domingo, 24 de fevereiro de 2013

ARVOREDOS

Saudade dos arvoredos
De formas as mais variadas
De suas flores
Perfumes
Das mangueiras poderosas
E da gentil pitangueira
Das goiabeiras em flor
Guardo em meu coração
Lembranças infindáveis
O imenso cajazeiro
Oferecendo seus frutos
De variados tamanhos
Das belas amendoeiras
Lembro-me  das folhas
Amareladas  no outono
Cobrindo como um tapete
Todo o nosso quintal
Que vontade de rever
A siriguela  encantada
Sempre repleta de frutos
O malandro Jamelão
Deixando-nos a boca roxa
Denunciava o ladrão
Da graciosa caramboleira
Perfeitamente   me lembro
De seu balançar com o vento
Os coqueiros enfileirados
Até pareciam soldados
Protegendo aquela casa
A simpática amoreira
Pertinho da casa ficava
Coladinha na janela
Ouvia nossas conversas
E pelo vento espalhava
Não podemos esquecer
Dos limoeiros festivos
Das saudáveis laranjeiras
Que junto com as tangerineiras
Nos  ofereciam sucos
Deliciosos saudáveis
E até caipirinha
Para alegrar a galera
Que curtia  balançar
Nas redes enfileiradas
À sombra dos arvoredos
Em tardes maravilhosas
Encantadas
De um tempo maravilhoso
Que não voltará jamais.

Edison Borba

 

 

 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

“MAUZAIMER”

Andar inseguro
Memória falha
Esquecimento
Suspiros
Solidão
Corpo envelhecido
Olhar perdido
Coração sem  ardor
Emoções sem sentido
Solidão
Ontem é hoje
Amanhã é igual
O tempo é vazio
Solidão
Não há lembranças
Não há saudades
Mãos trêmulas
Dias curtos
Noites longas
Solidão
Olhos sem brilho
Não existe  saudade
Alma perdida
Não sabe caminho
Anda sem rumo
Perdeu os sentidos
Não sabe o que vê
Não entende o que ouve
Nem sente mais dor
Álbum vazio
Fotos sem cor
Perdeu-se dos filhos
Nem sabe dos amigos
Sentimentos fragmentados
Nem  lembra do amor

Edison Borba

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A CIDADE DOS ZUMBIS

A indústria do cinema há muito tempo, produz filmes sobre zumbis, mortos vivos, vampiros e outras formas de seres. Algumas produções chegaram a grandes bilheterias, outras atendem apenas aos fãs de histórias de terror.
Esse tipo de filme além de lotar as salas, leva as plateias a grandes sustos. Namorados espertos convidam  suas amadas para se deleitarem com essas  películas. Suas frágeis “donzelas” apavoradas com as cenas procuram nos braços do amor, segurança e aconchego.
Terminada a sessão, as luzes do cinema se acendem e tudo volta à realidade, onde esses seres não existem. É hora da pipoca, refrigerante e a volta tranquila para casa. Os letreiros se apagam e apenas no próximo domingo os esquisitos seres do outro mundo voltarão a viver, apenas nas telas, para a tranquilidade dos espectadores.
Ledo engano! Infelizmente esses “monstros” escaparam das telas e sob a ação de uma substância poderosa, conhecida como crack,  ganhou uma “espécie” de vida e agora habitam as calçadas da cidade do Rio de Janeiro.
Não precisamos mais buscar nas escuras salas dos cinemas, pagarmos ingresso para termos contato com os mortos vivos ou zumbis. Um dos maiores cenários desse triste espetáculo está montado na avenida Brasil. Diversos pontos de filmagens estão lotados de atores e atrizes deste apavorante espetáculo. Homens, mulheres (algumas grávidas), adolescentes e até crianças compõem o grande cast de uma produção, que poderá ganhar o maior prêmio do cinema, o Oscar.
As cenas são dantescas. Nem o produtor do Titanic, ousou filmar momentos de tanta emoção. Os atores trabalham em grupos ou isoladamente.  Alguns se deslocam de um lado para o outro enlouquecidamente. Outros dormem nas calçadas, parte importante do cenário, que é ornamentado  pelo lixo. Garrafas, papéis, panos, móveis velhos, latas e tudo que a sociedade rejeitou, é usado para compor as cenas. E para aumentar a tensão, alguns atores se lançam entre os automóveis, caminhões e ônibus que trafegam pela via e num malabarismo incrível atravessam de um lado para outro, numa triste exibição de loucura.
A cidade dos Zumbis está em exibição em diversas outras avenidas, ruas, bairros e comunidades. O número de atores aumenta diariamente. Não há nenhuma exigência quanto a sexo, idade ou posição social. Os produtores deste tipo de história abrem espaço para os interessados, que após a primeira cena, são batizados como viciados.
Em virtude de reclamações de alguns segmentos sociais, a censura entrou em campo, exigindo a retirada do espetáculo de cena. Usando de agentes especializados, recolheu alguns atores e atrizes do palco. Existe a promessa de tirá-los do amadorismo e interná-los em lugares que os transformarão em atores dignos para outros papéis.
Lamentavelmente essas tristes cenas acontecem diariamente. É lamentável sabermos que será muito difícil interromper esse tipo de espetáculo. Enquanto uma indústria poderosa e clandestina estiver bancando a produção do produto estimulador, mais e mais atores dessa barbaridade chegarão aos sujos palcos da vida.
Enquanto isso, alguns teóricos, analisam o que se deve fazer: Prender? Tratar? Internar? Por vontade própria ou por repressão? Ninguém sabe com certeza o que fazer com tantos atores e atrizes dessa triste comédia social.
Que Deus OS e NOS  proteja! Amém!
Edison Borba

