quarta-feira, 30 de julho de 2014

O TRISTE FIM DA GRANDE FAMÍLIA

           Após muitos anos em cartaz a “Grande Família” se despede de forma trágica. A série que encantou a todos durante muitos anos, contando as aventuras de uma família classe média brasileira, está saindo do ar de forma triste.
Lineu, dona Nené, Bebel, Tuco e Agostinho formavam a família mais amada do Brasil. Através de histórias simples, a relação destes personagens era um doce para todos os paladares televisivos. A eles se juntavam Marilda: a cabeleireira, Paulão: o mecânico, Beiçola: o dono da pastelaria e Gina: a namorada do Tuco. Toda essa “gente” garantia boas risadas e muitas reflexões sobre as relações familiares. Talvez, o tempo tenha desgastado os autores, que optaram por abordagem mais realista da família, que existia no imaginário popular.
Os últimos capítulos transformaram-se em novelão dramático com separações, humilhações e sem a pitada de alegria que era o grande mote da série. É triste darmos conta que a família do Lineu esta se dissolvendo de forma constrangedora.
Termina uma série e com ela os sonhos de que um dia existiu uma dona Nené, perfeita dona de casa. Mulher inteligente, capaz de manter unida uma família com todas as suas diferenças. Agostinho, o genro engraçado deu lugar a um homem amargo e vingativo. Sua relação com a esposa Bebel,  passou do cômico para o trágico.
Saudades dos primeiros episódios exibidos nos anos setenta, com um incrível grupo de atores e atrizes liderados por Eloisa Mafalda e Jorge Dória, os responsáveis pela alegria que contava com o vovô Brandão Filho.
Marieta Severo e Marco Nanini, também deixarão saudade. Eles, seus filhos e vizinhos foram responsáveis por boas risadas com as histórias da família, que vivia driblando as dificuldades de forma alegre e feliz, sempre deixando para os fãs, mensagens de otimismo.
Edison Borba

SEPULCRO

Sobre a minha cabeça escuridão sufocante
Estranhos ruídos ouço, sem poder movimentar-me

Sinto meu corpo sendo corroído lentamente
Vermes, começam a se banquetear

Como cristão, cumpro a sentença de ser apenas pó
Um resquício de consciência me faz lembrar quem fui

Homem elegante, gravatas e camisas de seda
Parido em berço de ouro, criado em vastos salões

Amante das artes, amado por artistas
Respeitado por religiosos para os quais nunca faltou ajuda

Por Deus temente, apenas pelos bens materiais
Amor nunca fez parte de minha vida,

Supérflua questão, que domina os fracos
Assim vivi. Assim convivi.

Fui vencedor. Homem de estrela. Dominador.
Conquistar e preservar. Não dividir. Aproveitar.

Metas traçadas para o bem viver
De viver bem, entre vinhos e delícias

Amantes descartáveis. Juras compradas.
Risos. Festas. Amigos bem remunerados.

Uma dor forte. Lancinante atingiu o coração.
Escuridão!

Aqui estou deitado sobre almofadas apodrecidas
Acompanhado por vermes que saciam sua fome

Ainda tento ser um ser dentro do sepulcro
Sei que a viagem terminou

Apenas uma lápide, informa quem eu fui e não quem eu sou!

Edison Borba

 

 

 

 

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A SOMBRA DA MORTE

       Todos os dias os noticiários apresentam através de material jornalístico a situação dos hospitais no Brasil. Este tipo de notícia não causa mais impacto na população. De tanto conviver com a sombra da morte hospitalar, já nos acostumamos a ver pacientes deitados no chão dos corredores, falta de médicos, higiene precária, doentes aguardando dias nas filas de espera, consultas marcadas numa escala de meses. Pessoas sendo tratadas como animais fazem parte da loucura que se apossou  dos hospitais públicos brasileiros. Os profissionais da saúde obrigados a trabalhar em circunstâncias de guerra. O número de pacientes que procuram atendimento médico diariamente na rede pública hospitalar no Brasil equivale aos atendidos nos conflitos em diversos países pelo mundo.       Vivemos uma guerra urbana!
Os telejornais do dia 29 de julho de 2014 mostraram uma médica descontrolada agredindo um paciente e se negando a atender uma mulher trazida pelos soldados bombeiros. Apesar da cena chocante, em que a morte protagonizou a história, a doutora desabafou: “estou sozinha para atender a mais de trinta pacientes”.
Será que esta situação, poderá justificar o desequilíbrio da profissional? Acredito ser estressante alguém ser responsável pelo atendimento de tamanho número de doentes.
De norte a sul do Brasil, as cenas se repetem e absolutamente nada é feito para minorar a situação. O projeto “mais médicos” não solucionou um problema crônico e nem curou as mazelas da saúde dos hospitais públicos no Brasil. Quem pode  paga alto pelos planos de saúde, quem não possui condições financeiras para arcar com este ônus, terá que se contentar em viver a sombra da morte.
Edison Borba

