              TELEFONAR
                                              CONVERSAR
                                              PLANEJAR

                                              REALIZAR

                       E NUNCA ESQUECER  DE  AMAR.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

VÁ A BORDO!

Uma simples expressão bastou para mobilizar o mundo. Um italiano, homem sério e ético, num momento trágico, disse para o comandante que abandonou seu posto, contrariando a regra que  o último a abandonar o navio é o comandante!
-“Vá a bordo!”
Volte ao seu lugar, assuma o comando, seja um homem ético, não haja como um covarde, cumpra com o seu dever, cumpra com as suas obrigações, saiba honrar  o seu juramento profissional, volte e salve vidas. Tudo isso numa simples expressão. Esse homem falou pelos menos favorecidos, pelos que sofrem preconceito, pelos que passam fome, pelos injustiçados, pelos desfavorecidos, pelos carentes, pelas crianças abandonadas e por toda uma população que se afoga em tristeza e sofrimento, por não terem “comandantes” sérios e dignos cumprindo com as suas obrigações.
Numa simples expressão ele expressou toda a angústia dos desvalidos. Foi o grito dos esquecidos.
Em todo o mundo, como num eco, ouve-se: vá a bordo, vá a bordo, vá abordo,  para todos aqueles que deixam de cumprir com as suas obrigações, para todos os que corrompem, subornam, roubam, matam, descumprem as regras, enganam e subornam. Para todos os que cometem grandes ou pequenos delitos. Todos, sem exceção.
Vá a bordo – políticos que abandonam seus eleitores à própria sorte após se elegerem!
Vá a bordo – profissionais da saúde que deixam de atender aos mais necessitados!
Vá a bordo – os que dirigem alcoolizados e matam sem piedade!
Va a bordo –  homens da lei (juízes e advogados) que libertam bandidos!
Vá a bordo –  traficantes que destroem pessoas e lares!
Vá a bordo –  famílias que trocam o amor pelo dinheiro e “produzem” filhos marginais!
Vá a bordo –  terroristas!
Vá a bordo –  preconceituosos!
Vá a bordo – os covardes que agridem crianças, mulheres e idosos!
Vá a bordo – os que maltratam e poluem o meio ambiente!
Vá a bordo – todos os que usam a fé, para enganar e rapinar os mais crédulos!
Vá a bordo –  os que utilizam os meios de comunicação para divulgar lixo social!
Vá a bordo –  os que desviam as verbas públicas para seus próprios bolsos!
Essa lista é interminável! Lamentavelmente poderíamos continuar desfiando um rosário de contas ruins de ratos que abandonam os navios.
Obrigado ao Senhor Comandante da Capitania dos Portos italiana Gregorio De Falco!

Edison Borba