 

domingo, 17 de fevereiro de 2013

MINHA CASA

Minha casa não tem portas
E também não tem janelas
Em minha casa entra o sol
E sua luz vem da lua
Nela o vento circula
Produzindo lindos sons
Minha casa é pequenina
Como uma flor em botão
Minha casa é colorida
E também muito florida
Minha casa é cristalina
Como as águas de uma fonte
Minha casa é agradável
Perfumada e muito alegre
Nela recebo os amigos
Meus parentes
E viajantes
Não se nega pão e água
Nem palavras de amor
Sempre há um cobertor
Para aquecer quem tem frio
Em minha casa acolhemos
E a todos chamamos irmão
Minha casa fica perto
Ela é  meu coração.

Edison Borba

 

 

 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

COISAS DE VÓ

          Tive o prazer de conviver na minha infância, com duas adoráveis avós. Um delas mineira, bem tradicional. Mulher de boa mão na cozinha, era capaz de transformar  feijão com torresmo num manjar dos deuses.
A outra, portuguesa, nascida no bairro do Alfama, em Lisboa. Mulher que apesar de ter ficado viúva ainda jovem, manteve o luto até o final de seus dias. Também uma excelente cozinheira, ninguém fazia um caldo verde como o dela.
Cresci entre as histórias das Minas Gerais e os “causos” portugueses. Provavelmente por ser o neto mais jovem de uma grande família, eu tenha sido mais envolvido pelo carinho dessas duas incríveis mulheres.
Ambas ultrapassaram a faixa dos noventa anos. Faleceram de forma tão natural, que acredito  foram levadas por anjos.
Não adoeceram não se tornaram dependentes. Ambas viajaram para o plano superior, em suas casas, uma às vésperas do natal, trabalhando nos pratos para a ceia. A outra, numa ensolarada tarde de sábado, após ter servido o almoço para os netos.
Incríveis viajantes, se  foram sem atropelos, confusões ou doenças. Tudo aconteceu com calma e tranquilidade.
Essas duas mulheres muito influenciaram minha vida com suas histórias. Até hoje, lembro-me das observações. Tenho que confessar a maior parte delas, vieram por vias mineiras.
Vamos lembrar algumas:
- Colocar guarda – chuva deitado sobre a mesa, chama defunto em casa.
- Deixar sapatos virados com a sola para cima, traz más influências para a família.
- Derramar sal sobre a mesa ou no chão provoca briga no lar.
- Dormir com uma tesoura aberta em baixo do colchão corta dores no corpo.
-Assobiar à meia noite chama alma penada.
-Trocar as tampas das panelas faz a dona de casa ficar atordoada.
-Dizer palavras ruins atormenta nosso anjo-da-guarda.
-Deixar que um passarinho leve seu cabelo para o ninho causa dor de cabeça.
-Benzer a panela antes de colocar o alimento para cozinhar aumenta a quantidade e a comida fica mais saborosa.
-Se for a um enterro, toda a roupa usada deve ser colocada para lavar e os sapatos usados devem ser tirados do pé antes de entrar em casa.
-Passar em baixo de escada dá azar.
-Sentar à mesa sem camisa, para almoçar ou jantar,  afasta o anjo-da-guarda.
Acredito que essas e muitas outras crenças e crendices, eram usadas no processo educativo familiar. Era uma forma sutil de passar regras relacionadas à ética e aos bons costumes incluindo higiene.
Algumas ainda fazem parte do meu cotidiano uso-as de maneira tranquila, misturando-as com toda a tecnologia que existe no um mundo.
Apesar de acessar computador, celulares e outras maquininhas, não custa nada fazer o sinal da cruz, todos os dias ao levantar da cama para enfrentar um novo dia.
Edison Borba