terça-feira, 29 de julho de 2014

ACORDARES

Vagarosamente abro os olhos!
Ainda estou vivo. Meu corpo, aos poucos, vai conectando-se com o mundo.

Lentamente...Calmamente ...
Meus olhos são os primeiros a funcionar.

Arrisco-me a movimentar braços e pernas.
Bem  sutilmente  para não “espantar”  a vida.

Aos setenta, é preciso cuidado ao “acordares”.
Vivemos suspensos por um tênue fio, que mais parece uma linha de costura.

É preciso saber usá-la, tendo a agulha como sua mestra, que a conduzirá unindo
Os  sinais de  vida;  alinhavando tudo numa história, nossa história.

Aqui no meu quarto, solitário, penso que já nasci assim, com setenta.
Meus filhos e netos desconhecem como fui,

Para eles sou cabelos brancos, pele enrugada, andar vagaroso.
Volto a fixar meu pensamento em meu corpo, que ainda  está “seminerte”

Continuo sobre a cama, como num ensaio para meu próximo e definitivo leito.
Sinto  meu coração pulsando lentamente,  contando seus movimentos:
sístole ... diástole... sístole ... diástole ... sístole ... diástole ...

Um de cada vez. Cuidadosamente,  sem pressa.
Aos poucos, meus sentidos vão sinalizando que ainda há vida para ser vivida,  Saboreada pelos olhos e alimentada por sons que provocam em mim sensações agradáveis  na flácida, mas sensível epiderme.

Ouço vozes no corredor da casa, percebo que já estão providenciando café.
O cheiro delicioso desse elixir encantado leva-me a infância e lembro irmãos, pai, mãe e avô.

Família! Alegre e despreocupada. Saudade ... sinto... saudade!
Aos setenta, a saudade alimenta a alma.

Será que sou um dos  irmãos reunidos em torno da mesa? Cinco meninos disputam um pedaço do pão. Eu sou um deles!
Será que sou o avô? Num momento, sou passado e presente.

Tudo faz muito tempo! Não consigo ME distinguir.
Tento conversar com um dos garotos, aquele que mais aparece em meus sonhos, o mais traquinas. Ele foge;  sai em desabalada carreira rumo ao quintal da casa.

Meu acordar é cheio de lembranças. Continuo sonolento ou com um lento sono.
Aos setenta, cochilos e sonolência alternam-se, vive-se imerso numa preguiça de viver.

Já estou quase acordado! Meu corpo, por inteiro  acusa sinais de vida.
Movimento-me sobre a cama e aos poucos escorrego pelo lençol.

Sento-me e sinto-me  vivo!
Ouço passos no corredor. A porta do quarto abre-se vagarosamente.

Uma tênue luz invade o cômodo, que ao se iluminar, permite-me ver meu neto.
Linda imagem que me  faz agradecer  por ter conseguido mais uma vez acordar!

Edison Borba

segunda-feira, 28 de julho de 2014

REFLEXÕES EDUCACIONAIS (Evolução das Ideias)

