sexta-feira, 31 de maio de 2013

INAUGURAÇÃO ??!!??

           Vivemos num país em que inaugurar não significa terminar, concluir, acabar e entregar algo pronto para o uso da população.
Estamos às vésperas do início dos jogos internacionais e os estádios estão sendo entregues com uma grande quantidade de detalhes, que ainda não foram concluídos. E nessa hora, começa aquilo que costumeiramente chamamos de operação “tapa buraco” ou então “operação remendão”.
Uma grande corrida contra o tempo, com trabalhadores maquiando, escondendo, tapando e colando de forma primária serviços que deveriam ser feitos dentro de um cronograma que infelizmente não foi cumprido.
A grande quantidade de estádios, que estão sendo inaugurados às pressas, em pouco tempo apresentarão problemas e o tal legado da Copa, não acontecerá.
Grandes elefantes brancos espalhados pelo país, que além de não servirem para grandes “coisas” após os jogos, ainda correm o risco de se tornarem inviáveis para o uso, como aconteceu com o Engenhão, aqui no Rio de Janeiro.
Neste momento, centenas de trabalhadores, correm contra o tempo para que o Maracanã possa acolher uma multidão, que irá assistir ao jogo  entre Brasil e a Inglaterra. Horas antes de começar o evento, o mesmo foi embargado. Houve um corre – corre jurídico para que os portões do estádio possam ser abertos para acolher os torcedores.
Que vergonha, vermos o maior símbolo do futebol nacional o querido “Maraca”, sendo colado com cuspe, coberto com cartolina e pintado com guache, para esconder os defeitos de uma obra faraônica.
Vamos torcer para que as obras de todas as arenas se aguentem até o ano de 2016. Temos dúvidas se após o término de todos os eventos marcados para o Brasil os monstros de cimento ainda continuem firmes para suportar chuvas e ventos.
Rezemos para não sermos vítimas de tragédias como a da boate Kiss, em santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Vamos torcer para não sermos confundidos com cobaias humanas colocadas em armadilhas para servirmos de experimentos aos senhores que comandam essa grande nação. Continuemos a inaugurar mais obras, escondendo os entulhos em baixo dos tapetes e esticando gambiarras que iluminarão as grandes arenas onde seremos jogados aos leões.
Edison Borba

quarta-feira, 29 de maio de 2013

UMA RELAÇÃO DELICADA.

           Após setenta anos da criação da CLT (Consolidação das Leis trabalhistas) os empregados domésticos foram reconhecidos como trabalhadores com direitos e deveres, como qualquer outro servidor.
Essa nova forma de conviver com esses profissionais coloca por terra, uma célebre observação – “é quase da família”.
Durante anos, homens e mulheres eram “quase”, nunca  de verdade. Uma relação delicada, pois não ficava definido se era ou não era da família.
Sendo da família (quase), as relações financeiras deixavam de ser importantes. Como  como pagar alguém que é “quase” da família. No momento dos deveres, em alguns lares, o servidor e o patrão se perdiam na relação.
Horas trabalhadas além do estabelecido, relações desumanas, abusos, desconhecimento do empregado como pessoa, desrespeito, que muitas vezes terminava em briga judicial.
O servidor, quase sendo da família, e alguns casos, às vezes, deixava a desejar, principalmente quando percebia que o seu empregador tinha necessidade extrema de seus serviços. Babás, cuidadores e famílias que dependiam do seu servidor, para a sobrevivência e manutenção do grupo. Nestes casos, o servidor era mais que da família, era ele que a mantinha em sua unidade.
Um grande embrulho, difícil de ser desatado.
Com as novas regras, o quase perde o sentido e as relações passam a ser de empregador e empregado.
Horas a serem cumpridas, tarefas determinadas, direitos e deveres bem definidos.
O que estamos observando, é que nem os patrões  nem os prestadores de  serviços estão conseguindo entender e conviver com as novas condições.
Mesmo reclamando da patroa ou da empregada, essa relação de ser  e não pertencer, já estava consolidada. No momento que surge a legalização da profissão todos ficaram atônitos. Não só pelas novas regras que precisam ser seguidas, mas também por questões psicossociais.
Como transformar uma casa num escritório, loja ou fábrica? Como estabelecer produção, rendimento, lucro ou perda através das tarefas domésticas?
 Que tipo de produção os patrões precisam observar quando, o empregado é o “cuidador”  de seus filhos ou de um idoso? Carinho e atenção devem ser quantificados? Que tipo de horas  extra, é possível estabelecer quando um bebê adoece e a sua babá, precisa ficar além das horas, porque ela é a que conhece melhor a criança?
Os empregados domésticos, finalmente conseguiram o que era de direito, porém ainda levará algum tempo para que essa sutil e sensível relação perca algumas características, que não precisam ser observadas em outras categorias.
Imaginemos uma família, com adolescentes, que ultrapassam os limites da educação e algumas vezes “usam” o servidor como se o mesmo fosse um objeto. Levar copo d’água no quarto para atender à preguiça de um jovem, ouvir palavras pouco agradáveis e ser obrigado a entender a pouca educação, também deve ser contada à favor do empregado?
Por outro lado, a negligência ao serviço, aproveitando-se da ausência dos patrões e em algumas  circunstâncias o uso indevido da casa, deve contar à favor do empregador?
Eis aqui um bom desafio para os próximos anos.
De qualquer forma, estamos  de parabéns, pois num país democrático, somos todos iguais perante as leis.
Edison Borba
 

