quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

FUNK DOS "di menor".

Perdeu, perdeu, perdeu!
Passe a grana, “to” mandando!
Se reclamar, leva chumbo.
Vai morrer sem sentir dor.
Tu é “troxa” meu amigo,
Tu é otário, um coitado,
Trabalhador sem valor.
Passe a bolsa, vire o bolso,
Se folgar vou  te “queimar.
Agora quem manda sou  eu,
Te passo bala, sem dó,
Nem quero nem saber  teu nome.
Adubo tu vai virar, e minhoca alimentar.
Eu,  se pegar a “cana”, não fico, nem por um mês.
“Tô” falando  “to” dizendo,
Sou protegido por lei.
Sou  “di menor seu “Dotô”
Não sei o que “tô” fazendo
Sou criança, inocente, sou coitado,
Vivo desamparado, brincando com arma pesada.
Cada dia aprendo mais, a roubar e a furtar
Às vezes,  tenho até, que “matá”, “sem”(??!!) crueldade,
Aquele que não entende que também sou cidadão,
“Tô” cumprindo com as  “lei” do tráfico aqui da cidade
Faço isto sem maldade, sou criança adolescente,
Protegido pelo  ECA , que eu não sei o que é,
Mas aprendi com os “camarada” que é coisa bem bacana,
Tira a gente da “cana”e coloca a descansar.
Na escola nunca fui, mas sei assinar meu nome,
Aprendi a soletrar só pra poder assaltar,
Passe logo a sua grana, que não posso demorar.
Ainda tenho um dia todo para muito trabalhar.
Obrigado seu “Dotô” pela contribuição,
Eu também  “tô” trabalhando, sou orgulho da nação!
Esse é,  o meu,   tal  cotidiano.
Todo dia e semana, muita coisa pra “fazê”
Tenho que agir rápido, antes de ser “ di maior”
Infelizmente  amigo, dezenove tá chegando.
Preciso ganhar uma grana, pra viver lá cidade.
Ser cidadão de “responsa”, só pegar “mina” grã-fina.
Numa boa vou viver, talvez seja candidato.
Para o povo defender, posso até ser respeitado.
Ser bandido aplaudido, até discurso fazer.
E outro cotidiano, a minha vida vai ter!     
 
Edison Borba 

 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

DOCES MULHERES

         Impossível esquecer os doces produzidos na cozinha da casa onde passei a infância. Uma avó mineira e outra portuguesa garantiam que a minha gulodice e a de meus irmãos e primos fosse aguçada diariamente. Eram bolos, cocadas, balas, pudins e outras inesquecíveis iguarias das vovós. Nas  quintas-feiras, acontecia uma reunião de netos para a merenda da tarde. Em volta de uma grande mesa, crianças de diversas idades, salivavam diante da enorme quantidade de tentações culinárias.
Doces tardes, recheadas de doces  e encantamentos que até hoje gosto de relembrar.
Emerenciana e Deolinda, minhas avós, mas que poderiam se chamar Picucha, o “doce” personagem vivido pela grande atriz brasileira, Fernanda Montenegro, eram encantadoras.
Assistindo ao filme “Um Doce de Mãe”, viajei pela minha vida e relembrei através das cenas cinematográficas, muitas “cenas” de família. Minha relação com irmãos e primos e principalmente com minhas avós.
A premiadíssima Fernanda vive uma senhorinha de oitenta e cinco anos com a leveza de uma jovem de quinze. Suas “artes” são incríveis e deliciosas como as suas panquecas. Ver a atuação desta Dama da dramaturgia,  permitiu-me ter doces recordações da infância.
É maravilhoso, assistir Fernanda atuar, seja na comédia ou no drama, no teatro, cinema ou televisão, ela consegue se renovar a cada espetáculo.
Ainda sinto as emoções de  As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”  e não esqueço a cena final da peça “É”,  no teatro Maison de France, os anos passaram, mas as emoções continuam em minha alma.
Fernanda Montenegro e minhas avós fazem parte da minha vida. Todas me emocionaram com suas atuações, na cozinha e nos palcos.
Não podemos esquecer essa doce senhora Fernanda, que através de sua obra, nos encanta e faz refletir. Fora dos palcos, ela se comporta como cidadã consciente, sempre pronta a participar, junto com o povo, expondo as suas ideias e ideais de brasileira. Corajosa senhora Fernanda, que também é mãe e avó, como tantas donas de casa brasileiras. Ela é um grande exemplo de mulher trabalhadora.
No papel de Dora, a “escrevedora” de cartas da estação de trens, ou como Picucha, a encantadora vovó, ela conseguiu sensibilizar  a todos com sua arte de fazer arte.
Obrigado às minhas avós e obrigado à Fernanda Montenegro, por terem adoçado a minha vida!
A elas a minha reverência!
 Edison Borba

