segunda-feira, 30 de setembro de 2013

CHORO DE PROFESSOR x GRITO DE LOCUTOR

          Hoje, 30 de setembro, o apresentador de televisão Gustavo Marques, gritou, gritou alto, clamou ao passar a notícia da ação dos militares sobre os professores da rede municipal de ensino, diante da violência dos policiais contra os educadores, que foram agredidos por cassetetes, gás de pimenta, empurrões e ameaças. O senhor Gustavo Marques, lembrou que os filhos dos policiais, possivelmente são alunos de alguns daqueles mestres e que os próprios policiais passaram pelas salas de aula. A sua revolta diante das câmeras de televisão, atingiu a todos os que acreditam que num país onde a educação e os educadores são tratados como marginais, não pode ser uma nação séria.
A indignação do profissional de imprensa deveria ser a de todos os brasileiros em todo o território nacional. Não apenas um grito pelo professor, mas principalmente gritos pela educação. Infelizmente, há muitos anos o que acontece com a educação das crianças e jovens brasileiros, em todo o território nacional, é de calamidade.
As propagandas enganosas,  espalham-se pelos meios de comunicação, dando a falsa impressão que temos uma educação de qualidade. Falta coragem para mostrar a real situação dos nossos estudantes nas mais distantes cidades do Brasil caboclo.
O que está acontecendo aqui no Rio de Janeiro, é apenas uma demonstração do que acontece em muitos municípios brasileiros. Profissionais da educação mal remunerados, acuados em suas salas, trabalhando em condições precárias.
A falta de professores especializados, em todo o território nacional,  deixa nossos estudantes sem aulas de diversas disciplinas, que mesmo sem ter o número de aulas previstas pelas Leis de Ensino, são aprovados. Porém, quando explode uma greve as autoridades, espalham aos ventos que as aulas deverão ser repostas. E as aulas que deixaram de existir, por falta de profissionais, quando serão realizadas?
 Infelizmente, as famílias não se dão conta que apena enviar os filhos para as escolas é garantia de aprendizagem. Escola não é depósito de criança e nem um grande refeitório para garantir alimentação. Escola tem que ser um local para aprender, para desenvolver as capacidades, para que nossos aprendizes se transformem em cidadãos capazes de discernir o bem do mal e os bons dos maus.
Escola é local para formar cidadão, capaz de aprender a escolher os seus governantes. Talvez seja por esse motivo que escola é um lugar perigoso para os nossos políticos.
Vamos imitar o apresentador Gustavo Marques, vamos gritar bem alto. Vamos nos indignar. Vamos apoiar os educadores brasileiros ou então vamos nos calar para sempre e acompanhar a decadência da sociedade brasileira!
Acorda Brasil!
Edison Borba

domingo, 29 de setembro de 2013

BRUXOS x PROFESSORES (Uma triste história da Carochinha)

           Houve um tempo, numa antiga terra chamada Brasilis, onde tudo o que se plantava germinava. Havia flores e frutos em abundância. O povo era feliz e cantava nas ruas e praças. Nas cascatas e rios as águas cristalinas eram uma dádiva da natureza. Os habitantes desta Nação aprendiam que a bandeira que os representava tinha as cores da felicidade: o verde era  suas matas, o amarelo o seu ouro, no céu sempre azul brilhavam as estrelas, e ao centro o lema: ORDEM E PROGRESSO.
Toda essa maravilha era passada de geração em geração por fadas, mulheres encantadas, chamadas docemente de “professorinhas”. Elas habitavam espaços coloridos conhecidos como escolas. Como numa colmeia, esses lugares eram divididos em casulos, as salas de aula, onde cada uma das fadas enfeitava com cartazes coloridos enaltecendo a terra Brazilis.
Essas mulheres se preparavam muito para receberem o título de fadas e voarem por todo o país preparando as crianças. Elas brincavam com as letras, juntando-as em sílabas e aos poucos as palavras eram reconhecidas pelas meninas e meninos que seguiam suas fadas madrinhas como num mundo mágico.
O tempo passou e o final da história não foi feliz. Bruxos e bruxas sabedores da transformação que as fadas estavam causando na população, através da transmissão de conhecimentos, resolveu agir antes que todo o povo, através da leitura e do esclarecimento que recebiam através das “professorinhas”,  resolveram agir.
Através de leis e regras passaram a controlar tudo o que se passava nas escolas. Nomearam vigilantes que camuflados se infiltraram no ambiente escolar. A situação ficou mais grave, quando descobriram que junto com as fadas, juntaram-se príncipes, também conhecidos como professores; ajudavam a combater o analfabetismo e  a alienação popular. Eles estavam transformando o povo daquela Terra em cidadãos capazes de pensar e questionar as leis e regras impostas pelos seus governantes.
Diante da gravidade da situação, os governantes coagidos e apavorados, enviaram tropas de soldados para punirem e prenderem as fadas e os príncipes. Publicaram editais com regras severas e rígidas ameaçando e tentando eliminar definitivamente todo e qualquer fada ou príncipe que tivesse a ousadia de continuar a contrariar o sistema. Diante da consciente resistência que esse grupo mantinha, os bruxos empunharam suas armas e numa tentativa de desespero tentaram aniquilar esses seres revoltosos. Uma luta feroz foi travada diante do povo, que a tudo assistiu sem nada fazer. Nem os artistas e intelectuais, considerados como seres capazes de interferir na opinião das cidades, moveu palha!
Essa historia ainda não terminou. Existe ainda a esperança, de que uma grande quantidade de homens e mulheres que conviveram com essas fadas e príncipes, percebam que a Terra Brazilis só será novamente uma Nação verdadeiramente democrática, quando os trabalhadores da educação, puderem trabalhar de forma digna. Caso isso não aconteça, em poucos anos a Terra Brazilis se afundará num grande mar de lama.
Edison Borba

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

UM PAÍS DE MUITOS PARTIDOS É UM PAÍS “RE- PARTIDO"!