terça-feira, 28 de maio de 2013

EU SOU MARAVILHOSO

            Hoje, pela manhã, ao me olhar no espelho, dei conta da maravilha que sou. Dois olhos que me permitem ver, olhar, contemplar as maravilhas do mundo. Um aparelho auditivo com o qual eu ouço músicas, as vozes dos meus amigos, o cantar dos pássaros e o som da vida produzido pelas águas das cachoeiras e dos mares.
Meus lábios contornam uma boca de muitos beijos, gostos e sabores. Quando se movimenta com a ajuda do ar enviado pelos pulmões e de outros maravilhosos órgãos que formam meu corpo, eu posso falar. Emitir os mais variados sons. Eu até posso cantar! Eu posso orar! Eu posso recitar versos meus e de outros poetas! Posso  dizer o quanto eu amo ...Eu posso expressar meu sentimentos, até as minhas zangas.
Que incrível, eu tenho um cérebro! Posso pensar criar e sonhar. Meus pensamentos são livres. Somente eu sei dos meus segredos. Ninguém pode controlar o que penso nem o que sonho. Sou livre para voar até as mais altas  montanhas, e chegar a qualquer lugar do mundo. Eu sou maravilhoso!
Meu nariz, apesar de ser um pouco grande, é uma peça da mais alta qualidade. Com ele reconheço o perfume das mais variadas flores e sou capaz até de sentir o sabor de um alimento, antes de prová-lo. Apenas pelo odor dos condimentos, eu imagino o quanto o que vou comer pode ser saboroso. Reconheço o meu amor pelo seu perfume e continuo a senti-lo, mesmo quando não está perto de mim.
Minhas mãos, incríveis mãos, com elas escrevo , digito e posso batucar um samba numa caixa de fósforos. Poderia ter sido um famoso pianista ou até um cirurgião. Quantas coisas,  minhas mãos podem construir. Com elas tenho o poder de criar, modelar, pintar, aplaudir e acariciar.
Não posso esquecer  meus pés. Duas peças capazes de suportar meu peso, me levar para os mais diferentes lugares, subir escadas, andar no fio da navalha e até na corda bamba. De sapatos, chinelos ou sandálias eles suportam longas caminhadas.
Por que essa incrível maravilha que  habito, meu corpo, está tão maltratado?
O que eu estou fazendo com esse material biológico?
Que negligências e imprudências, faço todos os dias?
Descobri que apesar de ter um cérebro, maravilhosamente construído e que possui uma infinidade de possibilidades, protegido por uma caixa craniana perfeitamente construída, e um corpo cuja funcionalidade está muito acima de qualquer computador de última geração, eu continuo sendo imbecil.
Minhas ações são desprovidas de qualidade. Apesar de cuidar da minha aparência (externa), uso roupas de marcas famosas, perfumes de alta qualidade frequento salões de beleza e academias. Gasto um bom tempo de minha vida buscando manter um aspecto apreciado pela sociedade, ando descuidado com a qualidade de minha existência intelectual, mental, psicológica e também biológica.
Finjo que faço dietas e castigo meu organismo, numa malhação sem critérios, saio pela “night” buscando diversão em salas escuras e barulhentas. Abuso de líquidos pouco recomendáveis, durmo pouco e vivo numa felicidade comprada através das diversas propagandas às quais me submeto pacificamente.
Hoje, quando me olhei no espelho, dei conta do quanto ando maltratando-me.
Preciso tomar providências. Orar mais, meditar, buscar desenvolver mais a minha espiritualidade, buscando no infinito a minha paz.
Hoje, reconheci o ser maravilhoso que sou!

           Amanhã, iniciarei uma nova vida!

           Amanhã!

           Edison Borba

segunda-feira, 27 de maio de 2013

UM JANTAR, NÃO PERFEITO.