Quando Leonardo da Vince apresentava suas ideias inovadoras, como o paraquedas, tanque de guerra e um tipo de robô, ele era tido como louco. Suas invenções estavam além da imaginação dos homens de seu tempo. Foi necessário que a história, em sua trajetória, pudesse comprovar que Leonardo era um sonhador, capaz de visualizar um mundo novo com capacidade de absorver o que em seu século era visto como absurdos. Até hoje, muitas vezes temos medo de divulgar nossos pensamentos, com medo do ridículo ou de sermos vistos como loucos. Há algum tempo, os filmes se encarregavam de mostrar através da ficção o que hoje é realidade. O futurismo é hoje, e algumas dessas ideias inovadoras, que trouxeram para o mundo mais conforto e melhorias nas condições de vida tornaram-se realidades, através de empreendedores que apostaram nas “loucuras” humanas:
>o carro sem motorista, tecnologia patenteada pelo Google; >eletricidade sem fio, pela empresa Powermat; >leitura da mente pela IBM; >base de dados na lua, pela NASA; >carne artificial, criada por cientistas Holandeses; >carros voadores, da empresa norte-americana Terrafugia; >os assistentes ROBÓTICOS, criados pelo Instituto Tecnológico da Georgia, EUA; >o elevador espacial, pela empresa japonesa Obayashi Corp.
Se você tem uma ideia inovadora e quer mostrá-la para o mundo, aceite um dos desafios do PINCE e venha participar do PRÊMIO PINCE 2014. Pense, invente e apresente uma nova ideia para a moda, nutrição, comunicação, meio ambiente, transporte, robótica, esporte ou qualquer área que seja do seu interesse. O futuro é agora! Participe do presente futurista e tire a sua ideia da gaveta! Equipe PINCE – Edison Borba

domingo, 20 de julho de 2014

OBRIGADO!

      Hoje, 20 de julho, acordei  com um propósito: escrever um texto ou um poema no qual eu pudesse descrever todo o carinho que tenho pelos meus amigos.
Iniciei um texto no qual  expressava minha gratidão por todos aqueles que fazem parte da minha vida. Nos momentos felizes eles chegam para aumentar a minha felicidade, mas nas horas difíceis também são eles que me oferecem o ombro amigo.
Comecei um poema enaltecendo as qualidades de um bom amigo. Tentei rimar amizade com felicidade e imortalidade. Porém, percebi, que por mais que procurasse palavras não conseguia expressar a minha gratidão por pessoas que gostam de mim incondicionalmente.
Em momentos em que a minha vida não está muito equilibrada, chego a questionar, a amizade destes “loucos” que teimam em me carregar no colo. O que dizer para esses seres humanos, tão humanos que oferecem suas vidas sem nada pedir em troca.
Recorri a letras de músicas, poemas de grandes escritores, e após de tantas buscas, nada encontrei que pudesse expressar meu agradecimento, só sei dizer OBRIGADO!
Edison Borba

quarta-feira, 16 de julho de 2014

RELEXÕES EDUCACIONAIS (Geração "nem nem")

O Brasil  possui cerca de 25% de jovens da geração” nem nem”, isto é, não trabalham e não estudam. Este é um número considerável de cérebros que se perdem num labirinto perigoso, cuja saída nem sempre é a melhor para a sociedade. A origem do surgimento deste grupo tem diversos segmentos, como: abandono escolar, que por sua vez também possui vários motivos. A necessidade de trabalhar para cooperar com a subsistência familiar, a falta de interesse para com o conteúdo escolar, a desmotivação em frequentar escolas entre outros. Um país como o Brasil, que tem lutado para ocupar melhores posições econômicas mundiais, essa geração “nem nem” é um grande desafio para empresários e educadores. Como sonhar com uma nação de empreendedores, tendo que conviver com este tipo de situação. É de máxima urgência que se faça uma revisão nas propostas educacionais, para que o número de “nem nem”, não venha a crescer mais. Precisamos de uma educação desafiadora, para os gestores, professores e alunos. Precisamos de empresas desafiadoras para empresários e funcionários. Desafiar, no sentido de incentivar a criatividade. Trabalhar sem mordaças, estudar sem amarras, porém respeitando os códigos de ética que nunca devem deixar de ser observados, porém, dando a liberdade para que os novos pensamentos possam vir à tona sem medo. A “pátria de chuteiras” tem um grande desafio a vencer. É  hora de buscar ações como: programas educacionais, projetos sociais, maior envolvimento empresa escola, capacitação de professores, adequação do espaço escolar entre outras medidas. Caso contrário, estaremos sempre ocupando os últimos lugares no patamar mundial da educação e consequentemente de tudo que dela depende, como o empreendedorismo e a inovação.
Edison Borba

segunda-feira, 14 de julho de 2014

REFLEXÕES EDUCACIONAIS (Futebol / Aprendizagem)

O dia 8 de julho marcou um grande encontro, entre duas escolas esportivas: Escola Alemã x Escola Brasileira. Ambas disputando o troféu de melhor seleção do mundo. Deste jogo, podemos destacar algumas observações, que podem servir para o processo de ensino aprendizagem ou de treinamento de pessoal em empresas.