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

QUERENDO ENTENDER

Eu só queria entender
Seu desamor
Sua falsidade
Sua maldade
Eu só queria entender
Por que  magoar?
Por que fazer sofrer?
Por que debochar?
Eu só queria entender
O que eu fiz de errado?
Quando  deixei de ser companheiro?
Quando  fui omisso?
Eu só queria entender
Onde está a sua tão apregoada religiosidade?
Como você consegue disfarçar sua verdadeira personalidade?
Como você está se sentindo agora?
Eu só queria entender
Que tipo de prazer existe em você?
Como consegues ser tão social?
Como?
Eu só queria entender
Como pude ser enganado por tanto tempo
E os nossos amigos? 
Acreditavam em sua ingenuidade.
Como foi possível envolver  tantas pessoas?
O que o  faz ser tão cruel?
Por que maltratar companheiros?
Teimo em não acreditar no que aconteceu.
Teimo em imaginar que foi um pesadelo
Teimo em negar meus instintos
Gostaria de perguntar
O que entendes por amizade?
O que entendes por camaradagem?
O que você pensa sobre o amor?
Vou seguir minha vida
Vou continuar caminhando
Vou continuar tentando entender ...
 
Edison Borba
 

 

 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

NOTÍCIAS

Bom dia brasileiros, hoje é quarta feira de cinzas, são sete horas e trinta e um minutos. O mundo católico acorda perplexo diante da notícia da renúncia do Papa. Hoje no primeiro dia da Quaresma, o Vaticano providenciou mudanças no ato religioso. Quais seriam os verdadeiros motivos que levaram à renúncia do Santo Papa?
Em São Paulo, os integrantes da Mocidade Alegre, comemoram o bicampeonato da agremiação carnavalesca. No Rio de Janeiro, foliões aguardam a leitura das notas que indicarão qual Escola de Samba será a vencedora do carnaval carioca.
Na cidade de Nova Iguaçu (RJ), mãe desesperada pede justiça pela morte de seu filho, que foi enterrado como indigente, apesar dela ter feito o reconhecimento do corpo.
Em Santos, litoral de São Paulo, um carro de som perde o freio e mata algumas pessoas. E no Recife (PE), o vestido de Alba Ramalho, rasga durante a sua apresentação. Uma peça caríssima e toda costurada com joias.
Em Salvador (BA), a população discute qual das cantoras, exibiu o melhor figurino, durante as apresentações em seus Trios. Essa é uma séria polemica, acompanhada com expectativa por toda a imprensa local.
Ainda na Bahia, a presidente do Brasil passeia de barco com os seus familiares, aproveitando o recesso do carnaval.
Discretamente uma notícia está no rodapé de alguns jornais: “Relatório inédito do Ministério da Integração aponta indícios de fraude em cinco dos 14 lotes da transposição do São Francisco, principal obra do PAC no Nordeste e cuja realização está atrasada em cinco anos”.
Na Inglaterra, a família real não aprova as fotos de lady Kate, grávida, usando biquíni.
Nos cadernos de beleza, uma notícia abala as folias: “uma boa noite de sono renova a pele e ajuda a retardar o envelhecimento”.
Turistas visitando a comunidade Santa Marta, no Rio de Janeiro, se encantam com a vista da cidade e  fazem comentários sobre a grande quantidade de lixo no local. Os visitantes eram canadenses.
Nos Estados Unidos, o presidente anuncia a volta de grande quantidade de soldados, até o próximo ano de 2014.
No Brasil, as emissoras de televisão discutem seus índices de audiência. Nessa luta pela conquista das melhores posições, tentam renovar suas programações, porém tudo continua sendo uma grande repetição de velhos programas.
Enquanto tudo isso acontece, o carnaval em Salvador (BA) deve continuar até sexta-feira da Paixão.
O calor continua forte em to o território nacional, o que poderá provocar fortes chuvas com enchentes, desabamentos, mortes e outras situações que a população já está acostumada.
O importante no momento é a dúvida sobre a campeã do carnaval do Rio de Janeiro e se a nova namorada do Neymar ficará ou não grávida do famoso jogador.
Amanhã mais notícias. Aguardem!
Edison Borba
 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