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

PAZ INCENDIADA

        Madrugada de 2ª feira, 24 de fevereiro, na comunidade do Lins de Vasconcelos, três ônibus, um carro de polícia, um mercadinho e um contêiner base da UPP, foram incendiados. Uma criança baleada, escolas e creches fechadas. Este é o balanço de mais uma onda de violência na cidade do Rio de Janeiro.
Enquanto parte da cidade já está em ritmo de carnaval, moradores de algumas comunidades enfrentam graves problemas de violência  falta de luz além de outros serviços básicos.
Os atos de violência, já fazem parte do cotidiano da vida dos cariocas, de tal forma que as notícias estão sendo publicadas no rodapé dos jornais. Nos noticiários de televisão e rádio, também já não causam tanto espanto. Notícias sobre o campeonato carioca, preparações para a Copa de Futebol e os desfiles de blocos carnavalescos estão endo prioridade.
A rotina é um grande perigo para a sociedade.
Quando a população começa a se acostumar com essas tragédias, é sinal de que  valores morais e  éticos de um povo estão mudando para pior. Morte por bala perdida já não causa impacto. Assalto seguido de morte não causa  indignação. Agressões, brigas, furtos, espancamentos começam a ser aceitos como algo comum.
Quando os jornalistas noticiam casos de violência, onde não houve mortes, a nota é dada  como um benefício conseguido: “não houve vítimas”, que maravilha!
Policiais apontados como agressores, aumenta a insegurança. A maioria das vítimas são homens jovens, moradores de comunidades, acusados de resistência à prisão.
O perigo está no ar! O medo está nos lares! A violência está nas ruas!
Os trabalhadores pedem justiça!
Estas tristes constatações já estão fazendo parte do dia-a-dia da nossa cidade!
Lamentável!

 

Edison Borba

 

 

IDEOLOGIA, EU QUERO UMA PRA VIVER!

            Comer, dormir, fofocar e transar. Depois beber, descansar e nada fazer. Fazer mais fofocas, transar e dormir. Reuniões para planejar como fazer para destruir alguém e vencer o jogo. Vale tudo e tudo vale para chegar ao sucesso.
Criaturas animalizadas presas numa casa para comer, dormir, fofocar e transar. Culto à preguiça, ao sexo livre e ao consumo de bebidas. Dias e dias para comer, dormir, fofocar e transar. E no dia seguinte seguir a rotina: comer, dormir, fofocar e transar.
Dias e dias afastados de tudo que é humano. Relações animalescas. Os instintos acima da razão, os desejos usados como moeda de troca. Exibicionismo, também faz parte do cardápio. Bumbuns, silicones, peitos, nádegas, bíceps, barriguinhas, tatuagens, pernas e tudo mais que compõem o corpo dos humanos.
Reações fisiológicas, realizadas em conjunto, perda total da moral. Misturas de cheiros e suores, relações selvagens e nada humanas. Higiene? Nem pensar! É só dormir, trocar de par e descansar. Usar cremes e lavar a roupa suja, o corpo, esse é melhor deixar suar e a consciência para de funcionar no momento que o jogo começa.
Uma arena onde tudo vale para sair vencedor. Ao redor, um público ávido de selvageria e um domador, cuja função é instigar os aprisionados, a mostrar seu lado mau. Vencerá o pior caráter, o mais desumano, o mais traidor, o mais envolvente e capaz de persuadir o povão e, cumprir as regras do jogo da melhor, isto é, a pior forma possível.
Anos e anos, as situações se repetem, formando uma geração treinada para viver da pior forma possível, gastar seus dias comendo, bebendo, dormindo e transando.
Homens e mulheres, transformados em heróis ao avesso. Tratados como reis e rainhas. Vivendo nababescamente durante meses, sem nada produzir. Apenas lixo, suor e detritos, para os quais recebem apoio comercial e polpudas somas em dinheiro.
Entrevistas, fotos, capas de revista e sucesso obtido comendo, dormindo, bebendo e transando. Dias à beira da piscina, recebendo iguarias e grana.
Audiência? Dizem que é muito alta. Se for realmente grande, temo que estejamos em perigo. Aplaudir, os preguiçosos, os imprestáveis para a sociedade e os egocêntricos é um aviso de que a sociedade vai mal, muito mal. Todos nós vamos mal!
Como cantou Cazuza, ideologia eu quero uma pra viver!
Será essa a nova ideologia: comer, dormir, transar e fofocar?
Será assim a sociedade do futuro?
Ficar confinado ser filmado demonstrando o que de pior existe na alma humana?
Ideologia? Eu não quero essa para o meu viver!
Edison Borba