Os métodos adotados pelas duas escolas foram bem diferentes e podem ajudar-nos a algumas reflexões – Escola Alemã:
>adotou o estilo sério de trabalho, isto é, cada jogo é um jogo a meta final é a taça, portanto nada de colocar o emocional acima do profissional, criando auras de sucesso antecipado. Jogo é trabalho e  as atividades devem ser encaradas com bastante seriedade. Concentração não é festa e sim espaço para trabalhar.
>estudar, analisar, planejar faz parte do trabalho dos jogadores.
>seleção não é família, e sim grupo operativo, que se reúne temporariamente  para atingir uma determinada meta.
>cada partida é um desafio a ser vencido, portanto cada equipe rival é diferente e precisa ser analisada, estudada e trabalhada para evitar o elemento surpresa.
>trabalho de grupo tem que ter tarefas definidas e um líder não pode ser um ídolo.
Quanto a Escola Brasileira, as atitudes foram inversa a da Escola Alemã e o grupo “família” saiu de campo desestruturado e vencido. Optando pelo emocional acima do profissional. De ídolo no lugar de líder. De sucesso antecipado substituindo o trabalho sério a escola brasileira se curvou ao exemplar trabalho dos alemães.
Todas estas observações podem ser aplicadas fora dos campos de futebol, como:  não se pode confundir escola e empresa com casa e lar. Patrão não é pai, professora não é tia. Colegas não são irmãos. O ambiente escolar e profissional, por mais acessível que sejam eles não podem ser confundidos com espaço recreativo.
Aprender é tarefa constante. Cada dia é um desafio a ser vencido. Cada proposta tem que ser analisada, tarefas divididas e lideranças capazes de agregar.
A Escola Alemã chegou ao final do torneio conquistando a Taça de Campeão Mundial, uma conquista que começou muito antes do jogo final. Assim deve ser no processo educativo escolar e empresarial: estudar, planejar, trabalhar, ter metas, buscar estratégias, trabalhar em conjunto – todos (juntos) atuando em torno da busca de solução para o desafio. A escola Alemã demonstrou que improvisar sem planejar é um grave risco para a obtenção do produto final.
Edison Borba
 
 

FIM DE FESTA

          Terminou a Copa do Mundo de Futebol, é hora de voltar para casa, assumir as responsabilidades e enfrentar os desafios de cada dia. Vencedores e vencidos, alegrias e tristezas, serão guardados num baú de lembranças que um dia se transformarão em saudade.
É hora de fazer um balanço do que foi positivo e tentar não repetir aquilo que consideramos negativo. Os sentimentos ficarão em cada um de nós, como os gols marcados pelos astros da bola.
A vida segue, nesta segunda – feira de ressaca, nossa cabeça ainda está “mareada” e as imagens ainda não estão completamente nítidas. Por alguns dias sofreremos da síndrome de abstinência, sentiremos falta dos turistas, da algazarra nos bares, dos diversos idiomas que transformaram nossa cidade em uma confusa Babel, dos jornalistas e comentaristas que mantinham nossas vidas repletas de informações futebolísticas.
Aos poucos, estas imagens irão se diluindo. A sobrevivência empurra-nos para frente, não podemos nos dar o luxo de grandes devaneios.
Sobrevivência! Viver “sobre” as sérias situações que envolvem nosso país!
Ganhar a vida! Trabalhar! Lutar!
As fotos ficarão como documentos de um período que temporariamente e ilusoriamente afastou de nossos lares, o medo e as preocupações.
O país que fez a festa, volta à sua rotina. O povo apertado nas ruas e nas conduções segue rumo ao trabalho. Há muito a  fazer!
Temos que preparar a casa para uma nova festa em 2016. Até lá, seguimos com a esperança de que algum dia todos os nossos dias, possam ser felizes e comemorados como um gol de placa, marcado a favor de nossa seleção.  
Edison Borba

sábado, 12 de julho de 2014

REFLEXÕES EDUCACIONAIS (Vivendo e Aprendendo)