         Um país de dimensões continentais. O maior da América do Sul. Um dos mais populosos do mundo. O que possui a maior floresta tropical do planeta. O que detém o maior reservatório de água doce da terra. O país das diversidades ecológicas e guardião da maior biodiversidade do universo, também teria que possuir uma enorme quantidade de partidos políticos.
Nesse caso, a quantidade, a diversidade e a pluralidade não beneficiam a população. Apesar dessa grande quantidade de partidos, aparentemente ser indicativo de liberdade democrática, acaba sendo refúgio de políticos sem escrúpulos, que pulam de sigla em sigla, não se fixando em nenhuma ideologia. Elas funcionam como disfarces para confundir o eleitor.
PDT, PC do B, PR, DEM, PMDB, PPS, PP, PSDB, PSB, PT, PSTU, PV, PTB, PCB, PSOL, PRTB, PSD, PT do B, PTN, PTC, PSL, PSC, PSDC, PMN, PCO, PRP, PHS, PRB, PPL, PEC, PPL, PF e PEN são as siglas partidárias, muitas, criadas às pressas para atender a ideais escusos dos homens e mulheres em busca do poder e das vantagens que esse poder irá lhes conferir.
O povo? Que povo? Democracia? Onde?
A dança dos políticos chega a ser grotesca, se igualando às festas onde os casais trocam de pares, numa orgia vergonhosa.
Às vésperas de eleições, o votante ou eleitor, tem que consultar uma cartilha para saber quem está onde e, com quem. Inimigos ontem, amigos hoje. Adversários em janeiro, aliados em fevereiro. Abraços substituem ofensas e acusações em aceitações. Tudo é efêmero na política do Brasil, com tantos partidos, fica difícil cobrar convicções e promessas. Em meio a tantas siglas o brasileiro nem sabe a qual partido pertence o seu candidato, e quando sabe, ao votar, não garante que até o final do mandato, ele continue filiado àquela sigla.
Um país partido, repartido e dividido. Um país sucateado e assaltado. Um país cuja democracia é de tal forma subvertida que chegamos a duvidar da sua definição.
Nas democracias verdadeiras, é o povo quem detém o poder soberano sobre o poder legislativo e o executivo.
Infelizmente no Brasil, o povo luta muito para ter os seus direitos respeitados. Educação, saúde, alimentação, habitação entre tantos outros itens de vital importância, se perdem em meio a tantos partidos.
Um país de muitos partidos é um país repartido.
Edison Borba
 

ELVYS PRESLEY E O ROCK IN RIO

            Mais uma vez, Elvys Presley, o rei do rock, não compareceu ao evento. Desde a primeira a versão em 1985, fãs aguardam a presença do maior entre os grandes.
Com licença de Elton John e Iron Maiden, a voz aveludada que nos leva ao Harlem, num misto de blue e rock, somente o ídolo dos olhos azuis conseguia fazer com maestria.
Com a benção de Alicia Chains, George Benson e Axl Rose é difícil substituir a sensualidade no palco do incrível menino rock. Ele suava, transpirava e nos emocionava com seus balanços e melodias numa batida que acelerava corações nos fazendo viajar nas maiores ondas do rock “pauleira”.
Com a permissão de Beyoncé e Bom Jovi, mas é impossível descrever a força e encantamento de ouvir “Love Me Tender” na sua inigualável voz.
Presley é uma lenda. Impossível imaginarmos outro interpretando “That’s all Mama”, “Love Me”, “Heartbreak Hotel” e “Memories”. Ele e sua guitarra se tornavam únicos no palco. Ela se transformava em parte integrante de seu corpo. Bailarino, sedutor sabia conquistar homens e mulheres. Elvys era pura paixão. Enternecia e encantava crianças com rocks alegres, balançados nas areias do Havaí ou em Acapulco. Em tramas inocentes,  rodeado de garotas, ele alegrava nossas tardes nos cinemas com “This Is May Heaven”, “Paradise, Hawaiian”, Fun in Acapulco” e “Easy Come, Easy Go” dos filmes: No Paraíso do Havaí, O Seresteiro de Acapulco e Meu Tesouro é Você.
Galã e roqueiro. Dramático e infantil. No palco envolvido por sua banda, ele era gigante. Sua voz um dom divino. Cantava com todo o corpo, com um timbre de voz inigualável fazia as melodias brotarem de seus poros. Ele tinha o rock nas veias. Era capaz de nos levar aos campos para participar de rodeios, quando atacava de country e de nos fazer chorar ao som gospel. Em “Bridge Over Troubled Water” Presley nos transporta por águas turbulentas e musicais e nos arrebata quando em “Kiss Me Quick” dança frenético com sua guitarra.
Elvys não veio ao Rock in Rio. Não foi convidado. Talvez, o atual grande público não tenha ouvido “It’s Now Or Never”.
 Quem ouve se apaixona, solta o corpo, balança, vira fã, enlouquece, pede bis e jamais esquece o Rei do Rock – Elvys Presley!
 Edison Borba
 
 

 

 

 

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

LUTADORES - PROFESSORES

                       Professores

Policiais

Passeatas

Pancadaria

Pimenta

Paus e pedras.

Promessas

Processos

Prisioneiros

Polícia

Pânico

Políticos

Prisão

Papéis

Provas

Pesquisas

Pastas

Planos

Privilégios?

Propostas?

Patrões?

Pensamentos!

Paixão!

Paz!

Professores

Pensadores

Educadores

Sonhadores

Lutadores

Vencedores!