            Domingo à noite, um casal sai para passear. Os dois, apesar de casados, ainda procuram manter o clima de namoro. Um jantar a dois é recomendável para boas recordações e não deixar o amor esfriar.
Casamento é como uma plantinha precisa ser cultivado, para  manter viva  a alegria e até dar  frutos. Usando  suas melhores roupas o casal apaixonado, saiu para uma noite que provavelmente seria regada a bons vinhos.
Para fazer a noite mais amena e agradável, convidaram outro casal, para juntos curtirem aquela  o jantar.
Numa democracia, subtende-se que todo cidadão é livre para falar  e expressar  as suas ideias. É um regime que não impede, ninguém, de exercer  direitos, inclusive os de cobrar das autoridades, aquilo que lhes é devido.
Essa característica democrática, permite  que durante um jantar entre casais, assuntos sobre os destinos de uma cidade, estado ou país possa ser discutido. Existem grupos familiares que mesmo possuindo opções contrárias, permanecem juntos e o amor entre eles não diminui. É como torcer, para times diferentes de futebol.
Lamentavelmente, existem pessoas que não sabem muito bem escolher a hora e o lugar convenientes para exercer seus direitos democráticos.
E foi por causa desse desconhecimento, que a noite do casal e amigos que deveria ser perfeita, foi coroada por dissabores, brigas e desavenças.
Para completar a história, um terceiro casal entra em cena, e como publicaram alguns jornais, não souberam que era domingo, estavam num restaurante e que todos queriam,  relaxar e buscar um pouco de paz.
Como um dos casais ocupa um lugar de prestígio na sociedade, isto é, o marido é um dos que coordena a vida da cidade,  logicamente, nem sempre é bem aceito. Mas era domingo, era noite, era momento de relaxar. Todos estavam num restaurante, não havia palanque e nem discursos inflamados.
Mas, a presença de um marido autoridade, provocou num outro marido, uma enorme vontade de fazer valer seus direitos de cidadão que vota.
Esquecendo a presença de mulheres e o local, partiu para insultos, como se agindo dessa forma estivesse prestando algum tipo de serviço à sociedade.
Para tumultuar mais o encontro de casais, o que representa autoridade municipal, não satisfeito com os insultos e até para  fazer valer seu papel de  marido, devolveu os insultos com agressão física.
E foi assim que a refeição ficou indigesta. Todos foram completar a digestão numa delegacia.
Pode não ter sido bem assim que o fato aconteceu, mas foi dessa forma que os jornais apresentaram a notícia. O fato virou manchete, pois o ocorrido envolveu a figura do prefeito da cidade do Rio de Janeiro.
Quem tem razão? Quem bateu quem apanhou? Quem insultou?
Que lição, podemos tirar desse incidente?
Será que houve vontade de sair na mídia, tornar-se famoso, ter o nome nos jornais e a partir do fato, tirar proveito, pelos quinze minutos de fama?
Será que agredir uma autoridade, seja com palavras ou atos, numa noite de domingo, num restaurante, é bom para o processo democrático?
Será que uma autoridade,  tem que manter-se rijo e não devolver os insultos, para não desmoralizar-se diante de seu povo?
Quem quebrou os preceitos de cidadania?
Ficam as perguntas. Que bocas de comadres comentem o assunto. Que possamos analisar e discutir democraticamente o triste incidente.
Como conviver pacifica e democraticamente, fazendo valer nossas opiniões e posições sociais?
Pensemos, por favor, pensemos ...
Edison Borba

CORRIDA PELA PAZ

          Competidores alinhados. Uma emoção percorre o corpo de cada um dos atletas. A plateia agitada aguarda o sinal da partida. Domingo, 25 de maio, um dia de outono. Sol morno ilumina a manhã uma “manhã” preguiçosa.
Na multidão, crianças, homens, mulheres e jovens. Famílias inteiras deixaram suas casas para aproveitar um dia de lazer. Os corredores de camisas vermelhas estão ávidos para iniciar a corrida pela paz, na Comunidade do Alemão.
Em outros tempos, essa paisagem não poderia ser imaginada nem em sonho. Eram dias difíceis, com os traficantes dominando todo o complexo de moradores.
Com a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPP), a paz passou a reinar nas ruas, becos e lares. A felicidade passou a ser lugar comum entre os habitantes de todas as casas, de tal maneira, que diversas atividades passaram a acontecer, onde havia apenas dor e tragédia. Entre elas, a corrida da paz, uma das mais concorridas.
Lamentavelmente, minutos antes de ser dada a partida, tiros começaram a ser ouvidos em diversos pontos da pequena cidade do Alemão. As pessoas se dispersaram, famílias correram, protegendo seus filhos voltaram a sentir o antigo medo.
Bandidos armados voltaram a agir com violência ameaçando a paz. Atiraram contra a sede da UPP, colocando em risco a vida dos policiais e de todas as pessoas presentes no local.
Há dias, alguns bandidos voltaram a ameaçar a nossa cidade maravilhosa, numa tentativa de ocupar novamente o poder. Agindo durante festividades, impondo o fechamento de escolas e comércio, eles tentam retomar antigas posições. Será uma tentativa inútil, a sociedade se fortaleceu. A polícia, aos poucos conquista a confiança nas autoridades e a fé de que o bem é mais forte que mal. Os bons sempre vencem os maus.
Apesar do susto, que quase apagou o sol do belo domingo, a corrida aconteceu. As famílias voltaram às ruas, corredores tomaram suas posições e no final a PAZ foi a grande vencedora!
Edison Borba