A população da grande São Paulo, tem diminuído o consumo de água potável.  A grande seca que afeta as represas que abastecem a cidade, fez com que grande parte dos habitantes buscasse alternativas para diminuir o consumo de água. Condomínios estão captando água da chuva através da adoção de canais colocados nos telhados. Donas de casa estão lavando as louças e roupas utilizando menos água. Em muitos lares, as famílias se reuniram para, em conjunto, encontrarem novos caminhos, que os levassem a maior economia de água. Os resultados vieram nas contas, com custos bem menores e na reserva do potencial aquífero. Enquanto o problema de abastecimento foi tratado apenas como hipótese, as campanhas para o uso consciente da água, não trouxe o efeito necessário, porém, quando a situação tornou-se realidade e o desafio concreto, a inércia deu lugar à criatividade e ações para a preservação do manancial de água começaram a surgir. Este é um bom exemplo, de que educação se faz através de exemplos de situações reais, que possam levar à reflexão e ação. Seja nos lares, nas escolas ou nas empresas, se faz necessário, que constantemente, os participantes dos grupos, sejam colocados frente a frente com situações reais, que os desafiem a buscar novos caminhos, que possam ajudar a resolver antigos problemas. A Equipe do Programa Inovar Para Crescer nas Escolas (PINCE), desafia empresas e escolas a buscarem novas alternativas para tornar o nosso Planeta cada vez mais sustentável.
Edison Borba

PLANTAR E COLHER

           A  sabedoria popular, é algo que não pode ser desprezado. Existem ditados que possuem grandes verdades, como:
          “plantamos o que colhemos” e “não solte fogos antes da festa”.
O dia 8 de julho de 2014 ficará na história esportiva mundial, como o dia em que um país chorou, por plantar como treinador de uma seleção de futebol, um homem voluntarioso,  incapaz de  ouvir opiniões e acatar sugestões. Suas observações otimistas em excesso, levou  toda nação a soltar foguetes antes da festa terminar.
         O Brasil já se considerava dono da copa  ostentando o título de hexacampeão mundial de futebol. Os jogadores, contaminados pelo seu mentor / treinador, já se achavam os donos do mundo. A maioria esqueceu que a função deles, jogar futebol, deveria ser levada a sério. O excesso de estrelismo, as poses para fotos, as namoradas, os penteados foram levados mais a sério do que o compromisso em jogar futebol. Grandes salários, altos patrocinadores, transformaram a seleção brasileira de futebol numa vitrine.
Diante de tanto deslumbramento,  a tarefa, jogar bola, foi esquecida. Treinamentos negligenciados. A cada dia os jogadores ganhavam espaço na mídia, não como atletas, mas como garotos propaganda de um sem número de produtos.
A situação era tal, que muitos imaginavam que a Copa seria Brasileira. Uma dúvida pairava sobre a seriedade do evento. O Brasil teria realmente “comprado” o Caneco?
A displicência  dos jogadores e a postura do técnico, reforçavam esta terrível hipótese.
A seleção do Brasil, chorava, fazia “caras e bocas” e orava após as partidas transformando cada jogo num grande teatro.
A imprensa em quase totalidade embarcou na festa: a copa é nossa! Esta é a maior Copa do Mundo! Nunca um evento foi realizado com tanta alegria e festa!
A situação emocional festiva, dominou toda a nação  que acabou esquecendo os desmandos financeiros que aconteceram na construção das arenas e mergulhou na festança.
Felizmente surgiu um grupo alemão que desde que aqui chegou, encarou com profissionalismo sério o fato de competir.
Silenciosos, sérios, profissionais competentes e trabalhando pesado, deram uma  lição para todos nós brasileiros: humildade, seriedade, profissionalismo são excelentes posturas. Obrigado à seleção Alemã de futebol, que de maneira ética calou a loucura verde amarelo que se apossou de todo o país.
Edison Borba
 