domingo, 23 de fevereiro de 2014

EMBRULHANDO PEIXE

Domingo, 23 de fevereiro.
                Mais um domingo entre tantos outros que já se passaram pela minha vida, acordar, tomar um cafezinho e ler os jornais. Nos finais de semana, os noticiários ficam mais “gordos”. Haja tempo para conseguir ler o primeiro caderno, o segundo caderno, o caderno de esportes, o de turismo, o de economia, os classificados, os encartes, as revistas, as colunas, o resumo das novelas e tantas outras informações, que precisaria ter um mês só de domingos para conseguir ler apenas um jornal.
                Normalmente eu começo pelas informações  sobre cinema, teatros, música e televisão. Depois vou ao horóscopo. Só tenho interesse pelo meu signo. Passo rapidinho pelas novelas  e bato um bolinha no setor de esportes.  Vejo alguns encartes, observo os preços e percebo o quanto faço de economia, não comprando nada, “nadica” de nada. Passeio pelo caderno de turismo: leio algumas crônicas e, só depois bem depois, chego aos noticiários políticos, deixando para o final as páginas policiais.
                Faço esse roteiro com a intenção de me preparar para o lado ruim dos noticiários. Vou aos poucos me esgueirando entre as notícias, buscando as amenidades para chegar atrasado, nas realidades. Páginas e páginas com notícias, informações, propaganda, anúncios, fotos, charges, sorrisos, lágrimas, mulheres lindas tentando a fama, homens famosos “caçando” as mulheres lindas. Separações, vendas de passes de jogadores, polpudas cifras que nem consigo imaginar – um milhão de reais. Colunas sociais divulgando encontros e festas no mundo da fantasia, onde a felicidade até existe, contrastando com fotos, onde uma tarja preta indica se tratar de um menor apanhado da Cracolândia.
                No setor de compras, fico na dúvida entre os Nike’s importados e os Adidas exclusivos. Decido adiar mais um pouco essa extravagância. Na página de gastronomia, descubro que a classe média russa, está se deliciando com fastfood. Agora já posso planejar minha viagem para Moscou. Manifestantes colocam fogo em prédios e veículos em Londres. Diante disso vou adiar minha viagem à Europa.
                Detenho-me lendo uma entrevista, chocante: famosas que fazem sucesso com seios naturais! O silicone parece que está sendo colocado em outras partes do corpo feminino. Na mesma página, importantes informações: cabeleireiro ensina lavar e secar cabelos oleosos corretamente, dietas restritivas podem fazer mal à saúde, dançar ajuda a pessoas com mal de Parkinson e já existem tênis que prometem fortalecer as panturrilhas, coxas e nádegas. Agora já me decidi em qual tênis investir minha grana.
                 Não consegui chegar ao caderno de política, mas creio que não existe nada de novo no Planalto. Ministra erra o nome da atriz na inauguração de teatro em Brasília, mas isso não é relevante. No próximo domingo, vou começar por cadernos de economia ou talvez de política, mas até lá esse vai servir apenas para embrulhar peixe.

Do Livro COMPLEXO DE VIÚVA E OUTRAS CRÔNICAS
Editora All Print / 2013 – EDISON BORBA