DELÍCIAS DA CARNE

            Acém, patinho, lagarto, picanha, com gordura ou sem gordura, é tudo carne de boi rica em proteínas, fósforo, ferro e vitaminas do Complexo B.
Não é um produto qualquer, pode ser de primeira ou de segunda e dessa forma, varia de preço e caracteriza a classe social do freguês.
Moída para recheio do pastel ou picadinha para servir ensopada. Mal passada, ao ponto ou bem passada, quando é servida à mesa, atende ao paladar do freguês.
Com molho madeira se transforma em escalopinho para deliciar os gulosos. Assada no forno recheada com farofa ou apenas  com cenoura é o melhor pedido para ser saboreada com macarrão.
Para os gaúchos é churrasco, sempre bem acompanhado de um quentinho chimarrão. Uma costelinha assada, é barato e alimenta. Com osso, vira sopa, que no inverno vai bem, acompanhada de rodelas de pão e temperada no azeite.
Mas, as delícias da carne dependem de profissionais especializados, homens cujas mãos agem como as de um artista, quando manipulam pinceis para criarem lindos quadros.
Os açougueiros, que não são apenas cortadores de carne, são especialistas no corte. Dependendo de como foi cortada, uma boa fatia de carne perderá em textura, em sabor e cozinhará em mais  tempo, podendo até ficar dura.
Esses profissionais devem dominar exatamente como e com que faca, irão executar um corte. Precisam ser tão hábeis quanto os cirurgiões. Devem ser cautelosos, precisos e  seguirem cuidadosamente as estrias do produto.
Cada corte é uma dádiva, que irá influenciar na culinária. Para cada receita, haverá sempre uma carne certa com um corte certo das mãos de um artista, o açougueiro.
Dona de casa ou cozinheiro, que dominam a boa arte da cozinha, não deve comprar errado. Se for para refogar, é melhor comprar acém, patinho ou cupim. Mas se,  é dia de domingo e vai sair carne assada vá de lagarto, patinho ou miolo de alcatra. Porém, uma boa maminha, também garante um bom prato.
Para um ensopadinho compre aba de filé, peito ou carne moidinha. Para saborear um gostoso bife, frito na manteiga, prefira o filé mignon, que é carne de primeira.
Porém, toda carne, precisa chegar até a panela, cortada de forma correta, seguindo  regras rígidas que apenas os açougueiros dominam. Aos mestres da carne, aos senhores dos açougues, a minha homenagem.
Especialmente ao Senhor Oswaldo Borba, conhecido como “vadinho”, açougueiro da melhor qualidade. Durante anos, atendeu seus fregueses no Açougue São Sebastião no bairro de Inhaúma.
A ele, meu pai,  e a todos os profissionais do ramo minha sincera homenagem!
Edison Borba
 

 

sábado, 25 de maio de 2013

MULHERES QUE só DIZEM SIM.

        No folhetim de Chico, as mulheres que dizem sim, são profissionais de prazer. Elas dizem sim,  por um bombom, um pedaço de cetim ou uma pedra falsa. Podem ser encontradas nos botequins e estão sempre prontas para uma noitada. Sua profissão exige que digam meias verdades,  façam as vontades do cliente,  que devem se sentir  príncipes conquistadores.
Quando o dia amanhece elas saem sem fazer barulho, sabem que o expediente terminou e se descartam do freguês, viram a página e recomeçam na próxima noite.
Esse universo é enigmático, difícil saber quais as que  escolheram como profissão e quais as que foram empurradas para viveram noites de prazer que raramente sentem. Aprendem a sussurrar coisas de amor e a ouvir caladas palavras cheirando a álcool e abraçarem corpos suados e indelicados.
Tornam-se profissionais do prazer, que apesar de não serem reconhecidas pelo estatuto do trabalhador, prestam um sério serviço à sociedade. Quantas dessas mulheres consolam, desarmam, enternecem e evitam a violência, através de suas carícias, servindo de escudos entre famílias e  violentos machos.
Elas são diferentes das outras mulheres que só dizem sim. As que possuem residência fixa, têm filhos, marido, trabalham horas e horas para manter um lar e à noite, são obrigadas a dizer sim.
Eles chegam suados e embriagados e as submentem aos seus caprichos. São seus maridos, amantes, companheiros e estupradores. Diferente das outras, elas não ganham pelas noitadas, sofrem caladas e no dia seguinte seguem uma rotina silenciosa como casas abandonadas.
Mulheres que seguem seus destinos, sem identidade, sem prazer, sem poder dizer não. Mulheres ao contrário. Mulheres objetos. Mães do medo. Esposas do terror. Seguem suas vidas escondendo as marcas da violência sem nunca ter o direito de um sonho de valsa ou um vestido de cetim.
Não saem para noitadas e as pedras que recebem sangram suas existências. Dois tipos de mulheres que só sabem dizer sim.
Duas vidas paralelas. Duas existências difíceis de entender. Vivem à meia luz. Mas são mulheres e como tal merecem respeito e reverência por serem  mulheres.
Edison Borba
 

 


 