Edison Borba

 

 

A GUERRA DO TRÁFICO CONTINUA

          São 7h 14min, do dia 25 de setembro de 2013,  emissoras  de televisão mostram ao vivo, intenso tiroteio entre bandidos de quadrilhas rivais. A disputa pelo território passou a ser uma constante entre traficantes que migraram de comunidades, ocupadas pelas UPPs. Agora às 7h20min, os policiais chegam para intervir nessa batalha, tentando impedir que o fogo cruzado continue, ameaçando os moradores do local (Serrinha).
Em dezembro de 2011, abordei o tema “Migração no Tráfico”, no livro “Complexo de Viúva e outras crônicas”.
Leiam e reflitam sobre o tema! Edison Borba
 

                                           MIGRAÇÃO NO TRÁFICO

“Hoje, sábado, dia 10 de dezembro, uma emissora de televisão, apresentou em seu noticiário matinal, bandidos desfilando pelas ruas de uma comunidade, portando armas de alto calibre. Apesar do bom trabalho que as polícias do Rio de Janeiro, estão fazendo com as implantações das UPPS (Unidades de Polícia Pacificadora) em diversas comunidades, ainda há muito a ser vencido. A cidade e o estado do Rio de Janeiro possuem uma condição geográfica, difícil de ser mapeada. Vivemos entre o mar, montanhas, lagoas e rios e o crescimento populacional se fez de forma desordenada. Sem uma orientação urbana, o aumento populacional, criou verdadeiros complexos difíceis de ser percorridos.

Nem o labirinto, erguido pelo rei Minos, em Creta, era tão complicado. E explicação, é simples, o labirinto grego, foi  criado a partir de uma estrutura bem elaborada por Dédalo. Os  do Rio de Janeiro surgiram a partir das mais diversas concepções arquitetônicas.

As casas foram construídas conforme a vontade e o poder aquisitivo de seus proprietários, que também foram  os engenheiros das suas moradias. Foram nascendo, coladas umas às outras formando incríveis becos e vielas das mais diversas dimensões.

Os mais inteligentes e preparados engenheiros e arquitetos do mundo, não teriam imaginação para construir em lugares e situações absolutamente improváveis. Existem pequenos casebres que desafiam as leis da gravidade. Equilibrados sob pilares, se equivalem à Torre de Pisa.

A intercomunicação entre as casas permite àqueles que residem na localidade, grande facilidade de deslocamento. Enquanto que os “forasteiros” precisam apelar a Teseu para conseguir se locomover neste incrível labirinto.

Existem residências dos mais variados tipos. Madeira, papelão, zinco, cimento e tijolos são materiais usados pelos “construtores” das comunidades. Casas bem elaboradas,  de bom padrão, misturam-se aos casebres mais pobres, conferindo ao local uma incrível e variada concepção de “cidade” bairro. Uma desordem organizada chega a fascinar nossos olhos.

Esse tem sido um dos problemas enfrentado por nossos policiais. Outra questão refere-se ao conhecimento territorial. Alguns “meninos” do tráfico nasceram e foram criados naquele local. Conhecem cada cantinho, cada viela, cada rua e beco, além de estarem familiarizados com os hábitos dos moradores.

Ainda existem diversas comunidades dominadas pelos senhores do tráfico e por milicianos.

Ainda existem ordens que se não forem cumpridas, o castigo será o mais severo possível. A compra de botijões de gás, o uso da eletricidade e até o número de propriedades está sob o controle da máfia. Nenhum morador poderá ter mais de uma moradia. Caso tenha conseguido construir uma segunda casa, essa última, passará  às mãos dos senhores locais.

É impossível imaginar, as condições de vida dos habitantes que ainda estão em locais controlados pelo “pó”. Os noticiários, aos poucos vão repassando dados secretos, que não podem ser revelados sob pena de morte.

Novos caminhos para a liberdade estão sendo abertos. A prisão dos poderosos, a retirada de armas, a implantação de serviços básicos reconhecendo as comunidades como bairros, com os mesmos direitos de que mora em Ipanema, Méier, Leblom, Tijuca, Inhaúma, Jacarepaguá, Pavuna ou em outras cidades é que irá transformar o nosso Estado, num local onde todos os cidadãos merecem ser  tratados com dignidade e respeito”.

Edison Borba – Livro: COMPLEXO DE VIÚVA E OUTRAS CRÔNICAS

Editora All Print / S.P.

 

 

 

MEMÓRIAS ELETRÔNICAS

       Numa reunião de amigos, dessas que fazemos uma vez ao ano para contabilizarmos a saudade, novidades e “abobrinhas”,  chegou o momento de apresentarmos os filhos e netos através de fotografias. Nessa hora, houve um pequeno tumulto em torno de celulares sofisticados, nos quais estavam inseridas as nossas memórias. Foi, complicado e confuso quinze pessoas tentando entender os mecanismos eletrônicos de cada um dos aparelhinhos. O que era para ser um momento de prazer tornou-se uma “orgia” de mãos e braços, óculos e olhos, numa luta para tentar ver nas pequenas telinhas a grande quantidade de imagens.
De volta para casa, fui até a gaveta do armário do quarto e encontrei dentro de uma caixa de papelão (aquelas usadas nas sapatarias) fotos de familiares, amigos animais de estimação e de lugares por onde andei.
Sentei-me, sozinho e fui admirando cada rosto, paisagem, risos, abraços, poses, brincadeiras, momentos de felicidade, armazenadas naquelas fotos, que pude manusear tranquilamente uma a uma, tentando reanimar dentro de meu peito as emoções. Fechei os olhos e com as fotos esparramadas ao meu redor, pude fazer uma linda viagem.
Revi amigos, brinquei com meus irmãos, senti o gosto do bolo dos aniversários, visitei lugares ruas e praças e antigas residências que já não existem mais. Foi um momento lindo e maravilhoso, que pude aproveitar, em companhia das antigas fotografias.
Como será que meus filhos e netos farão, quando estiverem com a minha idade? Espalharão pelo quarto diversos celulares? Abrirão as telas dos computadores e farão desfilar uma a uma, os milhares de fotos armazenadas em arquivos? E quando a saudade bater e der vontade de beijar um rosto amigo? Beijarão as telinhas “celuláricas” ou se abraçarão aos computadores rolando pela cama, lembrando momentos incríveis?
O tempo passa e os costumes mudam, mas emoções sempre serão as mesmas, o nó da questão está na forma que haverá de ser descoberta para relembrar os bons momentos da vida através da memória eletrônica.
Edison Borba
 