domingo, 6 de julho de 2014

FRATERNIDADE CONJUGAL

          Ao receber um convite para a festa de Bodas de Ouro de um casal de amigos, fiquei refletindo sobre a fórmula “conseguida”  para se manterem juntos por tanto tempo e ainda haver harmonia e felicidade para comemorar a data do casamento.
Durante a cerimônia, ficou claro que entre os dois havia amor não só fraternal, mas um amor de homem e mulher, onde os olhos deixam perceber que ainda existe desejo.
Fiquei observando-os durante toda a festa, e pude perceber o quanto os dois se completavam. Saltava aos olhos uma grande aura afetiva envolvendo não só o casal, mas toda a família que eles geraram.
Vivendo numa sociedade erotizada, onde os casais permanecem juntos enquanto o sexo é  a fonte que os une, é surpreendente encontrarmos pessoas que conseguiram manter a sociedade conjugal além da relação corporal.
Como conseguiram manter a relação nos dias mais complicados, onde as questões financeiras, familiares e sociais entram pela porta da frente das nossas casas?
Como foi lidar com as mudanças físicas e fisiológicas que fazem parte da trajetória da vida humana?
Como foi manter o desejo de ficar junto nos finais de semana e nos prolongados dias de feriado?
Estas e outras questões se acumularam em minha cabeça, mas não tive coragem de perguntar, preferindo manter envolvido em mistério aquela linda relação.
Acostumado a acompanhar pelas revistas e jornais o eterno troca troca de casais, a corrida às clínicas de beleza em busca de botox e outros artifícios, preferi continuar a minha reflexão.
Ao cumprimentar os “noivos” na saída do salão de festas, fui direto para uma banca de jornal em busca de notícias sobre as novas separações conjugais. Minha mórbida curiosidade foi satisfeita, ao ler na manchete principal, que um lindo casal, desses que fazem propaganda de margarina, estava se separando. Ela já havia encontrado um novo amor e ele partiria para uma viagem a Europa em busca de uma nova parceira.
Respirei profundamente e pensei na dificuldade que ainda temos de fraternizar as relações conjugais!
Quando receberei outro convite para mais uma festa de Bodas de Ouro?
Edison Borba

sábado, 5 de julho de 2014

A COLUNA DO NEYMAR

          A palavra coluna possui diversos significados, porém um dos mais comuns é correlacionar coluna com pilar, isto é, algo que existe para sustentar, segurar dar firmeza.  

Os monumentais templos da antiga Roma e Grécia foram construídos tendo fortes colunas como sustentadores dos edifícios. Os terremotos que destruíram várias cidades não conseguiram derrubar as colunas, que se mantiveram firmes em pé sobre os destroços.
Em outras situações, que não envolvem engenharia e arquitetura, as colunas também são vistas como centros de segurança ou de atenção para determinada situação.
Em se tratando do ser humano, a coluna vertebral é a grande responsável pelo equilíbrio, postura e sustentação de toda a estrutura do corpo. Uma superposição de ossículos empilhados uns sobre  outros, as vértebras, constituem a coluna vertebral humana. Ela mantém a postura, protege todo o conjunto de nervos que nos permite realizar todas as funções vitais.
Durante a realização dos Jogos da Copa do Mundo de Futebol, o atleta Neymar, funcionou como uma coluna de sustentação de toda a equipe brasileira. De forma sutil e constante, a coluna deste jogador foi sobrecarregada. A imprensa encarregou-se de reforçar a responsabilidade que o jovem rapaz exercia em campo. As demais colunas dos outros jogadores, não foram adequadamente usadas para distribuir e suportar o peso de vencer o torneio. A cada dia, a cada jogo mais e mais peso foi colocado sobre os ombros do garoto Neymar. A torcida, os admiradores e namoradas também se encarregaram de aumentar a pressão sobre o atleta.
Engenheiros e arquitetos, desde os tempos antigos, sabem que por mais resistente que seja uma coluna de sustentação, ela não irá suportar um peso além de suas condições. Caso se coloque mais sobre menos, haverá desabamento.
O papel do jogador  Zuñiga, foi apenas de fazer desabar uma construção que já estava sobrecarregada.
Infelizmente, coube ao colombiano promover o terremoto que fez desabar toda a seleção de futebol brasileiro. A terceira vértebra lombar da coluna do atleta, não resistiu ao joelho de uma forte construção da Colômbia. Ao atingir o jogador canarinho, e fazê-lo desabar sobre o gramado, ele também promoveu um terremoto na nação brasileira.
Que o acidente com nosso atleta, possa servir de exemplo: um templo não é construído apenas com uma coluna. São necessárias várias, para que o edifício seja mantido em pé.
Não foi apenas o joelho do Zuñiga que derrubou Neymar, mas a grande responsabilidade que colocaram sobre os ombros do menino. Houve excesso de cobrança velada, através da FIFA,  patrocinadores, imprensa, técnicos, torcedores e todos que de forma indireta cobraram dele um desempenho difícil de ser suportado por uma única coluna vertebral.
Saúde para o menino Neymar, que sua coluna seja restabelecida e ele possa sair deste problema, mais adulto capaz de saber discernir, quem realmente torce por sua carreira.
Edison Borba
 