 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

NOVAS (antigas) NOVELAS

            Duas novas novelas iniciaram suas trajetórias. Dessa vez, os horários permitem aos “noveleiros” assistir as duas, com pequenas perdas de cenas, que não atrapalham o entendimento das tramas.
Acompanhando o relógio, podemos começar assistindo AMOR À VIDA e a seguir DONA XEPA.
A primeira, apesar de ter um título novo, podemos perceber nitidamente traços de dramas antigos. Troca de bebês, mães morrendo no parto e núcleos ricos e pobres. Apesar do autor,  incluir  situações novas, percebe-se coincidências em dramas já exibidos pelo mesmo canal.
A novela concorrente, já foi exibida em teatro e também na televisão. Uma história conhecida do público, mas que sempre emociona.
Os dois folhetins, estão apoiados em dramas familiares. Irmãos que não se entendem e pais que sofrem com a ingratidão dos filhos.  Traições, amor, desamor, inveja e todas as reações típicas dos seres humanos.
No meio da multidão de atores, atrizes, técnicos, maquiadores, figurinistas, iluminadores, câmeras, produtores, diretores além de outros profissionais que se envolvem na produção de uma telenovela, dois profissionais, se destacaram nesses primeiros capítulos.
Um (a)  com uma vasta experiência em cinema, teatro e televisão. O outro, com pouco tempo de trabalho nas telinhas. Porém, os dois marcaram presença nas primeiras cenas.
Ângela Leal, vivendo a Dona Xepa e Mateus Solano, no papel de Félix. Destacar a participação de Ângela é sempre muito prazeroso. Uma grande atriz, que nem sempre tem oportunidade de mostrar a sua versatilidade. Está muito bem, como a feirante, que em 1977, foi vivida  pela saudosa Yara Cortes.
Mateus Solano, que já obteve destaque vivendo os gêmeos em outra novela, está simplesmente encantador. Um malvado gay, não assumido, invejoso, astucioso   capaz de nos “irritar” com suas observações maléficas.
Duas gerações de atores. Dois nomes da teledramaturgia.
Novela é assim, um mundo de trabalhadores da arte de representar, mas apenas alguns se destacam na complicada profissão de ator e atriz. Nesta atividade, as emoções são em capítulos, portanto é preciso aprender contê-la  para retomá-la na próxima cena. É preciso saber conviver com as diversas retomadas de gravação, sem perder o processo interpretativo.
Novelas são feitas  de retalhos. Poucos sobrevivem dignamente às tramas. Alguns, mesmo quando protagonistas, nunca passam de coadjuvantes.
Edison Borba
 

 

SER, HUMANO.

           A humanidade constitui-se de todos os indivíduos da espécie humana. No processo evolutivo, os seres humanos chegaram ao padrão máximo, somos Homo sapiens  sapiens.
Porém, todo esse processo não eliminou alguns resquícios dos trogloditas. Apesar de estarmos vivendo uma era de grandes criatividades e invenções, ainda demonstramos reações pré-históricas.
Ser humano é ter humanidade. Ter humanidade não é apenas pertencer a um grupo, mas demonstrar atitudes e exibir reações humanas.
Toda essa redundância é necessária, para que posamos chegar a uma simples conclusão: somos seres humanos, mas ainda estamos distantes de termos esse processo evolutivo plenamente desenvolvido, pois em muitos e muitos momentos não demonstramos humanidade para com os nossos semelhantes, somos desrespeitosos para com os outros animais (nós somos animais racionais) e os vegetais destruindo o meio ambiente, que nos sustenta.
Em muitos momentos somos raivosos, matamos e violentamos por motivos fúteis. Não sabemos viver em grupo, somos egoístas e egocêntricos. Criamos leis e regras e as desrespeitamos.
Ser, humano é uma atitude complexa, mas não difícil. É preciso, antes de qualquer coisa, seguirmos um  mandamento: não farei como o outro aquilo que não quero que façam comigo.
Simples! Se diariamente todos nós seguíssemos essa regra, o mundo seria um grande Jardim do Éden.
Apesar de tantos problemas que a atual humanidade (aqui apenas o conjunto de seres da espécie humana), está vivendo, em alguns momentos, sentimentos de amor, solidariedade, carinho e paz, podem ser observados. São momentos em que somos realmente humanos, isto é, agimos com humanidade.
Sem dúvida esse é um assunto polêmico e confuso. Apesar de termos atingido o topo da cadeia evolutiva, nós os humanos, continuamos com  resíduos primitivos. Provavelmente, esse material, continua a fazer valer os seus potenciais. Sendo um produto bioquímico, ele reage segundo uma das leis da Física – “a toda ação corresponde uma reação de igual intensidade e em sentido contrário”.
Briga gera briga, confusão gera confusão, amor gera amor, paz gera paz, gentileza gera gentileza.
Portanto é apenas uma questão de opção. Que sentimentos, queremos exibir? Que reações, queremos demonstrar? Que atitudes, devemos tomar?
Todas essas perguntas podem ser direcionadas para o caminho da educação. Povo educado é povo educado!
Novamente estamos redundantes.
Educação gera educação, que gera respeito, que gera ética, que gera amor, que gera a paz.
Edison Borba

LIVRE PARA VOAR

Deixei a porta aberta
Para você voar
Vai, voe livre.
Use suas asas e vai ...
Deixei a janela aberta
Sai de vez de minha vida, vai ...
Sua liberdade está lá fora, vai ...
Voe para bem longe de mim, vai ...
Busque novas experiências
Nada mais o prende a mim, vai ...
Quando fores voar para a liberdade
Estarás me condenando à solidão
Estarei preso ao passado
Mas, vai ...
Deixei a gaiola aberta
Viaje para bem longe, vai ...
Não olhes para trás, vai ...
Sei que morrerei na saudade
Sei que não haverá lágrimas a chorar
Mas, vai ...
Segue livre pelo espaço
Vá para bem longe de mim
Deixe-me   sozinho
És jovem, mereces voar
Então, vai ...
Ficarei com as lembranças
Dormirei com nossos sonhos
Mas, vai ...
Segue livre como os pássaros
Vai ...