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ESPIONAGEM x MALANDRAGEM

           Interessante o discurso da nossa Presidente, na reunião das Nações Unidas. A veemência usada por ela foi ouvida com atenção por representantes de diversos países e o seu clamor contra a espionagem, repercutiu para milhões de habitantes dos cinco continentes.
Espionar, espiar, olhar, observar é comum aos seres humanos desde a época das cavernas,  mas,  isso não justifica que nações observem umas as outras como vigilantes do peso, costumam fazer em épocas de regime, para o controle do peso.
Mesmo que o terrorismo seja algo abominável, o ato de espionar é por si só uma questão a ser analisada e repudiada.
Porém, nós brasileiros ficaríamos muito felizes se a mesma voz que clamou contra a espionagem, também se fizesse ouvir contra a malandragem. Talvez fosse o momento da  Presidente, colocar escutas, câmeras e vigilantes em sua própria casa. Nos corredores do senado e na câmara de deputados e em outros segmentos do seu poder, para tentar coibir o tanto de malandragem que acontece sob o seu nariz.
Infelizmente é muito triste para nós, ouvirmos a nossa Presidente repudiando, a espionagem internacional enquanto em seu país trágicos acidentes estejam ocorrendo. Há anos que o Brasil vive sob o domínio de guerrilheiros engravatados. Quem sabe ela não aproveita os dados colhidos pelos americanos para analisar as negociatas e desvios de verbas que ocorrem em nosso país. Somos um país democrático, cercados de países democráticos, que não podem ser espionados por sistemas tecnológicos capazes de mergulhar nos meandros  de pessoas e empresas violando os direitos humanos.
Lindo e correto discurso, porém esse mesmo discurso deveria ser usado para os diversos estados e municípios brasileiros onde  a miséria é garantida pela cobiça de governadores e governadoras, prefeitos e prefeitas, que agem de forma libertina sem que nenhuma atitude seja tomada para deter tanta falcatrua. Mesmo diante de câmeras de vigilância a roubalheira continua. Homens e mulheres trabalhadores continuam morrendo nas filas dos hospitais e a exploração do povo também é feita sem nenhum pudor.
Senhora Presidente, concordamos com as suas palavras proferidas na ONU, mas elas se tornam vazias, quando não aplicadas em nosso país.
É triste vermos a Senhora, elegantemente vestida para nos representar diante de tantas nações, vendendo uma imagem que não é muito verdadeira. Talvez as obtidas pela espionagem pudessem revelar o que realmente acontece em nosso Brasil.
Edison Borba

DEUS ERA BRASILEIRO

          Houve um tempo, que nós brasileiros, declarávamos aos ventos, que Deus era brasileiro. O próprio Papa Francisco, reafirmou essa questão.
Aqui na república das bananas não havia terremotos, ciclones, maremotos e outros fenômenos da natureza, tão comuns em outros continentes. As nossas queixas eram apenas em relação aos nossos políticos. Caso, a natureza também nos premiasse com as suas extravagâncias, a nossa vida seria extremamente mais difícil. Porém, ela está zangada e enviou  vendaval, chuva forte, enchente e prolongou a seca no nordeste. As terras deslizam, os rios transbordam, cai neve no sul e até nas Minas Gerais, dos meus amores, os tremores aconteceram.
Acreditamos que Deus mudou a sua nacionalidade. Cansado de tantos desmandos e vendo que seu nome poderia ser manchado, em virtude dos julgamentos de fachada, corrupção, desvios de verbas e outras “maracutaias”, nosso Mestre, retirou do seu passaporte a nacionalidade brasileira. A sua nova Pátria, ainda permanece um mistério. ELE, a mantém em segredo. Sendo assim, o povo brasileiro, pergunta: “E agora José?”
Drummond nos socorra nos indique o caminho. São muitos Josés e muitas Marias, gordos magros, negros e  brancos, trabalhadores e desempregados todos perdidos procurando caminhos.
E agora José? A festa acabou e Deus “se mandou”, cansou de ajudar e de proteger. E agora José? O que vamos fazer? E se você gritasse? Se você gemesse? Se você saísse às ruas juntando-se a outros Josés e outras Marias? Fizesse passeata, agitasse  um protesto, sem medo e sem muito enredo, tocando samba e até valsa vienense.
E agora José, você ainda acredita em discursos e nas palavras políticas?
Cuidado José não vá dormir e nem descansar, você é duro, você é forte, você é imortal! Você não foge a luta, você é brasileiro, você acredita que tudo pode mudar, se você aprender a votar!
E agora Josés? E agora Marias?
Edison Borba

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

novamente - (ARRASTÃO EM IPANEMA) novamente

Rio de Janeiro, 20 de setembro de 2015.
Novamente - novamente num domingo (ainda no inverno), dia 20 de setembro, arrastões (desta vez no plural) voltaram a assustar a população da Cidade Maravilhosa.
Gente chorando, gritando, correndo. Policiais atônitos, perdidos no meio da confusão. E a cidade sendo coberta por um manto da vergonha diante dos olhos do mundo.
Enquanto os problemas sociais não forem tratados como prioridade, os arrastões continuarão a acontecer, e cada vez mais violento. Desta vez, o que se viu no Rio de Janeiro, foram arrastões acontecendo fora da orla, longe das praias.
Com a chegada oficial do verão, é possível que voltemos a escrever sobre este tema, que eu particularmente, escrevi sobre ele em 2011, portanto os anos se passaram e o problema só se agravou.