CAMAROTE, SEMPRE HAVERÁ UM.

          Durante os grandes acontecimentos, a distribuição do povo, obedece ao critério do valor cobrado pelo ingresso. Plateia, balcão, lateral, camarotes, galerias entre outros espaços. Alguns observadores afirmam que a animação é inversamente proporcional ao valor pago para assistir ao espetáculo. Quanto mais caro, menos animado, ou menos participativo, ou menos alegre, ou menos integrado, ou menos sei lá o que.
Quase sempre essa observação é verdadeira. A galera da galeria, geralmente, é a mais animada. Cantam, dançam, fazem movimentos corporais, se integram e se entregam ao espetáculo. Provavelmente, por não estar preocupada com os olhares dos fotógrafos e colunistas ou provavelmente apenas porque foram realmente assistir ao show, e não se apresentarem tirando proveito do espaço que o espetáculo propicia.
Essa situação pode ser observada durante o desfile das Escolas de Samba aqui no Rio de Janeiro, ou em outros lugares onde acontece o carnaval.  
O povão das arquibancadas mais baratas faz um show. Canta e dança com as agremiações carnavalescas. Não existe caras e bocas com sorrisos forçados,  existe caras e bocas alegres e felizes com o samba na ponta da língua e muita animação sem afetação. Quando os jornais publicam alguma foto do povão, podemos constatar a alegria e felicidade por estar ali naquele momento.
Porém, quando fazemos uma leitura das fotos dos camarotes, podemos ler, com algumas exceções, bocas forçadas, caras maquiadas, beijos fotográficos e muita vontade de estar em outro local, mas o dever social tem que ser cumprido.
É um bom divertimento olhar com calma e se possível com uma lupa, os sorrisos das celebridades. Alguns são tão forçados que até se parecem com máscaras de alguma fantasia. Os beijos são usados como chamariz para fotógrafos. Temos a impressão que o casal combina e ficam atentos para a aproximação do profissional da imprensa, para colarem as bocas.
Outro capítulo são as roupas, escolhidas  para causar impacto. Curtas, decotadas, justas, com brilho e com tudo que possa atrair as lentes das câmeras.
E o ponto alto do espetáculo fica para as entrevistas. Essas são de matar de chorar ou de rir. O que diz nas entrevistas feitas nos camarotes pode compor um bestiário nacional.
É carnaval e o que vale é a festa! Com máscara ou sem máscara são dias de alegria e se possível de felicidade.
            Vamos cair no samba, no frevo, no maracatu, no afoxé e seguir pela avenida!
Edison Borba

domingo, 10 de fevereiro de 2013

CARNAVAL DE CORES

Vamos misturar

O verde com o rosa
O azul com branco

Vamos colorizar
Vamos carnavalescar

Branco com vermelho

Lilás com verde
Amarelo com dourado

Vamos construir
Um arco – iris

Usando todas as cores

Vamos cantar e dançar
Vamos brincar

Vestidos de preto
Salpicado de bolinhas

Redondas e branquinhas

Ou será que é contrário
Bola preta em pano branco

Ou vermelho com azul
Anil com amarelo
É hora de misturar

Salpicar  com dourado

Ou então com prateado
Que é da lua a cor
Enluarando a avenida
Num carnaval de cores
Colorizando a vida

Edison Borba 

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

SEM VOCÊ


            Não quero viver sem você
            Não sei viver sem você

Só sei viver com você
            Só sei viver pra você

Mistério que não quero desvendar
            Não quero revelar o que sinto

Sei que você não sabe o que eu quero
            Você nem me conhece

Não sabe o que escrevo em meu diário
            É mistério

É segredo
           Guardado a sete chaves

É nó que não desato
            É  garganta fechada

É voz não falada
            É paixão não revelada

É gesto não realizado
            Não quero desfazer esse encanto

Prefiro viver sob um manto de dúvida e de sonho
            Não quero sofrer desengano e nem desencanto