Edison Borba

quinta-feira, 23 de maio de 2013

NOTÍCIAS CRUEIS:

           A semana chega ao fim com os jornais povoados de notícias difíceis de serem publicadas. É claro que também aconteceram coisas boas, divertidas e agradáveis, mas  alguns fatos são tão terríveis, assumindo uma proporção  intensa que nos fazem parar para refletir. Agressão aos animais, jovens criminosos, assassinato de mulher são algumas notícias terríveis que ocuparam as manchetes dos jornais.
Quando o fato é muito desagradável, temos buscar reflexões sobre eles e tentar achar uma explicação que possa nos trazer equilíbrio e pensar que nem tudo está perdido.
ALEMÃO SEM LEI:
Lamentavelmente o Complexo do Alemão, comunidade que recebeu a polícia pacificadora, iniciou um processo de urbanização e está recebendo turistas. Local que tem o seu teleférico como um ponto atrativo. Comunidade  mostrada em novela como  ordeira e trabalhadora, voltou as manchetes dos jornais. Uma ordem do tráfico exigindo o fechamento do comércio, escolas e a paralisação de todas as atividades foi obedecida. Impossível não aceitar as ordens de quem por muitos anos manteve o controle do local.
QUINZE ANOS E SEIS CAVEIRAS:
Em São Paulo, jovem de quinze anos foi preso após matar a sétima vítima. Aborrecido por ser  detido antes de poder tatuar a sétima caveira, menino afirma: “aqui não é Estados Unidos. Não tem prisão perpétua, vou sair em pouco tempo, vou fazer a sétima caveira e encher minhas costas com outras”.
Outro menor, afirma – “só matei três e só tenho amor a minha mãe”.
Assustador, impressionante, aterrorizador ou lugar comum? A cada dia, o Brasil aumenta o número de assassinatos. Estamos em primeiro lugar na lista de mortos diariamente. Em todo o território nacional e os muitos dos nossos jovens estão se perdendo no mundo do  crime.
HOMEM JOGA DOIS CÃES PELA JANELA:
Homem, em Copacabana, atira dois cães pela janela. Os animais que pertenciam à sua irmã incomodaram o cidadão, médico por formação, que segundo a família, sofre de problemas neurológicos.
MULHER É MORTA PELO EXCOMPANHEIRO:
Em Minas Gerais, uma mulher foi assassinada após fazer vinte e seis Boletins de Ocorrência, sendo que três boletins foram feitos no dia em que ela foi assassinada.
Para a nossa reflexão, temos:
>Até quando a lei bandida será obedecida pelas comunidades? Como acabar com a cultura de que os traficantes possuem o poder?
>Como resolver o problema dos menores infratores no Brasil? O que fazer para cumprir a lei e educar tantos delinquentes mirins?
>Que punição deve receber alguém que mata um animal doméstico? O homem que matou os cães foi colocado em liberdade, mas se ele tivesse feito o mesmo com um animal em extinção,  não haveria fiança. Qual a diferença entre um animal doméstico e um que está na lista de proteção ambiental?
>Por que uma mulher faz 26 Boletins de Ocorrência e não recebe a devida proteção? Será que a resposta pode ser encontrada na cultura machista que ainda domina o país?
Ficam as questões para reflexão!
Edison Borba
 

UMA MULHER DE ARTE

         Perto de completar cem anos, em 21 de novembro próximo, uma japonesa brasileira, continua fazendo arte.
Peças de formas arrojadas, mas que transmitem delicadeza encanta a todos. Refinada em cores e formas, seu trabalho contém a leveza japonesa interligada e mesclada com as forças da natureza do Brasil.
Tomie Ohtake,  “adotou-se” brasileira sem perder as suas origens orientais. Sua vocação sem dúvida está em suas células desde a sua gestação, porém foram necessários quarenta anos para aflorar e nos deslumbrar.
Tomie fez arte com tinta, papel, telas e metais. Pinturas, esculturas e gravuras alegram e inspiram o  mundo. Em São Paulo da garoa, estão espalhados pela cidade, painéis e esculturas, encantando a todos que muitas vezes desconhecem a autora.
Ohtake, não para e perto de completar um centenário, continua “arteira”. Mulher simples e de aparência frágil,deixa fluir em sua arte um vigor e uma força extremamente estonteantes.
Mais do que pintar ou esculpir, essa mulher brinca com  ideias, pensamentos e sonhos transmitindo-os para o  mundo concreto, de concreto, os mistérios do abstrato.
Sua arte nos permite um mergulho no mais profundo do imaginário, não é para ser simplesmente vista, é para ser degustada.
Visitar sua exposição exige fôlego, é ficar diante de um universo simples ao mesmo tempo instigante.
Tomie Ohtake, uma japonesa brasileira, nos emociona e toca profundamente nossos corações, em quase cem anos de vida, ela continua sendo uma mulher de arte.
Edison Borba
 

 

 

 

 

 