Rio de Janeiro, 23 de setembro de 2013, os telejornais da manhã, noticiaram:
“Menores foram apreendidos após realizarem um arrastão na Praia de Ipanema, no Rio de Janeiro. O grupo atacou banhistas e roubou carteiras e outros objetos pessoais. Como as vítimas, entre elas turistas estrangeiros, não foram até a delegacia, os menores foram liberados”.
Em julho de 2011, escrevi a crônica, DOMINGO, publicada no livro “Complexo de Viúva”. Leiam e tirem as suas próprias conclusões, após dois anos.                                                  
                        DOMINGO – julho de 2011 (Rio de Janeiro)

 

“Sol brilhando, brisa suave, mar azul, água morna e céu de brigadeiro.

É domingo! Um lindo dia de verão.

Carioca não gosta de dias nublados, reza para não cho­ver e ama fins de semana na praia. Depois do trabalho, o lu­gar mais democrático do mundo é a areia. Olhar as ondas num vai-e-vem ritmado é terapia que relaxa, inebria e acal­ma ajudando a manter o equilíbrio, restabelecendo as forças para continuar na lida.

Na imensidão do areal não há distinção de raça, cor, religião, profissão ou qualquer outra condição capaz de se transformar em preconceito.

Alguns vieram de carro, outros de bicicleta, ônibus ou metrô. Na areia se misturam sob as coloridas barracas. Corpos magros, gordos, barrigas de tanquinho ou de chopinho, celulites e silicones democraticamente buscam o melhor bronzeado.

Ambulantes alardeiam seus produtos: pastéis, biscoitos e mate gelado. Crianças correm, atletas praticam frescobol e os mais afoitos se exibem em mergulhos olímpicos. Castelos de areia são construídos por mãos infantis.

Porém, neste plácido domingo carioca uma onda se formou. Não uma onda marítima, daquelas que os banhistas esperam para mergulhar. Sem que ninguém soubesse como ou por que, ela avançou sobre tudo e todos, num sentido contrário ao balanço do mar, levando o sol, o domingo, os risos, os sorvetes, os castelos e, principalmente, a felicidade.

Uma onda social, humana, gigantesca que destruiu a doce ilusão de um domingo de verão.

O arrastão levou sonhos, causou dor, feriu a cidadania.

O arrastão de longos anos de vida que, arrastada pela miséria, conduz ao crime o cidadão faminto.

O arrastão daqueles que veem o tempo passar, se arrastando em horas de espera. Espera sem tempo, sem alento, dos que não têm porque esperar e ainda teimam em viver, em filas de espera na vida sofrida dos que nada têm a perder.

O arrastão do medo, da fome e da insegurança, do hábito de viver mal, o mau viver num domingo de sol.

O arrastão que atraiu a multidão vadia até a praia, formou, uma onda que não molhou o corpo, mas os olhos dos que sofreram a perda da paz”.

 Livro “COMPLEXO DE VIÚVA E OUTRAS CRÔNICAS”

Editora All Print / SP – 2012 – Edison Borba



 

domingo, 22 de setembro de 2013

AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE! ( a triste sina dos professores)

          Em todos os lugares do mundo a profissão “professor” é apontada como a mais indispensável. Essa importância, que coloca o mestre acima de todos os outros profissionais, está na simples razão de que nada se aprende sem ter que ensine.
Em mais de quarenta anos de exercício do magistério, ajudei a formar os mais diferentes profissionais: médicos, professores, garçons, balconistas, advogados, bancários, cozinheiros além de outras profissões. Lamentavelmente, nem sempre tive êxito. Alguns dos meus pupilos tornaram-se traficantes, prostitutas e já chorei ao saber da morte de alguns. Felizmente, o saldo positivo é superior e compensa os anos de trabalho.
Dentro desse contexto, encontram-se também os políticos. Já recebi propaganda de exalunos que buscavam conseguir vaga como vereador, deputado e até prefeito. Alguns lograram êxito e hoje ocupam cargos de relevância no cenário nacional. Às vezes leio seus nomes em colunas de jornais e lembro-me dos seus rostos, no meio da classe tentando responder alguma questão da aula. O que mais me deixa intrigado é saber, que este cidadão, que participou das minhas aulas, hoje é um perigoso carrasco, que esqueceu todos os ensinamentos sobre humanidade e democracia.
Diante do movimento de greve dos profissionais da educação, causa-me espanto saber que prefeitos, governadores, secretários e demais senhores  e senhoras da política brasileira, que um dia ocuparam as salas de aula e que aprenderam as primeiras letras através do trabalho de professores tornaram-se insensíveis e cruéis. Não se preocupam em humilhar, desdenhar, amedrontar e até ameaçar àqueles que  foram seus orientadores.
Triste sina a nossa de professor! Preparar os próprios  algozes. Ensinamos a ler e a escrever, apontamos caminhos e batalhamos para que em nossas salas de aula, o ambiente possa ser o mais democrático. Ensinamos o valor dos números, dos mapas e da natureza. Explicamos a importância da saúde e orientamos as formas de manter o corpo e a mente, equilibrados. Ajudamos a caminhar para o mundo e infelizmente alguns usam de seus poderes para punir seus mestres.
Será que é isso que chamam de sacerdócio?
Será que ser professor é ser um mártir?
Será que educar é um ato perigoso?
Ensinamos o religioso e o bandido. O operário e o político. Estamos lidando sempre com as extremidades sociais e muitas vezes preparamos aqueles que um dia se voltarão contra nós.
Pai afasta de mim este cálice!
Edison Borba
 