Não quero mergulhar num oceano de pranto
            Prefiro viver com você em meu pensamento

Idealizo momentos de gozo e de paz
           Onde nunca é tarde ou cedo demais

Nunca é pouco ou muito
            Você é doce

É presença na ausência
           Que posso brincar e manipular

É você em minha loucura
            Que acredita que você está em mim

Nunca vou te perder
           Você está onde só eu sei
           Você nem sabe o que faço com seu corpo e sua alma
         
            Loucuras
            Minhas loucuras

Ah! Como é bom não ter e ter você de um jeito só meu
            Adormeço e acordo em meus braços
            Que vazios possuem seu corpo
            Às vezes me perco nessa loucura
            Mas prefiro ser louco e ter sua presença
            Que não é ausência
            Porque ainda não sabes que me amas
            E se não sabes, não tens a culpa de me deixar sozinho.

Edison Borba

 

 

 

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

GOSTAR OU NÃO GOSTAR – UMA QUESTÃO DE OPINIÃO

            A liberdade de expressão, exercida pelos cidadãos dos países democráticos, é sem dúvida um grande avanço no processo de cidadania.
Uma das piores condições vividas por um povo é não poder expressar opiniões, sem o medo de represália. Os países que tiveram a infelicidade de conviver com governos opressores sabem o quão terrível é não ter o direito de pensar e revelar  com segurança as suas opiniões.
Muitos homens e mulheres perderam a vida ou foram barbaramente torturados, apenas por terem expressado Seus pensamentos sobre determinado assunto, contrariando a posição dos governos opressores.
Porém, quando nos é garantida a liberdade de expressão, é muito perigoso, fazê-lo de forma leviana. Precisamos ter cuidado ao defendermos uma ideia ou crença para não agirmos da mesma forma que os antigos opressores, principalmente quando o defensor da questão é um formador de opinião, com livre acesso aos grandes centros de comunicação.
Pessoas dotadas do poder da oratória tornam-se perigosas quando defende de forma extremada o seu ponto de vista. Em se tratando do comportamento humano, ser contra ou a favor de uma determinada condição, pode estimular a adoção de reações selvagens, bem semelhantes às de  Hitler.
É assustador ouvir alguém expor de forma agressiva e violenta, as suas convicções, sem o cuidado com os seus semelhantes. Bradar, gritar e tentar impor suas ideias, sem perceber  que suas palavras  podem  colocar em risco à vida de terceiros.
A constituição, carta magna que rege as nações, garante a todos os cidadãos o direito a liberdade de escolha. Não é digno, dar a esse documento ou a qualquer outro, como é o caso da Bíblia, interpretações pessoais. Não é justo incitar ao preconceito de forma violenta.
Estamos correndo um grande risco, quando cidadãos ditos de bem, levantam bandeiras em defesa das famílias e dos lares. Não se defende uma causa em detrimento à segurança de uma nação.
A segunda guerra mundial começou com discursos inflamados, onde alguns oradores apontavam  grupos como responsáveis pelo desequilíbrio social.  Cidadãos de bem foram envolvidos pela palavra salvadora  surgindo os campos de concentração, que exterminou judeus, negros, homossexuais, ciganos e outros seres humanos, considerados “diferentes” e  capazes de colocar em risco o equilíbrio e pureza da raça humana.
É assustador constatarmos que em pleno século vinte e um, ainda exista posições preconceituosas, promovendo uma caça às bruxas, utilizando subterfúgios religiosos para mascarar suas verdadeiras intenções.
Precisamos ter cautela, principalmente quando palavras de fé e religiosidade são usadas com o intuito de servirem como salvação eterna.
Jesus pregou a paz, a harmonia e o amor, e não deixou nenhum documento autorizando quem quer que seja, usar o seu santo nome em vão.
Que Deus nos perdoe!
 