quarta-feira, 2 de julho de 2014

A LÁGRIMA.


A LÁGRIMA

Estou deitado no chão, mas não estou dormindo. Mergulhado num estado de torpor físico e mental, flutuo no mundo alucinógeno das drogas. Sonho com minha mãe na janela acenando para mim. Corro por um jardim, escondendo-me atrás de árvores, tentando fugir ao seu atento olhar.

 

“Um dia, estimulado por um amigo, absorvi uma pequena porção mágica que me encantou. Naquele momento descobri um mundo novo, encantado e colorido.

Igual a Alice, conheci o País das Maravilhas. Montei num cavalo alado, com asas de cristal que cintilavam sob o brilho do sol. Colhi morangos, amoras e rolei sobre o verde gramado abraçado em meu cachorro. Viajei até a montanha das neves eternas. Fui esquimó, deslizando em um trenó, puxado pelas renas do Natal. Uma viagem incrível, diferente e bem longe do mundo onde sempre vivi. Pela primeira vez, senti-me liberto, sem ninguém para dizer-me: não pode! Não deve! Não é permitido!

Senti-me livre, completamente livre! Naveguei num barquinho de papel,  descendo pelas águas turbulentas de um rio.

Fui  herói! Invencível! Poderoso!

Os adultos não entendem o quanto os jovens precisam de liberdade. Voar bem alto, além das nuvens, sem nenhum receio”.

 

Estou pairando sobre a minha cidade, voo entre os edifícios, faço cambalhotas, subo pelas paredes, sou o Homem Aranha.

Nada me impede de fazer o que quero. Não sinto vergonha e nem tenho que pedir desculpas, estou livre, completamente livre!

Sou um colibri, voando entre as flores de um lindo jardim. Sou coelho e caçador. Sou o que quero ser. Não tenho amarras e nunca mais serei prisioneiro das regras sociais. Deixei de ser “careta”, estou numa boa, na moda do brilho que me encantou e levou-me para este lindo mundo onde estou agora.

 

Meu corpo treme e o suor escorre pelo meu rosto. Meus pensamentos estão confusos e uma nuvem negra paira sobre a minha cabeça.

Vejo minha mãe acenando para mim. Ela está debruçada na janela de nossa casa. Tento alcançar a sua mão, mas não consigo. Estou sufocando. O “admirável mundo novo” se esvaziou. Estou sozinho. Minha visão é confusa. Já não consigo distinguir as imagens que dançam ao meu redor. Meu corpo está queimando. Não consigo respirar. Estou desesperado e tento gritar. Minha voz está presa em minha garganta. Sufoco!

Quero brincar no jardim de minha casa. Preciso dos meus amigos. Sinto falta da escola.

Vejo minha mãe suplicando para eu voltar. Estou tentando, mas não consigo. A mágica viagem transformou-se em pesadelo. Tento afastar de meus pensamentos, imagens aterrorizantes. Meu corpo está cada vez mais impregnado pelo brilho que ingeri. Estou me perdendo entre sombras que dançam ao meu redor. Aos poucos caminho em direção a uma penumbra. Sinto a droga circulando em meu sangue.  Já não tenho nenhuma dor. Aos poucos minha excitação diminui. Meu corpo parou de tremer. Estou calmo. Estou dormindo. Coberto por um véu negro,  consigo ver no rosto de minha mãe uma furtiva lágrima.

 Edison Borba