sábado, 21 de setembro de 2013

FAMÍLIAS MORTAS

            Há semanas, o Brasil, mais especificamente São Paulo, se comove com a morte de famílias. Tiros, envenenamentos, estrangulamentos e asfixia são alguns dos métodos usados para o extermínio de pais e filhos.
            Tudo começou com uma família que supostamente, teve como carrasco o filho adolescente. Pai, mãe e avós foram assassinados e o menino suicidou-se. Tudo permanece ainda envolto em mistério.  Muitas hipóteses estão sendo analisadas e o caso continua sendo um grande desafio para a polícia.
            Ainda em São Paulo, um homem, provavelmente desesperado pelo desemprego e a falta de condições para cuidar de seus familiares, envenena a esposa, os filhos e segue com os seus queridos através do suicídio.

Lembrando o poeta Gonzaguinha:

Um homem se humilha
Se castram seu sonho
Seu sonho é sua vida
E vida é trabalho...

E sem o seu trabalho
O homem não tem honra
E sem a sua honra
Se morre, se mata...

 

            Mas, os noticiários, não descansaram,  a seguir, mãe mata as duas filhas. Enforca, asfixia e tenta morrer, após matar  o cãozinho de estimação. Uma questão tomou conta de todos: “o que levaria uma mulher, mãe, assassinar as próprias filhas?” Numa atitude que contraria todos os poemas e pensamentos, que enaltecem a figura maternal, como sendo o do “anjo protetor”.

            No último final de semana, os jornais chegaram às ruas com a trágica ocorrência, mãe e quatro filhos,  encontrados mortos por envenenamento. Vários questionamentos foram realizados e a situação ainda continua envolta em uma nuvem misteriosa.

            Famílias mortas! Que motivos estão sendo considerados para que tantos crimes e suicídios aconteçam no local mais sagrado do mundo – o lar?

            Aquela singela fotografia, com os pais sentados tendo ao seu redor os filhos posicionados por ordem de nascimento, descoloriu, perdeu-se no tempo e já não faz mais sentido. Que motivos estão exterminando esse grupo?
            Mesmo com a diversidade de casais e a troca de pares.
Mesmo com o divórcio e a banalização do casamento.
Mesmo com o verbo amar trocado pelo ficar, mesmo assim, o respeito às relações humanas não pode ser perdido.
            A morte das famílias possivelmente esteja acontecendo através do envenenamento das almas. Morre-se diariamente quando o amor sai das nossas vidas. As armas surgem apenas para completar o que já está acontecendo.
            As relações familiares, não estão suportando nossas agendas, nossos compromissos, nossos celulares, nossa falta de tempo para conversar e trocar afeto.
            Muitas famílias estão morrendo diariamente, faltando apena a mão para empunhar a arma e o dedo para acionar o gatilho.
Edison Borba
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

RIR OU CHORAR? EIS A QUESTÃO!

         Creio que todos os brasileiros de bem, todos os trabalhadores honestos e éticos acordaram com uma sensação estranha, uma vontade de chorar ou talvez de rir. Quando os circos abrem suas lonas e exibem os espetáculos com seus palhaços, a nossa reação é de rir. Rir muito! Às vezes, quando a comédia é boa,  choramos de tanto rir.
Infelizmente, o Brasil está, lamentavelmente, promovendo grandes espetáculos circenses, onde os palhaços não estão no picadeiro. Nós o povo é que estamos ostentando o nariz vermelho e roupa colorida.
Até quando vamos aguentar a “armação” das lonas que cobrem nosso senado e câmaras de deputados e vereadores?
Até quando vamos aguentar as piadas dos nossos políticos?
Até quando vamos nos manter estáticos diante de tanta palhaçada?
Temos um Congresso desmoralizado e um Judiciário seguindo o mesmo caminho. Nossos Juízes, vestido de preto e com aparência de seriedade, levaram a população ao riso ou às lágrimas. Estamos diante de um grande escândalo, que confirma claramente que no Brasil a justiça é cega para o que lhe interessa.
Não há mais como acreditar na seriedade de muitos dos nossos magistrados, que preparam espetáculos teatrais e encenam grandes farsas.
Nos anos sessenta, uma frase, que foi atribuída ao então presidente da França, Charles de Gaulle, “o Brasil não é um país sério”, torna-se cada vez mais verdadeira.
É melhor liberar todos os envolvidos, fechar a “casa”, e marcamos um encontro na pizzaria para degustarmos boas fatias dessa iguaria, acompanhados de muitos chopinhos  gelados.
Rir ou chorar, eis a questão!
Edison Borba
 
 

 

 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

PROFESSOR! QUE CRIATURA É ESSA?

O que é um professor?
O que é ser um professor? O que faz um professor? Professor é educador? O professor deve confessar sua religião para os alunos? E o seu partido político? Um professor pode ou deve demonstrar preferências? Os professores são criaturas que devem ser imitadas? Professores são modelos? Professor tem autoridade para intervir em questões disciplinares graves? Como as leis atuam, quando um professor tenta apartar uma briga de alunos? Como pensa um professor? O que é um mau professor? Existem professores bons? Qual é o perfil deles? Professor tem que ser amigo? Os alunos confiam nos professores? Professores podem usar gírias? As famílias confiam nos professores dos seus filhos? Um professor deve manter a neutralidade diante de um debate? Professor é sempre professor, dentro e fora do local de trabalho? O que a sociedade espera deles? Magistério é uma boa profissão? Nossos jovens querem seguir essa carreira? Professor pode perder o controle? Professor deve se manter atualizado?
 