Edison Borba

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O CHARME DOS VILÕES

          Que me desculpem os galãs e as mocinhas, mas o charme dos vilões e vilãs,  é inquestionável. Chega-se em alguns momentos a torcer por eles. Na maior parte da trama, mostram-se mais inteligentes conseguindo representar  diferentes emoções. São personagens imprevisíveis, capazes de criar dúvidas em nossos sentimentos.
Atualmente, estão em exibição  em vários canais  folhetins que abrem espaço para essas criaturas do mal, fazerem a festa. Independentemente da atuação do ator ou atriz, a postura dos vilões é um prazer à parte.
Quem não fica inebriado com a presença da malvada Baronesa – Constância.. Capaz de amar e odiar na mesma intensidade. Entre o neto e a “nora”, ela passeia sentimentos múltiplos.
Vivendo situação opostamente semelhante, Berenice, é o espelho da Baronesa. Tão má e tão amante do seu companheiro, a quem manipula deliciosamente. Uma no castelo, outra na favela, mas ambas deliciosamente cruéis.
Podemos somar a essas duas vilãs, outra extremamente ferina, a mãe do delegado. Dona Eulália escondida pela batina do padre e as rezas de confessionário, é cruelmente maliciosa. É capaz de destilar seu veneno em meio às orações, numa crueldade cristã de dar inveja ao demônio.
Todas são maravilhosamente más. Suas presenças são marcantes, deixando as mulheres do bem, sempre atônitas com suas múltiplas formas de enganar.
Em outro canal, é a vez do galã  vilão. Escondido por uma aparência de bom menino, ele (Dagoberto) apaixona as mulheres que o rodeiam. Entre crimes e mentiras  encanta pela astúcia e aparência  de  menino carente, deixando a turma do bem, com suas vidas comprometidas com  suas artimanhas.
Viajando entre Brasil e Turquia, o russo encanta mulheres  experientes. Usando de um charme, oposto aos dos galãs bonzinhos, esse vilão é capaz de conquistar gatos e gatas com suas pegadas de  galã às avessas.
O personagem Wanda nos encanta pela capacidade de driblar a vida. Age com tanta naturalidade que às vezes chegamos a duvidar das suas intenções. Para ela o mal e o bem estão separados apenas por um ponto de vista, o dela.
E assim, as novelas mostram um lado desumano da vida. Sabemos que no final, o bem sempre vence o mal, apesar das dificuldades para se chegar a esse desfecho.
Os vilões são tão perfeccionistas, inescrupulosos, cautelosos e inteligentes que os autores se tornam suas vítimas. Para exterminá-los são obrigados a criar finais pouco prováveis de serem levados a sério.
A vida imita a arte ou a arte imita a vida: nesse quesito temos verdadeiros exemplos de que os maus vêm superando os bons. Não é necessário fazermos grandes esforços para encontrarmos exemplos em nossos dias. Quando abrimos os jornais, encontramos condenados eleitos para ocupar cargos de altíssima importância no país. Assistimos passivamente nossa sociedade apoiando os vilões, enquanto os mocinhos se perdem em discursos vazios.
Apesar de constrangido, tiro o meu chapéu para eles.
Edison Borba

domingo, 3 de fevereiro de 2013

FOME

Incontrolável fome
De você
Do  amor
Dos  beijos
Fome de você
De seu corpo
De cada poro
De cada parte
Fome
Vontade de te saciar
Matar-me
De vontade
Morrer de prazer
Me deliciar pra você
Me violentar por você
Totalmente
Quero
Por um segundo
Um minuto
Uma hora
Quero lamber seu suor
E sentir o sabor
Doce sabor
Amargo existir
Apimentado fazer
Misturar
Deglutir
Interiorizar você
Transformando-me
Numa deliciosa
Experiência
De morrer na fome
Do impossível
Prazer
De saborear você.

Edison Borba

 

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

CARNAVALESCO

Ando por ai
Ano todo
Vestindo fantasias
Sou arlequim apaixonado
Sou palhaço faço rir
Acrobata e malabarista
Me  equilibro na vida
Sou  mágico
Invento histórias
Sou artista
Represento
A cada dia um papel
Danço na corda bamba
Chegou o carnaval  
Eu posso ser - eu
Cara lavada
Corpo levado
No batuque
No balanço
Dos blocos
Na avenida
É hora de viver
De sair
Abrir a porta
E realmente ser
O que sempre desejei
Nas avenidas e ruas
Posso ser quem sou
Ninguém vai me perguntar
Ninguém irá estranhar
Quando me encontrar
Exibindo a minha cara
Deslavada e sem pintura
Sendo apenas uma criatura
Um cidadão
Eu sou eu.

Edison Borba