O SANTUÁRIO

         Uma criança perguntou-me onde ficava o santuário de Deus. Seguindo meus instintos respondi que era no céu. Apontei para cima e indiquei as nuvens como o lugar da morada do Senhor. Porém, o menino não se conformou com a resposta e insistiu na pergunta. Tentei buscar explicações falando das estrelas, da lua e dos astros, mas não o convenci.
O curioso garoto calou-se por um instante e voltou a questionar as minhas respostas. Ele queria uma informação mais consistente, algo que não estivesse tão longe. Pensei nas  igrejas sempre citadas como sendo a casa de Deus. Investi nesta resposta, contando para o curioso guri, que Deus habitava as igrejas, que Ele estava em todas elas, não importando qual religião. Deus não seguia nenhum grupo especificamente, Ele pertencia a todos.
Essa informação acalmou a criança, porém não a satisfez completamente, ele era questionador, era curioso e inteligente. Havia uma dúvida naquela cabecinha infantil, que o tornava um pesquisador mirim.
Calou-se por alguns minutos e voltou a questionar, perguntando: - “se Deus mora nas igrejas, por que as pessoas que as frequentam, brigam com outras de outras igrejas?”
Tentei escapar de falar das guerras religiosas, das contradições que existem entre os seguidores das diversas religiões e das contradições que durante anos, dividem Deus em vários segmentos, que em nada representam a sua verdadeira imagem, mas o garotinho insistia em suas perguntas.
Já ficando cansado de buscar tantas respostas, resolvi sentar-me junto ao menino e conversar sobre os ensinamentos de Deus. Busquei na memória, os dez mandamentos e usando palavras simples, falei de bondade, lealdade, amor, respeito, caridade e de tantos outros sentimentos que deveriam se transformar em ações. Expliquei que na escola, ele deveria ser gentil com os colegas, dividir a merenda, ser cuidadoso com as palavras e amar a todos os que estivessem ao seu redor. Comentei sobre os animais, que Deus fica feliz quando cuidamos dos animais e das plantas, e por fim falei da natureza. Fiz um discurso calmo usando palavras de fácil entendimento.
O menino ficou mudo por alguns instantes e a seguir falou: agora eu sei onde fica a casa de Deus. Sei onde ele mora e porque as pessoas dizem que ele está em todos os lugares. Eu fiquei feliz, ficaria livre de tantos questionamentos, e arrisquei perguntar: “- então me diga onde Ele mora?”
O garotinho, com um lindo sorriso de felicidade, afirmou com muita convicção: “Deus está em nossos corações!”
 Edison Borba

sábado, 22 de fevereiro de 2014

INFELIZMENTE ...

          Foi aplaudindo, que grande maioria da população brasileira recebeu a informação de que o Brasil seria a sede da Copa Mundial de Futebol. A forte campanha que antecedeu à escolha amorteceu a capacidade de perceber que o problema não estaria nos jogos, mas na grande armação que aconteceria a partir deste fatídico dia, 30 de outubro de 2010.

Uma fantástica campanha promocional anunciava que o futebol voltava para casa, após a grande derrota de 1950. Chegara finalmente a hora da vingança! Cada brasileiro sentiu-se um jogador e vestiu a camisa canarinho.

Iniciava-se naquele momento a orgia financeira.

Quando os organizadores do evento escolheu doze estados para sediar os jogos, já havia uma divisão de bens, sendo planejada. . A grande extensão territorial do país deu margem para uma enganosa democratização da festa. Nenhuma região deixaria de participar do grandioso espetáculo e todos os governadores teriam seus “ganhos”.

Provavelmente, o primeiro sentimento contrário à realização da Copa, veio da “distraída” boca do jogador, Ronaldo, ao falar impensadamente que os estádios eram mais importantes que os hospitais, com a  frase: “Não se faz copa do mundo com hospitais!”

Neste momento ficou claro, que morra o povo, mas salvemos o jogo!

Reações populares foram ouvidas em vários cantos do país, que passou a olhar com mais cuidado para as fortunas gastas  na construção das arenas.

Porém, em meio à pobreza e miséria, um a um, os majestosos estádios foram erguidos, com sangue e cimento.

A ganância dos empresários e políticos, sob o manto da FIFA, deu início, a um dos maiores escândalos financeiros do Brasil. Obras, adiadas, verbas recalculadas, prazos modificados, tudo acontecendo a céu aberto como numa grande partida entre o povo e poder. Os juízes exigindo um padrão FIFA, para as arenas mesmo que para isso a população fosse jogada aos leões. Os hospitais, como afirmou o famoso atleta, continuaram sangrando  as escolas emudecidas e o povo vagando sem rumo.

Como massa de manobra, a população, rendeu-se à intensa propaganda esgotando os ingressos, que foram comercializados a preços exorbitantes.

Mais uma comprovação, do que cantou Zé Ramalho:   

                         “Se tem água de chuva e luz do sol
                                          Pode ser o país do futebol
                                          Mas não é com certeza o meu país”

E novamente em outra de suas composições: 

     " Eh, ôô, vida de gado
                 Povo marcado, ê
                 Povo feliz
                 Eh, ôô, vida de gado
                 Povo marcado, ê
                 Povo feliz"

A força da mídia, continuou agindo, construindo obras de propaganda, muito bem direcionadas, para cada região do país, incluindo até o acarajé da Bahia, para derrotar as equipes de futebol, rivais ao Brasil.