É necessário refletirmos sobre estas e muitas outras questões, antes de julgarmos os movimentos promovidos pelos profissionais da educação. Quando esses trabalhadores saem às ruas. Mais do que julgá-los, é preciso entendê-los!
 
Nos corredores das Unidades de Ensino é possível ouvir dos estudantes algumas observações sobre esses profissionais, como:
O meu professor é: confuso, não explica bem, é bonzinho, ignorante, antiquado, compreensivo, não sabe a matéria, é muito legal, é amigo da turma, esnobe, idiota, narigudo, mal vestido, besta, grita muito, estressado, boa gente e eu me amarro nas aulas dele.
Ser professor é estar sendo analisado e julgado constantemente!
 
Em sala de aula, o que perguntam os alunos aos seus mestres?
Esse assunto vai cair na prova? É pra copiar? Tinha que trazer o livro? Já fez a chamada? Por que você veio hoje? Era para estudar essa matéria? Não ouvi você avisar? Esse assunto é difícil? Posso ir ao banheiro? Pode repetir? A prova está fácil? Trouxe as notas? Não entendi, pode explicar de novo?
Essas e outras perguntas são respondidas diariamente, semanalmente e anualmente centenas de vezes, pacientemente, exaustivamente, mesmo quando o trabalhador da educação está vivendo dias difíceis em sua vida particular.
 
O que os professores repetem exaustivamente para suas turmas?
Atenção para a chamada! Esse assunto vai cair na prova! Abram seus livros na página cinco! Quem fez as tarefas de casa? Não vou mais repetir! Eu avisei que era para trazer uma folha! Estudem! Prestem a atenção! Essa é a última vez que eu aviso! Vamos sentar, por favor! Tragam o material para a próxima aula! Desliguem os celulares! Parem de conversar e copiem! Como eu estava explicando! Por favor, este assunto é importante para a vida de vocês!
É um repete e repete. Mais uma vez. Outra vez. Pacientemente. Não se trata apenas de repetir conteúdos, é preciso manter uma relação humana.
 
Apesar de tudo isso é maravilhoso ser professor. Não se trata de sacerdócio, é profissão, é trabalho. Exige esforço, suor, lágrimas, sorrisos, persistência, paciência e muita capacidade de compreender o outro. É ser pai e mãe. Ter orelhas grandes e coração maior ainda. Boa garganta, saber lidar com as mais variadas questões e ser juiz de pequenas causas. É ouvir as mais diferentes histórias das vidas de seus alunos. Conselheiro. Inspirar confiança. Ficar feliz com as férias e mais feliz com o retorno.  É ganhar salário pequeno, mas ser grande como cidadão. É olhar cada aluno com esperança. Ser forte, mesmo quando está carente. Ficar emocionado com sua turma. Viver diariamente, novas experiências e repetir o mesmo assunto como se fosse pela primeira vez.
Saber que o seu valor é bem maior que seus rendimentos e que a opressão exercida pelas autoridades e políticos é por medo da força que os profissionais da educação exercem sobre o povo. 
Se manter firme na luta de que vale a pena educar para libertar. Nação cujos cidadãos conhecem seus direitos e deveres, ameaça os maus governantes, e que a força está no processo educativo.
É ficar orgulhoso com o sucesso das suas turmas e ter a certeza que, suas palavras jamais serão apagadas do coração dos seus alunos.
Eu sou professor!
Edison Borba
 
 

 

 

domingo, 15 de setembro de 2013

OS PROFESSORES E OS POTENCIAIS HUMANOS

Todas as espécies vivas animais e vegetais possuem seus próprios potenciais, cujas bases estão “escritas” em códigos genéticos. A espécie humana não foge à regra. Durante a fecundação, nós os seres humanos recebemos 23 cromossomos de origem paterna e 23 de origem materna. Quando esses cromossomos se encontram formando um conjunto de 46, os genes contidos neles interagem (alelo com alelo), dando início ao nosso desenvolvimento.
Todos os indivíduos de uma determinada espécie recebem de seus ancestrais a mesma base bio/genética, porém apesar de sermos bilhões de seres habitando o planeta terra, somos todos “especiais”, ou seja, somos todos diferentes. A individualidade é uma admirável condição, que garante a  nós, sermos únicos.
A base genética humana permite que as variáveis aconteçam dentro de limites físicos, fisiológicos e psicológicos ou comportamentais. Não podemos esquecer que o meio, com todas as suas ações, vai atuar sobre esses potenciais, colaborando ou não para o seu desenvolvimento.
Independentemente das questões relacionadas aos “distúrbios” que poderão ocorrer, os indivíduos portadores, possuem seus potenciais que deverão ser respeitados e desenvolvidos conforme as suas possibilidades. Portadores de deficiência visual, auditiva, locomotora ou outra qualquer, tem o direito de receber estímulos para desenvolverem seus potenciais. O mesmo acontecendo com os portadores de síndromes como Down.
Entre todas as ações do meio, a educação formal, isto é, a que é dada pelas Unidades de Ensino, através da ação dos professores é de inestimável importância. Quando um professor está diante de uma turma, ele tem a responsabilidade de trabalhar cada um dos alunos diferenciadamente, apesar do conteúdo da aula ser o mesmo, a sua ação deverá atingir cada estudante conforme as suas necessidades.
Portanto, diante dessa questão, podemos afirmar que os professores são desafiados pela própria natureza. Mas quanto a isso, os mestres são capazes de se multiplicarem. De ser um e ser muitos, de atender às mais diversas perguntas e necessidades. Quem opta pela profissão de ensinar, possui características “especiais”.
Porém, existem fatores que atuam contra a capacidade de ação desses profissionais. As atitudes dos políticos, ou melhor, da política educacional brasileira que constrói obstáculos, cada vez mais altos para o trabalho dos educadores.
Quando os Profissionais da Educação lutam por melhores condições de trabalho, a população muitas vezes não percebe que uma sala de aula é uma oficina do saber e não uma oficina mecânica, onde se consertam automóveis. Um professor molda seres humanos, futuros cidadãos, seres que através de seus conhecimentos irão produzir para que esse país se torne uma verdadeira nação democrática.
Talvez, aqui esteja o nó da questão; se os professores ajudam no desenvolvimento dos potenciais humanos, permitindo que crianças e jovens tornem-se adultos capazes de pensar por seus próprios cérebros, eles (os professores) são uma ameaça para a continuidade dessa política brasileira.
Calar, assustar, ameaçar professores é uma forma de impedir que nossas crianças e jovens, em todos os sentidos, incluindo aqui os portadores de necessidades especiais, se desenvolvam de forma saudável e se tornem adultos “especiais”  capazes de perceber que está na hora de mudar.
Edison Borba