terça-feira, 21 de maio de 2013

DEDO NA FERIDA

           No país das maravilhas, onde a natureza é magnífica, o povo é alegre e hospitaleiro, a música está em todas as esquinas, com fauna e flora invejáveis. Terra abençoada por Deus, onde os tornados não passam e os terremotos existem apenas nos contos de terror, é também o país onde os partidos brotam como frutos em árvores.
Suas siglas são as mais diversas e tantas que é difícil sabermos o significado de cada uma delas: PMDB, PTB, PDT, PT, DEM, PCdoB, PSB, PSDB, PTC, PSC, PRP, PV, PT do B, PRTB, PP, PSTU, PCB, PHS, PSDC, PCO, PTN, PSL, PRB, PSOL, PR, PSD, PPL, PEN, MD etc ... etc ...
Partido político deveria ser como time de futebol, uma vez escolhido jamais será substituído. Quem nasce vermelho e preto é flamenguista, e jamais se transformará em tricolor. Virar a casaca é crime hediondo.
Há muitos e muitos anos, havia alguns homens no Brasil que eram reconhecidos por suas siglas políticas. Homens que independentemente de suas ações, boas ou más, mantinham-se firmes em suas convicções partidárias. Atualmente é difícil saber quem é quem e em que partido está filiado. Troca-se de partido como se troca de roupa. Os próprios “partidários???” desconhecem a filosofia de seu “partido???”
Alguns partidos (e são poucos) conseguem ter alguma identidade.
Infelizmente, os interesses pessoais, estão acima das necessidades do país. O povo, que não consegue entender o significado de tantas siglas, também não consegue perceber que elas existem apenas como placebo ou fantasia. Funcionam como firmas fantasmas, criadas para burlar, desviar dinheiro, camuflar falcatruas e abrigar  malfeitores.
Claro que essas questões não incluem todos e todas que estão no poder. Existem alguns que por teimosia ou por praticarem a ética na política, permanecem firmes em suas convicções políticas.
Mas o troca - troca ou suruba política, é mantida em camuflada. Todo mundo finge que acredita e continuamos a viver como Alices, num país das maravilhas.
Porém, a Terra Encantada entrou em ebulição com a inteligente observação do Senhor Doutor Joaquim Benedito Barbosa Gomes, Presidente do Supremo Tribunal Federal: “nosso país tem partidos de mentirinha”.
Creio que o grande magistrado estava se referindo, filosoficamente, apenas a alguns grupos que se movimentam de um lado para outro dependendo de suas necessidades particulares. Atos conhecidos como oportunismo. Esses vivem de mentirinhas contadas aqui e ali, mudando de endereço buscando sempre levar vantagem.
Partidos de mentinha existem para atender questões pessoais.
O Senhor Ministro meteu o dedo na ferida e deixou sangrar. Lamentavelmente, já foram providenciados os devidos curativos e tudo já está cicatrizando.
É obrigação do povo, não deixar que essa ferida cicatrize. Precisamos saber o significado de cada sigla, qual a sua filosofia, quem pertence a ela e quais são os macacos e macacas que pulam de galho em galho. Para esses precisamos cortar o cipó e deixá-los cair do galho.
O voto é a melhor forma de ajudar ao nosso país a resgatar a ética e a moralidade em nosso País.
Edison Borba
 

 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

A CARTEIRA DO SENADOR

            Entusiasmado e feliz, o senador saiu às ruas de São Paulo, para participar da Virada Cultural.  Alegre e sorridente caminhava entre a multidão que assim como ele, deixou suas casas para  aproveitar horas e horas de shows de música, teatro e arte.
Em cada canto da cidade num palanque  artistas famosos e outros menos conhecidos, cantavam de dançavam. O povo, descontraído nem se importava se havia chuva ou frio. Era só felicidade e alegria.
Poder participar de atividades culturais gratuitamente é uma oportunidade única na vida de muitos brasileiros, por isso a multidão ocupou todos os espaços oferecidos. Homens, mulheres, crianças e jovens vindos de todas as partes se encontraram pelas ruas paulistanas para comemorar. Famílias aproveitando a oportunidade para, se divertir. Pais carregando filhos nos ombros, mães empurrando carrinhos de bebês, os mais idosos caminhando  devagar, mas todos com os rostos iluminados pela oportunidade de um final de semana feliz.
Infelizmente, toda essa festa correu o risco de ser manchada pela tragédia. Alguns meliantes aproveitaram o clima de descontração para roubar e furtar. Não satisfeitos, também provocaram brigas, arrastões e assassinaram um jovem.
Que pena! O que era para ser um final de semana de felicidade,  transformou-se para alguns em tragédia.
Talvez, a tentativa de fazer cultura popular, como acontece nas “Viradas” deixe vir à tona duas grandes questões: uma boa e outra ruim.
A primeira é a certeza que a população quer e precisa de mais divertimento, sem custos. O povo é capaz de curtir forró e música clássica com a mesma atenção. A arte quando é boa, é  aceita por todas as classes sociais.
O lado ruim da questão, é que ainda estamos precisando de educação de base. A criminalidade,  é produto de uma população que não está tendo acesso aos meios mais simples de educação.
Outros fatores sociais também surgem nessas ocasiões e que devem servir como termômetros para medirmos às condições sociais de uma população.
Entre os que foram vítimas, encontramos um senador, ou melhor, o senador Eduardo Suplicy, que teve seus documentos, dinheiro e celular, rapinados. No palanque, ao lado de Daniela Mercury, Suplicy pediu para ter seus bens devolvidos.
Fica uma questão: será que foi providencial terem levado a carteira do senador?
Talvez, tendo sofrido o problema, o senhor senador possa defender em Brasília, com mais veemência, as necessidades educacionais do nosso país.
É triste, é cômico, é sério!
Edison Borba