As cidades que abrigarão as diversas comitivas estrangeiras têm seus egos alimentados e sentem-se honradas com este privilégio. Todos, ou quase todos os brasileiros, esqueceram os problemas socais e abraçaram o evento.

INFELIZMENTE, o problema não está na realização dos Jogos da Copa Mundial de Futebol.

INFELIZMENTE, o problema está no Brasil, mais especificamente nas mãos de alguns brasileiros, que fazem desta pátria uma oficina de prazer.

Por que doze arenas? Por que tantas suntuosas construções? Por que padrão FIFA? Por que tantas alterações nos calendários das obras? Por que alguns empresários são beneficiados? Por não aproveitar o que já existia? Por que não realizar os jogos no padrão brasileiro? Por que temos que ser obedientes à FIFA?

Estas e outras questões estão nos nossos pensamentos, e ainda existem outras,  muito sérias:

O que vai acontecer com estas arenas? Quem irá mantê-las? Qual o futuro destes “elefantes brancos”? Quem vai pagar por toda essa farra?

INFELIZMENTE, deixamos o joio crescer no meio do trigo e estamos embaraçados pelos cipós que nos amarram através de uma intensa lavagem cerebral, feita de forma excelente pela mídia. Os jogos irão acontecer!

Talvez seja a hora de seguirmos uma proposta de outro atleta brasileiro, que é considerado o atleta do século:

  “Pelé pede para brasileiros esquecerem a manifestação e apoiarem a seleção”

                                                     INFELIZMENTE ...

Edison Borba

 

AMIGOS DA UCRÂNIA

         Queridos amigos da Ucrânia, estou aqui na América do Sul, mais precisamente no Brasil. Geograficamente estamos muito distantes. Meu país é muito quente, com temperaturas acima de 40 graus no verão. Eu particularmente nunca vi a neve, que imagino ser linda e que cobre de branco a sua pátria. Para vocês também deve ser estranho eu, viver num país de altas temperaturas. Porém, apesar das diferenças geográficas e ecológicas, temos ideais e idéias semelhantes. Queremos viver numa terra livre e democraticamente justa para com o seu povo. Não aceitamos imposições  e violências governamentais. Os brasileiros também são da luta e buscam sempre viver numa pátria livre.
Através da imprensa tenho acompanhado o que está acontecendo com vocês. Não sou um bom conhecedor de política internacional, mas sei que povo é povo, não importa em que terras viva. Queremos justiça, trabalho e pão. Lutamos por educação e saúde e podermos caminhar pelas nossas ruas com o sentimento de segurança e liberdade.
         Acredito no diálogo como uma forma evoluída de comunicação entre os homens. Repudio qualquer forma de violência e terrorismo, entendo que os campos de batalha tão cruéis, já não deveriam fazer parte do processo de democratização de um país.
         Aqui da minha casa na cidade do Rio de Janeiro, penso em todos os que estão pagando com suas vidas pela intransigência humana. Apesar de estarmos no século vinte e um e sermos considerados Homo sapiens sapiens ainda usamos meios violentos para encontrar a paz.
         O mundo não pode tolerar que homens e mulheres morram apenas por querer mudanças em sua pátria. A comunidade internacional precisa urgentemente usar de todos os esforços para que o diálogo seja aberto e a paz encontrada na Ucrânia.
         O mundo viu e sofreu com muitas guerras e já deveríamos ter aprendido que a vida humana é muito preciosa para ser interrompida de forma brutal.
         Amigos ucranienses, sei que sou apenas um homem na multidão de bilhões de outros que habitam o planeta Terra, mas quero que saibam que a minha voz grita por Paz.

 Que a Ucrâniabandeira da Ucrânia

“Ainda não se aniquilou a Ucrânia, nem sua glória, nem sua liberdade,
Ainda para nós, irmãos ucranianos, sorrirá o destino.
Evaporar-se-ão nossos inimigos, como orvalho sob o sol,
Tornaremo-nos soberanos, irmãos, em nossa terra.
Alma e corpo doaremos pela nossa liberdade,
E mostraremos, que nós, irmãos, somos da estirpe dos Cossacos!”


E o Brasil

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte”

Países de nobres origens, possam cantar seus hinos e hastearem suas bandeiras, lado a lado, anunciando para o mundo que a paz é possível!

Edison Borba

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

FELIZ SOZINHO?