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

PIMENTA NOS OLHOS DOS PROFESSORES É ...

            Em agosto de 2011, escrevi a crônica “ANDANDO SEM RUMO”, que foi publicada no livro “COMPLEXO DE VIÚVA E OUTRAS CRÔNICAS”.
Após dois anos, os profissionais da educação encontram-se novamente em greve.  Na ocasião, apenas os  da rede pública estadual estavam paralisados, em 2013, os da rede municipal também estão parados.
O tempo passou e as mudanças que estamos observando, foram apenas na forma de reprimir o movimento grevista. Em 2013, o gás de pimenta foi acrescentado ao material escolar. Os trabalhadores, já conheciam outras formas de repressão e truculência, mas esse novo gás está sendo uma experiência inovadora.
Agora, temos mais um motivo para chorar, além do magro salário, das condições precárias em várias escolas, do descaso das autoridades com a educação no país, o gás de pimenta foi acrescentado ao material escolar.
Foi triste, foi extremamente triste, ver as imagens transmitidas pelos noticiários, professores,  sob forte chuva, sendo empurrados e abatidos por policiais, que provavelmente foram alunos de escolas públicas e devem ter  filhos, sobrinhos e amigos estudando nestas Unidades de Ensino.
Após tantos anos de luta pela melhoria da qualidade do ensino em nosso país, ainda estamos ANDANDO SEM RUMO, mas agora com os olhos lacrimejando pela pimenta, que nos olhos dos professores é ...
Edison Borba

ANDANDO SEM RUMO

             Agosto de 2011.

 

Há mais de um mês, os profissionais da educação do estado do Rio de Janeiro sustentam um movimento, bem conhecido no Brasil, greve. Toda categoria trabalhadora, quando não é ouvida e tem os seus direitos ameaçados, busca soluções através desse tipo de ação, universalmente usado. Portanto, nada de novo está acontecendo, é mais uma greve entre tantas outras.

A educação é uma das áreas mais controvertidas. Desde que os jesuítas aqui chegaram, buscamos a forma ideal para trabalhar com nossas crianças e jovens. Após várias tentativas de mudanças, ainda estamos andando sem rumo. Continuamos a cometer os mesmos erros.

As famílias de maior poder financeiro matriculam seus filhos em instituições renomadas ou então os enviam para outros países.

Quanto ao processo educativo, oferecido pelo poder público, mesmo reconhecendo que houve melhorias, ainda existe um longo caminho a ser percorrido. Sou do tempo do curso primário, ginasial, científico e universitário. Após um grande reforma, passamos para os graus: 1º. 2º e 3º, que sofreram modificações para ensinos infantil, fundamental, médio e superior. Mudam-se as nomenclaturas, mas as necessidades permanecem inalteradas.

Novas propostas pedagógicas são previstas nos PCN’s. Discute-se interdisciplinaridade, multidisciplinaridade, inclusões e mudanças na essência dos conteúdos. Projetos são implantados e já observamos um movimento social mais consciente quanto ao ensino público. Acredito na boa fé dos pesquisadores e dos legisladores mas ... mas ... parece que existe algo que impede de avançarmos e por isso continuamos andando sem rumo.

Como está o ensino no Brasil de Roraima ao Rio Grande do Sul? Como estão as escolas das pequenas cidades? Não sou pessimista e nem alarmista, mas teimo em pensar no País como um todo e não apenas o das capitais. Atuei como professor pela primeira vez em 1968, e a primeira vez a gente não esquece. Nesses mais de quarenta anos, muitos passados na rede pública de ensino, da qual tive o orgulho de ser aluno e professor, fui militante de movimentos, paralisações, greves, passeatas, protestos, panfletagens, entre tantas outras formas de chamar a atenção para as dificuldades do exercício do magistério. Ensino público de qualidade sempre foi a grande meta. Melhorias nos prédios, nas salas, nos conteúdos e nos salários. Confesso que não imaginava que, após tantos anos, continuássemos andando sem rumo.

Tenho orgulho de pertencer a uma valorosa classe trabalhadora que não foge às suas responsabilidades. Temos consciência dos problemas acarretados por uma greve, mas ... mas ... o que fazer? Onde buscar apoio? Com quem reclamar? A quem recorrer? É difícil deixar alunos sem os merecidos ensinamentos e conteúdos. É muito sofrido sabermos que nossas crianças e jovens estarão em desvantagens na luta pela colocação universitária e até mesmo na busca pelo primeiro emprego. Dói saber que haverá prejuízo para aqueles a quem devotamos a nossa atividade, carinho e amor.

 
Edison Borba – COMPLEXO DE VIÚVA E OUTRAS CRÔNICAS – All Print Editora