O FOGO NÃO SE APAGOU

           Após quatro meses do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria no Rio Grande do Sul, as brasas ainda estão acesas. Na madrugada de domingo, 19 de maio, morreu no hospital, mais uma jovem estudante que estava no local no dia do acidente.
           Mariane Vielmo tem seu nome acrescentado na lista de mais de duzentos mortos. Após a tragédia, nos dias que sucederam ao incidente, houve um grande movimento em torno de buscar punir todos os restaurantes e casas de shows que não estivessem cumprindo com as regras de segurança para os clientes.
O fogo apagou-se, as brasas perderam as forças e a fumaça se desvaneceu no ar. Tudo voltou a ficar silencioso.
Não havendo barulho e nem fiscalização “fiscalizada” é possível que muitos alvarás estejam sendo liberados por baixo das mesas (de escritórios).
É difícil acreditarmos, que todas aquelas rígidas e barulhentas ações policiais, com cobertura ao vivo pelos meios de comunicação, ainda estejam acontecendo rotineiramente. Posso estar sendo leviano e preconceituoso com esse comentário, mas estamos cansados de acompanhar situações semelhantes, onde nada acaba em nada, ou tudo acaba em pizza.
Com a morte de mais uma estudante de Santa Maria, as brasas reacendem e o fogo voltar a queimar nossos corações.
Precisamos continuar alertas para que a fumaça não se perca no ar.
Impunidade tem que ser apenas uma palavra encontrada em dicionário e não uma atitude humana.
Não podemos deixar que as vítimas do Rio Grande do Sul, sejam apenas cinzas de uma situação que poderá acontecer a qualquer momento em outro local do país.
Fiquemos alertas e acesos para que não haja outro incêndio semelhante àquele.
Edison Borba

domingo, 19 de maio de 2013

FINAL DE NOVELA (S)

         Duas novelas chegam ao fim. Uma no canal que mantém a audiência. A outra num canal, que sobe e desce nas pesquisas.
Não fosse o poder de uma das emissoras,  uma nítida preferência dos jornalistas e problemas de horário o resultado da audiência poderia ter sido diferente.
Fazendo uma observação isenta de preferências, acredito  que foram duas novelas que seguiram caminhos opostos.
“Salve Jorge” começou iluminada por refletores e “glamour”, assinada e estrelada por grandes nomes. Uma lista interminável de participantes, tão longa que na metade da trama já era difícil saber quem era ator e quem era figurante.
Muitos se perderam e sumiram da história sem deixar vestígio. Os núcleos se confundiam de tal forma que em, alguns momentos o núcleo da Turquia dançava samba na comunidade.
As viagens eram tantas e tão rápidas que as cavernas da Capadócia, pareciam estar  em Maquiné, nas Minas Gerais.
 Apesar do poder da máquina promocional e do bom desempenho de alguns atores e atrizes, o que se viu foi uma colcha de retalhos de outras novelas.  O casal protagonista, o galã e a mocinha,   não conseguiram passar credibilidade naquele amor insosso, bem diferente de Caminho das Índias e o Clone.
 Mas como no final tudo tem que ser acertado, até vilã se transformando em religiosa, é aceitável.
E lá se foi mais uma novela. Mesmo com altos e baixos, teve bons momentos de dramaturgia e beleza, principalmente quando as paisagens da Turquia eram mostradas. Belezas naturais que serviram como um bom passeio turístico, além de provocar discussões sobre o tráfico de pessoas.
No outro canal, apesar de faltar ainda um capítulo para o final da trama, “Balacobaco” foi se impondo gradativamente como uma boa história.
Num horário inconveniente, quase meia noite, a novela foi prendendo a atenção dos telespectadores mais notívagos.
O vilão Norberto conseguiu excelentes momentos na história. As cenas de cativeiro, transformadas em reallity show, foi uma grande sacada dos autores, e  brevemente, aparecerão  em futuras novelas, como novidade.
Aos poucos os atores e atrizes foram criando vida e a novela chega ao final com uma boa qualidade em teledramaturgia.
As personalidades duplas foi uma interessante brincadeira de pega – pega com os telespectadores. Número de atores na quantidade certa para o desenvolvimento da trama. Não houve excessos.
Núcleos bem definidos, momentos de descontração paralelos a cenas de tensão. Crimes, sequestros, perseguições e música foram usados de forma correta pelos autores.  Uma trama que foi sendo construída aos poucos chega ao final com boa qualidade e coerência.
Duas histórias. Duas emissoras de televisão. Duas novelas. Duas trajetórias. Apesar das questões jornalísticas, do aparato nas divulgações, nas divergências sobre cada uma das emissoras, o importante é termos opções.
Faço votos para que mais novelas em mais canais de televisão possam acontecer em diversos horários, para que possamos ter possibilidades de escolha.
Também fico na expectativa para que  as revistas badaladas possam exibir em suas capas lindas mulheres e galãs sarados, que estejam atuando em várias emissoras. Não podemos conviver com uma imprensa que utiliza apenas  uma única vertente para estampar suas capas e desenvolver matérias.
Num país civilizado e democrático o jornalismo tem a obrigação de divulgar de forma ampla de equilibrada o que se passa no mundo. Quando a luz dos refletores e o foco ficam voltados apenas para uma só direção, é motivo de preocupação.
Precisamos ter cuidado com os caminhos jornalísticos do nosso país!
As cortinas se fecham, mas as luzes voltam a ser acesas e mais novelas entram em ação nas próximas horas.
Vamos preparar a pipoca e acompanhá-las democraticamente.
Que venham mais emoções!
Edison Borba