Tenho milhões de amigos
Cujos rostos não conheço
Recebo milhões de abraços
Mas sem nenhum  aconchego
Correspondo-me com o mundo
Sem sair da minha casa
Sou feliz e solitário
E às vezes solidário
Participo de campanhas
Sem saber quem ajudei
Apenas um botão apertando.
Vou me comunicando.
Meus sentimentos desaparecendo.
Meus sorrisos são figuras
Minhas lágrimas  pintura.
Raiva,  rancor e ódio, para tudo tem carinhas,
Mas nenhuma delas, minhas dores representa.
E  também as alegrias, dissabores e amores.
Ontem me olhei no espelho e vi um rostinho redondo
Que sorria para mim, amarelinho engraçado.
De susto quase morri!
Era eu?  Era eu! Era eu!
Sim, era eu ali no espelho pintado.
Perdi minhas emoções, minhas mãos são corações.
E meu passivo rosto,  já não possui contrações.
Virei boneco sem vida.
Não sei rir, não sei chorar, nem a língua esticar,
Para careta fazer, como menino levado,
Debochando dos amigos.
Sou refém do modernismo ou será do animismo?
Sou objeto abjeto, sem forma e sem valor.
Sou boneco amarelo ou até de outra cor.
Sou marionete,  feliz, sou alegre e sozinho.
Sou um homem atual
Vivo no  virtual
Tenho um milhão de amigos
Que nunca vou encontrar,
E não preciso abraçar!
                     

Edison Borba

                                      

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

BEBÊ NA PREFEITURA

        Com apenas dez meses de idade, um bebê assume a prefeitura da cidade de Guaramirim, em Santa Catarina. É o mais jovem prefeito do mundo. De seu berço, entre uma mamadeira e outra, o novo chefe da prefeitura, assinou como seu primeiro ato, a construção de mais creches em sua cidade.
Este ato, contou com o aplauso das mães trabalhadoras, que a partir de agora poderão exercer suas funções nas diversas oficinas e escritórios da cidade, sem preocupação com a segurança de seus filhos.
Já existe boato, que este novo prefeito terá uma brilhante carreira política, podendo até chegar ao planalto. Tendo como meta central do seu governo, mais verba para a construção de novas e modernas escolas, remodelação das que já existem e melhoria na qualidade da merenda. Esse novo líder, que  elegeu-se sem nenhuma coligação política, mostra-se capaz de revolucionar o governo através de atitudes corajosas.
Apesar de ser apenas um bebê, este brasileirinho, é um empreendedor corajoso e prefeito inovador.
  A cidade de Guaramirim, na região sul do Brasil, está servindo de exemplo para todo o país. Sob este novo governo, não há crianças fora da escola. Existem creches em todas as comunidades, os alunos são transportados em confortáveis ônibus, os professores recebem excelentes salários e a merenda é orientada por nutricionistas.
Há acompanhamento médico e dentário para toda a população “guaramirense”, que é considerada a  mais feliz do país.
Todos os brasileiros, esperam que este exemplo seja seguido por todos os municípios e capitais do Brasil para que o nosso país, a partir deste novo modelo de gestão, transforme-se na maior nação do  mundo.
 Sonhar não custa nada!
 MANCHETES DOS JORNAIS DE 20 / 02 / 2014.
INFELIZMENTE A REALIDADE É TRISTE E NOS CAUSA VERGONHA!
Mãe deixa filho na Prefeitura por falta de vaga em creche, em Guaramirim.
Mulher deixa bebê em gabinete de prefeito alegando falta de creche.
Revoltada com falta de vaga em creche, mãe deixa filho na prefeitura.
Não se trata de um fato isolado; em todo o Brasil, existe uma grande falta de creches e escolas. Mais de oito milhões de crianças estão fora das unidades de ensino, contrariando a constituição, que afirma que educação é um direito das famílias e um dever do estado.
Os discursos não conferem com a realidade!

Edison Borba

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

HOJE EU VOU MUDAR

Hoje eu vou mudar
De tragédias não vou mais falar
Não citarei brigas, passeatas  violência
Quero esquecer as balas perdidas
E pensar somente em vida
Imaginar verdes campos
Céu azul e brisa do mar
Hoje eu quero amar
Sonhar bem colorido
Não deixar  o estampido
Das armas me incomodar
Quero voar pelo infinito
Encontrar com meus amigos
Conversar sobre as flores
Suas cores e odores
Imaginar lindas músicas
Dançar,  dançar e dançar
Hoje eu quero ser livre
Do medo, me libertar.
Quero sair às ruas
Caminhar pelas calçadas
Sentir a brisa no rosto
E alegria no peito
Ser feliz e nada mais
Gozar da felicidade
De morar numa cidade
Segura  limpa e sem maldades
Alamedas de arvoredos
Que dão sombra e sossego
Para qualquer cidadão
Hoje eu quero apenas,
Ser mais um na multidão
De gente despreocupada
Que ama esta linda cidade
Que mesmo com tantos problemas
Ainda é maravilh.....

******
Poema terminado às pressas, devido à troca de tiros e ônibus incendiado conforme manchete:
VIOLÊNCIA-RIO: Ônibus é incendiado próximo à favela da zona oeste em 18 / 02 / 14.

“Um ônibus foi incendiado em um dos acessos à favela de Vila Kennedy, às margens da Avenida Brasil, em Bangu, na zona oeste do Rio.  O incêndio seria uma retaliação de traficantes de drogas.  Moradores contam que sete pessoas teriam morrido nos confrontos.

Edison Borba

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

NÃO, PAPAI, NÃO!

MANCHETES (saiu no jornal)
“VIZINHOS TENTARAM IMPEDIR PAI DE PULAR COM O FILHO  DO 13º ANDAR DE UM PRÉDIO EM OSASCO, SÃO PAULO”.
AOS PRANTOS, MENINO DE SEIS ANOS QUE  CAIU DO 13º ANDAR PEDIU PARA O PAI DESISTIR DE PULAR, DIZ A POLÍCIA”.
”PAI PULA DE SACADA DO 13º ANDAR COM FILHO NO COLO EM OSACO – SP”.
Reflexões:
O que faz um homem pular do 13º andar com o filho de seis anos no colo?
Brigou com a mulher, mãe do garoto e num ato de loucura morre e mata o filho de um amor que já havia morrido. Vingança?
Maldito amor que mata para deixar marcas, numa vida que fica sem o amor do filho e o que restou do amor do homem. Loucura?
Que amor é esse que destrói, corrói e assassina?
Que amor é esse que deixa sofrimento quando  morrendo, mata o fruto de uma relação de amor?
Não papai! Não papai! Não pule, não morra não me mate! Tente salvar o amor entre você e minha mãe. Pedido?
Matar o que de mais precioso foi produzido pelo amor. Não deixar vestígios daquilo que um dia foi alegria e paixão. Por  que?
Homem desnorteado, enlouquecido, perdido, lança seu corpo no ar e com o filho no colo mata a mulher de dor. Amor pelo filho?
Nada vai ficar de um amor que existiu algum dia, que gerou um filho, criou, acalentou e matou. Matou pelo amor que virou desamor?
 Um homem não mata, nem se mata. Não mata filho, não mata mãe, não mata companheira. Não mata a relação. Não mata por vingança. Não, não mata!
Homem zela, protege, ama, cuida, acalenta.
Homem  matou e se matou, levando com ele um filho.
Único filho!
Não pule papai! Não pule!
Edison Borba

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

IMPORTANDO O PRECONCEITO

           Além dos grandes problemas que o Brasil precisa resolver uma mulher australiana, que vive no país a cerca de cinco anos, exibiu publicamente a sua condição de racista e preconceituosa num salão de beleza no D.F.
Conforme informações exibidas nos noticiários, a cidadã da Austrália, já responde processos por direção e embriaguez.
Não sou um bom conhecedor de leis, principalmente quando as mesmas envolvem diferentes países e o processo migratório. Tomamos conhecimento de brasileiros que tiveram problemas quando em viagem ao exterior, muitas vezes sendo punidos por situações bem menos graves do que a exibição de preconceito racial e dirigir embriagado.
Em casos como este, seria aconselhável que a cidadã em questão fosse encaminhada à sua Terra Natal. Não podemos permitir  ações preconceituosas em nenhum nível, seja religioso, sexual, racial ou de qualquer outro tipo. Esses comportamentos, não cabem mais em nenhuma sociedade dita evoluída.
Permitir, sem punir, que ações preconceituosas sejam exibidas publicamente, é disseminar o bullying. Quando os fatos ocorrem longe dos olhos da sociedade, o crime, infelizmente, muitas vezes fica sem a devida punição.
Aconselhamos que a senhora volte ao seu país de origem. O Brasil não necessita deste tipo de indivíduo. Caso ela ainda não tenha conseguido a cidadania brasileira, estamos com um excelente motivo para não aceitá-la como cidadã.
Edison Borba

TERROR NA MADRUGADA

            Novamente o Rio de Janeiro enfrentou uma madrugada de violência. A comunidade da Rocinha  viveu momentos difíceis, que se refletiram na cidade, gerando problemas no túnel Zuzu Angel, e auto estrada Lagoa Barra. Na troca de tiros, entre bandidos e policiais, dois comandantes de UPPs ficaram feridos, numa demonstração que ainda existe uma forte resistência dos traficantes quanto à chegada das Unidades de Pacificação. Desde a implantação da primeira UPP, o que temos acompanhado é um ritmo diferente entre a ocupação e a pacificação. Batemos sempre na mesma tecla: pacificar inclui educar, atender as necessidades básicas da população, saneamento, creches e saúde pública de qualidade.  Somos repetitivos, e incansáveis no sentido de alertar, que o país precisa urgentemente rever suas ações políticas para com o povo. As desigualdades sociais ainda é um dos veículos de manutenção da criminalidade e da ação de traficantes. Discursos não enchem a barriga, não trazem a paz e a tranquilidade.
 
             Colocar soldados nas ruas, aumentar o número de tropas é apenas um paliativo, a ousadia dos bandidos está cada vez mais acentuada, na razão direta da incompetência dos administradores. A pobreza não é a raiz da violência, porém, as desigualdades fomentam o crescimento de grupos que se colocam na condição de protetores e mantenedores dos desvalidos, gerando como bola de neve a cultura de violência.
A madrugada violenta na Rocinha foi um sinal de alerta de que não basta instalar UPPs, é necessário muito mais do que colocar policiais de plantão, prontos para a luta, sem semear e plantar as verdadeiras árvores da paz. 
Edison Borba
 

 

sábado, 15 de fevereiro de 2014

PAPUDA

Papo bolsa existente nas aves, formada por uma dilatação do esôfago, e onde os alimentos ficam algum tempo antes de passarem à moela, ou alargamento do pescoço de pessoas portadoras de problemas na tireoide.
Papuda, mulher que sofre de bócio, isto é, apresenta uma dilatação no pescoço semelhante a um papo, desenvolvido a partir de desequilíbrios tiroideanos.

Papuda, penitenciária construída na capital do Brasil. Local aprazível, onde políticos desajustados,  são internados, sem perder as regalias e boa vida a que estão acostumados. Exemplo: os “mensaleiros”, isto é, líderes políticos que mamaram nas tetas do país, sugando o leite do povo.
Papuda nos noticiários. Constantemente, este complexo penitenciário ocupa as páginas dos jornais do país, com notícias interessantes, como:
>condenados do “mensalão” já estão recolhidos no Presídio da Papuda.
>juiz suspende visitas fora de horário na Papuda.
>o primeiro dia dos condenados do “mensalão” na Penitenciária da Papuda, em Brasília, acabou literalmente em pizza.
>juiz determina fim de privilégios aos  presos na Papuda.
>a Justiça do Distrito Federal determinou que os condenados do “mensalão” recebam, no presídio da Papuda o mesmo tratamento dos demais detentos.
>OAB constata superlotação e falta de agentes no presídio da Papuda.
>nove réus condenados pelo escândalo do “mensalão” foram levados para a penitenciária da Papuda.
>militantes políticos ficam acampados em frente ao prédio do presídio da Papuda.
>o Governador do DF, visitou o presídio da Papuda, aparentemente para averiguar as instalações e acomodações dos sentenciados do “mensalão”.
Informações úteis: o Complexo Penitenciário da Papuda,  formado por cinco presídios, foi inaugurado em 1979. O nome “Papuda,  refere-se à antiga fazenda, onde vivia uma mulher portadora de uma deformidade, provavelmente, ocasionada pelo bócio
            Para descansar  neste aprazível lugar, é importante  apresentar um bom currículo. É necessário ter aliados influentes, secretárias elegantes, possuir laranjas, ser bom orador e gesticular durante suas falas. Ser político, pertencente ou não à bancada do governo que estiver no poder, durante a sua possível prisão. Apresentar atestado médico, e algumas vezes chorar diante das câmeras da televisão. Ter uma boa quantia separada em “cash” para pagar aos militantes que deverão fazer protesto, passeata e acampar diante do presídio, lutando pela causa do companheiro detido. Ter conta em um país estrangeiro e se mostrar indignado com a traição do “poder”. E acima de tudo, ter feito curso intensivo para transformar-se num grande cara de pau, capaz de mobilizar comparsas, para arrecadar dinheiro para a sua soltura.
            Apesar de todos estes requisitos, terá que entrar na fila, pois existe um grande número de candidatos  esperando que a sociedade eticamente esclarecida, encontre-os e os encaminhem para as devidas averiguações.
            Em virtude da grande demanda o governo já está pensando em aumentar o número de vagas na Papuda, construindo mais alguns prédios.
Edison Borba
 

 

 

.